Capítulo Treze

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Otávio

Estamos em janeiro, o clima está bem quente, há turistas por toda parte e Mia tem tido altos e baixos. Há cerca de quase dois meses desde o ocorrido, mas não fiquei um minuto se quer, longe dela. Os médicos acreditam que há grande chance de recuperação, caso o tratamento prossiga. Durante esse tempo, Mia não saiu de casa para nada além das consultas, então conversei com dona Cecília para que pudéssemos passar um dia em São Paulo com ela, algumas horas num lugar divertido, o tão sonhado restaurante Jolly Rogers Burger, temático de One Piece, que ela sempre comentava comigo. Dona Cecília e senhor Urakeme autorizaram, mas para isso, tem algumas condições como: Saber lidar com crises, levar abafadores, cordões de identificação, remédios... Sei que tudo isso parece complicado, mas faz parte de um processo, onde tudo ficará bem no final.

- Abafadores? - perguntou dona Cecília, acerca da bolsa de Mia.

- Internos e externos. - confiro, com cautela.

- Crachá?

- Sim. Assim como blusa de frio, remédios, celular com crédito, carregador, carteira e RG.

- Ótimo! - respondeu ela, suspirando fundo.

Antes de sairmos, uma oração foi feita, para que Deus abençoe nossa viagem e nos livre de tudo que há de ruim.
Caminhamos até meu Fiat Argo branco, rumo a 150km de estrada. Eram seis da manhã, e o Sol estava brilhando, como símbolo de esperança ao meu ver. Então buzinei como forma de nos despedimos, e seguimos viagem.

- Mia, hoje teremos um dia incrível. Eu preparei e chequei toda a programação, para que não haja nenhum imprevisto. Fiz questão de imprimir e deixar aqui. Pode pegar. - sorrio, apontando para o porta-luvas e ela abre o mesmo, sorridente.

Resolvi abrir o aplicativo de músicas no celular, conectando a playlist ao carro. Ouvimos diversos louvores da playlist de Mia, como: Joquebede, Divisa de Fogo, Dono da Promessa, entre outros. Após um tempo, Mia decidiu trocar de música, selecionando a canção "A Rosa e o Espinho", da banda Rosa de Saron, que me fez refletir sobre tudo que ela viveu até chegar aqui, sempre tão sorridente, encarando a vida com coragem, bondade e amor, fazendo com que as pessoas vejam isso pela sua forma de agir. Não pude conter minhas lágrimas ao chegar no trecho: "Se você tivesse o poder de apagar toda dor que viveu por aqui, mas lhe custasse também não viver alegria, o que iria querer? O que restaria aqui?".

Mia, que estava sorrindo e se balançando de um lado para o outro, ao ritmo da música, ao perceber minhas lágrimas em meio ao trânsito, gentilmente fez carinho em minha mão, que segurava a marcha do carro.

Ao término da música, o sinal do rádio parou de funcionar, e para não deixar um clima de silêncio no carro, voltei a falar com Mia.

- Essa música realmente me fez pensar na vida. Sabe, Mia... - enxuguei as lágrimas. - Você é uma pessoa muito bondosa, amorosa, que tem um testemunho incrível e inspirador... Eu prometo que sempre vou dar o meu melhor para te proteger das pessoas ruins, e irei preservar suas emoções ao máximo que eu puder, de qualquer mágoa, raiva, angústia, medo ou dor. - sorri para ela, com os olhos.

No meio do caminho, Mia parecia incomodada, meio sonolenta, ao mesmo tempo com calor, então questionei-a:

- Mia, está passando mal? - olhei para a mesma, que assentiu com a cabeça. - Certo, vou parar o carro no acostamento.

O tempo pareceu estar milimetricamente calculado, pois assim que abri a porta do passageiro, Mia vomitou automaticamente no chão.

- Eita lasqueira! Rapaz, o negócio está feio! - tentei sorrir para descontrair. - Está melhor, Mia? Quer um pouco de água ou só o ventinho já ajuda?

Ofereci a água, mas ao primeiro gole, ela já voltou a fazer ânsia, me entregando de volta a garrafa e fazendo não com a cabeça.

- Tudo bem, vamos esperar um pouco, talvez melhore agora. É normal ficar enjoado numa viagem.

Após esperarmos mais uns cinco minutos, voltamos para dentro do carro. Liguei o ar condicionado e seguimos viagem.

O balanço do carro fez com que Mia dormisse grande parte da viagem. Assim que encostei o carro num dos hotéis, precisei acordá-la.
Contatei uma hospedagem no hotel apenas para passar o dia, ter um lugar para deixar nossas coisas e andar com mais facilidade pelos lugares. Chegamos às oito da manhã, e como Mia estava muito cansada, provavelmente devido aos remédios, deixei ela descansar no quarto, enquanto eu ligava para seus pais, avisando sobre nossa chegada.

Como Chegar Até Você Where stories live. Discover now