Capítulo Catorze

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Mialara

Uma noite estrelada, estrelas cadentes por toda parte... Nossa, quantos desejos eu posso fazer!

- Quero ser feliz, para sempre! - exclamo.

Uma voz me dizia:

"A felicidade já está na palma das suas mãos. Basta se permitir viver. A vida é feita de altos e baixos, mas não se abata por isso. Apenas confie em Deus."

Saí correndo pela mata, seguindo as estrelas cadentes. Assim que elas caíam no chão, uma memória era mostrada. A primeira que caiu, mostrava eu no Japão, aos três anos de idade, correndo pelo jardim, no inverno rigoroso, repleto de neve, no fundo, era possível ouvir Rael dizendo a seguinte frase:

"Watashi wa yuki ga daisukidesu!"

Traduzindo: "Eu amo a neve!"

A segunda estrela que caiu, mostrava a nossa vinda para Dom Vital, a inauguração da confeitaria. Toda a minha família estava muito feliz, inclusive eu.

A terceira estrela mostrava três pessoas ao meu lado, estávamos tomando Milkshake, rindo alto e nos divertindo... Me lembrei! Azael, Abigail e Spencer! São meus amigos, aqueles que sempre vêm me visitar em casa! Poxa, e eu aqui achando que eles eram estranhos, sem acreditar quando diziam ser meus amigos...

A última estrela me mostrava Otávio. A história do carrinho, que ele me contou no hospital... Eu lembrei!

A partir daquelas estrelas cadentes, eu pude lembrar das pessoas que eu mais amo! Ah, como é bom ter elas comigo. Obrigada, Senhor!

- Mia, vamos passear? - ouço Otávio me acordando, e automaticamente o abraço, que sem entender nada, sorri.

- Nossa, quanta felicidade! Deve ter tido um sonho excelente, não? - questionou ele, e eu assenti com a cabeça.

Falar alguma palavra nesses últimos dois meses tem sido uma luta, é como se eu não tivesse forças o suficiente para abrir minha própria boca, ou fazer qualquer mínimo esforço. Muitas vezes tenho crises por motivos que nem fazem sentido em minha mente, como se tudo ainda estivesse confuso.

Apesar disso, o dia de hoje está sendo incrível, mesmo com os vômitos e enjôos recorrentes. Finalmente conheci o restaurante temático de One Piece, isso me deixou completamente feliz. Ao término do dia, fomos ao parque de diversões, a tarde estava terminando, o Sol estava se pondo, deixando uma linda paisagem vista da roda gigante.

- Sabe, Mia... Todos os dias eu me pergunto "Como chegar até você"? Confesso que não tem sido uma tarefa fácil, mas eu tenho buscado todos os meios possíveis para te fazer feliz nesses últimos meses. Eu espero que algum dia você se lembre do nosso começo... De quando nos conhecemos... Mas enquanto isso não acontece, prometo criar as melhores memórias ao seu lado.

- Eu te amo, Otávio. - Finalmente consegui falar, deixando-o boquiaberto e emocionado.

- Mia, você voltou a falar! - Me abraçou, empolgado.

Naquele momento, o Sol já havia ido embora, a luz da Lua e das estrelas era cada vez mais notória na roda gigante.

- Eu me lembrei de você, Tavinho! - sorri.

- Meu Deus, não posso acreditar! É um milagre! Eu te amo tanto! - Me abraçou novamente.

- Olha, como não foi o meu pai que fez a manutenção desse equipamento que chamamos de Roda Gigante, eu acho melhor não sairmos do lugar. Só confio em manutenções que ele faz, porque sei que duram eternamente.

- Vejo que você voltou mesmo, Mia. - disse Otávio, rindo, completamente corado.

- Sim!

Após sairmos da Roda Gigante, fomos em vários outros brinquedos: Carrossel, pescaria com direito a pelúcias, carrinho de bate bate, e nos divertimos muito. Ao final, compramos algodão doce e voltamos ao hotel, para que pudéssemos pegar nossos pertences e ir para casa.

- O que achou do dia de hoje, Mia? - perguntou ele, fechando o zíper de sua bolsa.

- Foi o melhor dia da minha vida! Fomos passear na Liberdade, fomos ao Jolly Rogers Burger, e ainda terminamos o dia num parque de diversões! Tem coisa melhor do que isso? - comentei, colocando minha bolsa nas costas, prestes a abrir a porta do flat (que estava mais para um apartamento, de tão chique).

- Eu amo te ver feliz e sorrindo. Isso me deixa feliz, também.

Saímos do hotel exatamente às oito da noite, com previsão de chegar às dez em Dom Vital.

- Dona Cecília, sua menina está entregue. Ela passou o dia muito bem, só que ela tem vomitado e dormido bastante. Acho que precisam trocar a medicação. - comentou Otávio.

- Obrigada, meu filho. Acho que as medicações estão fazendo mal, mesmo. Ela está toda inchada, mas vejo que está até mais radiante. - apertou minhas bochechas.

- Eu te amo, mãe! - exclamei, fazendo-a chorar.

- Eu também te amo, meu amor. - Me apertou forte. - Você voltou, minha menina!

Após ser recebida por minha mãe, o cansaço tomou conta do meu corpo, e tudo que eu fiz foi deitar e dormir, mas Otávio e ela continuaram conversando. Cerca de dez minutos depois, estava enjoada novamente e fui correndo para o banheiro. Para minha surpresa, eles ainda estavam conversando. Mamãe foi conferir se estava tudo bem, mas logo me levantei do vaso sanitário. Com o passo mais devagar que o normal, passei pela sala e pude escutá-los.

— Sobre esse inchaço, esses enjôos, cansaço... A senhora não acha que ela pode estar... — Antes mesmo que ele terminasse de sussurrar a frase, mamãe exibiu um som de espanto e um olhar de surpresa, erguendo suas sobrancelhas.

— Pode ser, Otávio! Como eu não percebi isso antes? — sussurrou. — Ficarei atenta, filho.

Achei que estivesse apenas num sonho, então voltei a dormir, e só acordei no outro dia.

— Filha, bom dia! — disse mamãe, acariciando meu rosto. — Estou indo para a confeitaria, mas preciso conversar com você antes.

Ao ouvir a última frase, levantei assustada, ainda coçando os olhos e espreguiçando.

— Pode falar, mãe.

— Você está bastante abatida. Conversei com seus médicos, e eles acharam melhor você fazer uma bateria de exames. — sentou em minha cama.

— Mas eu estou bem, mãe. Só estou cansada e enjoada. — bocejei.

— Sim, Mia. Olha, eu peguei o potinho do exame de urina, de fezes e faremos um exame de sangue apenas por precaução, certo?

— Está bem. — sorri, ao perceber a preocupação dela comigo. — Obrigada, mamãe, mas não se preocupe. Eu estou bem.

— Mesmo assim, amor. Adiante esses copinhos, pois assim que eu voltar, vamos para o posto de saúde. — levantou da cama, me dando um beijo na testa, antes de sair.

— Só vou levantar da cama primeiro. — bocejei mais uma vez.

Como Chegar Até Você Where stories live. Discover now