Capítulo Dois

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Otávio

— Mãe, venha até aqui. Temos uma surpresa. — digo ao chegar em casa.

— Estou indo, querido. — disse ela, indo em direção à cozinha.

— Surpresa, meu amor! — exclamou meu padrasto, que aprendi a chamar de pai.

— Ah, meus amores! Não precisava! — a mesma agradece, nos dando um abraço.

— Tavinho, com isso eu quero te ensinar que não importa o momento, não importa a circunstância. O dia em que tiver uma mulher, faça-a se sentir amada todos os dias. Não espere por uma data comemorativa, pois todos os dias são especiais e devem ser comemorados. Quando Deus nos presenteia com uma bênção, temos que cuidar e zelar por ela todos os dias. Entende, filho?

— Sim, pai. — sorrio enquanto os dois se abraçam forte.

Quando eu era criança, meu pai biológico agredia minha mãe. Com palavras, com tapas, socos… Meu pai bebia muito, também traía a minha mãe. Ele não era cristão, e nessa época foi quando minha mãe começou a frequentar a igreja. Ele não aceitava. Muitas vezes nos deixava trancados no quarto e saía para beber. Ficávamos horas sem comer, pois ele sempre levava a chave do quarto (que trancava pelo lado de fora também). Era horrível. Quando minha mãe decidiu se divorciar, eu fiquei muito confuso, tinha apenas oito anos. Desde então, prometi a mim mesmo que jamais iria tratar uma mulher da mesma forma que meu pai tratava a minha mãe.

Alguns anos depois, mamãe conheceu meu padrasto, que é cristão também. Ele é a bênção que Deus a presenteou. Nunca encostou um dedo nela para bater, me criou debaixo dos ensinamentos de Deus, auxiliou minha mãe na fé e há oito anos, todos os dias ele demonstra seu amor por nós de uma forma diferente. Voltando do trabalho trazendo nossa comida favorita, dizendo: "Lembrei de vocês quando vi", deixando bilhetes de "Eu te amo" na geladeira, mandando mensagem para saber como estamos… Ele é super atencioso. Por isso eu aprendi a chamá-lo de pai. Tenho vinte anos, meu padrasto e minha mãe se casaram quando eu tinha doze. Quanto ao meu pai biológico… Eu nunca mais o vi.

No dia seguinte...

Passei em frente àquela tal confeitaria de ontem e vi um aviso: "Precisa-se de recepcionista". Recentemente fui demitido do meu emprego de garçom num restaurante, pois os gerentes não tinham mais como pagar tantos funcionários. Pensei em me candidatar para essa vaga, mas antes preciso da direção de Deus.

Durante a minha oração, eu tive uma sensação de tranquilidade, como se a resposta de Deus fosse um sim. Algo dentro de mim queimava como uma chama:

"Você tem um propósito ali, filho meu."

Fiquei pensando no que será que tudo aquilo significava, mas algo me dizia que eu só iria saber quando fosse até lá… Então decidi ir amanhã.

🧁

Como Chegar Até Você Where stories live. Discover now