Capítulo Seis

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Voltei à rotina no dia seguinte. Não posso ficar parada, principalmente agora que as férias estão chegando e finalmente o calor voltou. Essa será a última semana de aula, confesso que estou com medo do meu boletim, pois sou muito boa em algumas matérias, mas em outras eu sou péssima.

Eu amo ouvir músicas, é uma forma que encontro de reconhecer sentimentos e emoções. Eu ouço K-pop a maior parte do tempo, mas também amo música gospel, Pop e MPB. Atualmente não me canso de ouvir “Versus Mudos”, da Marjorie Estiano. Minha parte favorita é “Aos poucos vou reconstruindo, aos poucos tudo volta para o lugar. Escutando a alma dizer que sim.” Resume esse exato momento da minha vida, onde estou tentando reconstruí-la, tornando-a melhor para mim. Apesar de não entender muito bem as metáforas das músicas, eu gosto de brincar com as palavras, imaginando o que elas estão tentando expressar.

— Maninha!

— Ah, que susto, Lucas! — exclamei por estar com o pensamento longe.

— Estranho. Estamos no intervalo e suas amigas não estão aqui. Vim te fazer companhia. — disse ele, se sentando ao meu lado, na escada do pátio.

— Ah… — Me envergonho. — Obrigada, maninho. Você é incrível, mesmo. Elas foram pegar comida no refeitório, logo mais elas voltam, mas eu agradeço muito por estar aqui.  — mordi o sanduíche.

— Eu estou muito arrependido por aquele dia, sabe? Sinto que fiz mal em ter te contado.

— Ei! — dei-lhe um tapa no ombro. — Pare com isso! Já se passaram dias desde que isso aconteceu, além do mais, não me afetou em nada. E por favor, não me esconda nada a respeito dessa criança. Ele é perigoso! Muito perigoso! Essa criança corre perigo, não quero que aconteça com ela a mesma coisa que aconteceu comigo. — falei calma.

— Está bem, mana. Não vamos deixar que nada de ruim aconteça com ela. Temos amigos em comum que conhecem ele, podem ficar de olho. Qualquer informação suspeita, irão avisar.

— Espera… Eles sabem do que aconteceu comigo? — senti um baque.

— Não, maninha. Relaxa! Falei que aconteceu com uma amiga distante sua, e que foi por isso que vocês terminaram.

— Eu fiquei com fama de corna, Lucas?

— Não! Está tudo bem! — entonou. — Vamos parar de falar sobre isso. Aliás, como vai o meu cunhadinho Otávio? — Ele sorri.

— Lucas! — exclamei e ele caiu na gargalhada.

Meu irmão me tira do sério na mesma proporção que me faz rir. Talvez seja esse detalhe que me faz amá-lo demais.

O sinal tocou e fomos para a sala. A dona de química começou a passar as notas finais. Na chamada sou o número vinte e quatro, e ela começou a passar as notas conforme os números.

— Número vinte, nota três. Número vinte e um, nota cinco, número vinte e três, nota sete, número vinte e quatro, nota nove…

— Eu já sabia! Você é a mais nerd dessa turma!! — Spencer comenta.

— Eu que fique sem estudar para você ver se essa inteligência não some. — digo séria e meus amigos começam a rir.

— Amiga, admita… Você é inteligente sim. — Abigail ergue as sobrancelhas e cruza os braços, se virando para mim.

— Bom, inteligente eu sou. Se não, eu seria burra. Porque esse é o contrário de inteligente. — parei para pensar.

— Ótima filósofa. — Azael gira a cadeira, se virando em nossa direção, e com suas pernas cruzadas bate palmas.

Como Chegar Até Você Onde histórias criam vida. Descubra agora