Capítulo Três

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Mialara

São três horas da tarde e como é feriado, mamãe e eu resolvemos descansar em casa. 

— Contratei um rapaz para nos ajudar na confeitaria. — comentou mamãe, lavando a louça. 

— Graças a Deus! — exclamei aliviada, enquanto secava os pratos. — E como foi a entrevista? 

— O garoto sabe trabalhar sob pressão. Ele era garçom de um restaurante. Além disso, ele é ótimo em se comunicar. Sua fala é bem articulada, então poderá lidar muito bem com os clientes. 

— Uau, dona Cecília! Vejo que a senhora conseguiu o pacote completo de um bom funcionário. — elogio mamãe. 

— Pois é, meu bem. Seja simpática, está bem? 

— Claro! Estou ansiosa para conhecê-lo amanhã! — respondi animada, guardando a louça.

Horas depois...

— Ótimo… Não consigo dormir! Será que tudo isso é ansiedade? — Me reviro na cama. — Ok, talvez seja. — suspirei ao me sentar. 

Decidi calçar minhas pantufas e ir até a janela para observar as estrelas, estava vestida com meu pijama branco de nuvens azuis, até que de repente surge uma estrela cadente. Aproveitei esta oportunidade única para lhe fazer um desejo. 

— Eu quero ser a menina mais feliz do mundo a partir de hoje. — sussurrei de olhos fechados. 

No dia seguinte...

Fui para a escola já ansiosa pelo meu dia de trabalho. 

— Mialara Kyoto? Faltou? — perguntou a professora. 

— Ai! — Spencer me cutuca para responder à chamada. — Presente, dona! — respondo desnorteada. 

Aqui no interior de São Paulo chamamos as professoras, coordenadoras, tias da cozinha e inspetoras de "dona". É uma forma de respeito. 

— Mais um pouco e você ficaria com falta, senhorita. — Spencer me alerta. 

— Obrigada por me lembrar. Estou um pouco distraída. — fecho meu mini caderno. 

— Percebi. O que está aprontando aí? — Questionou ela, abrindo meu caderninho com calma. — Mais um roteiro? — ergueu as sobrancelhas, confusa. 

— Sim. Hoje vai entrar um novo funcionário na confeitaria e a mamãe pediu para que eu fosse simpática. Por esta razão, preciso de um roteiro sem nenhuma falha, para que eu passe a imagem de uma ótima colega de trabalho. — Spencer me olhou pasma com tamanha organização. 

— Mas, Mia, você não precisa disso. — Ela fecha meu caderno. — Você tem que ser você mesma! 

Fiquei sem palavras e parei para pensar em como eu poderia ser eu mesma… As pessoas sempre me cobram uma boa comunicação, mas sem um roteiro eu sempre falho! 

— Se for para ser eu mesma, ele vai achar que sou muda, antipática e metida… É o que todos dizem quando convivem comigo. 

— Eu não pensei isso quando te conheci. Sempre respeitei seu espaço, e aos poucos fomos conversando abertamente. Cada coisa no seu tempo, Mia. 

— Agora estou confusa! — digo nervosa. — Eu tinha um roteiro, um planejamento. Agora terei que acabar com meu planejamento para tentar ser eu mesma sem nenhum roteiro? Ah, que trabalhoso! 

Como Chegar Até Você Where stories live. Discover now