Capítulo Nove

12 3 1
                                    

Otávio

Fomos até a casa de Mia e eu estava extremamente nervoso, pois apresentei este momento em oração por várias semanas.

- Sejam muito bem-vindos, fiquem à vontade. - sorriu dona Cecília, trazendo consigo uma lasanha para a mesa.

- Então você é o jovem Otávio, que trabalha com minha filha e minha esposa, certo? - disse o senhor Urakeme, sério. Sua postura permanecia ereta, e seus olhos cerrados eram como flechas que me deixavam sem saída.

- Sim, senhor. - respirei fundo.

- Serei bem claro com você, rapaz. - ajeitou a postura. - Minha filha, a minha menina é como um diamante. Raro de se encontrar, bonito por todos os ângulos... Mas, é preciso cuidar para que essa jóia continue brilhando. Entende? - disse, fincando o garfo no bife.

- Sim, senhor. Serei claro a respeito da Mia, também. - engoli a seco. - Eu quero me casar com ela um dia. - exclamei, me levantando, e todos bateram seus talheres e olharam para mim.

- Como assim, meu filho? - Meu pai colocou a mão sobre o peito.

- Eu e Mialara somos sinceros um com o outro o tempo todo. Não tem essa de "joguinhos". O planejamento consiste em apresentar em oração o nosso futuro relacionamento durante um ano. Após o término desse período, quero pedí-la em namoro. Enquanto isso não acontecer, não teremos nada de beijos, muito menos relações sexuais, pois sabemos que esse tipo de coisa só pode acontecer após o casamento. - olhei para os pais de Mia, que se atentavam a cada palavra que eu dizia, enquanto Mia só estava concentrada em seu prato de lasanha. - Eu não sei o que a Mia passou antes da minha chegada, mas eu garanto que farei de tudo para que ela nunca mais passe pelo mesmo. Por isso, gostaria de pedir a bênção de vocês.

- Por mim... Tudo bem. - sorriu dona Cecília. - O que você acha, amor? - perguntou ao pai de Mia.

Naquele momento, senhor Urakeme bateu na mesa para se levantar. Isso fez com que tudo que estava acima dela fizesse barulho e todos olhassem para ele, inclusive Mia, que estava com o garfo na boca. Seu rosto estava rosado, e sua feição parecia bem séria. Achei, por um segundo que eu fosse direto para a cidade santa que João viu. Foi quando ele ergueu sua mão e num clima de suspense e silêncio disse:

- Vocês têm a minha benção, filho. - sorriu, usando aquela mão (que me fez pensar que voaria no meu pescoço) para apertar a minha.

- Você está feliz com isso, irmãzinha? - perguntou Rael, olhando na direção de Mia.

- Claro! Pode ter certeza que eu nem faria eles perderem tempo vindo aqui se não fosse concordar com isso.

Mia estava tão tranquila. Por que eu estava tão nervoso? Afinal, o pior já tinha passado... Pelo menos eu achei que sim.

- Quais foram seus últimos três empregos, Otávio? - disse Rael, erguendo as sobrancelhas.

- Eu só tive um emprego, dos dezesseis aos vinte anos, que foi num restaurante. Eu era garçom. A empresa acabou decaindo e demitiram muitos funcionários. Eu fui um deles, e desde então, trabalho com a Mia e a dona Cecília na confeitaria.

- Você acha que vai conseguir sustentar os gostos da minha irmã? Porque esse cabelinho brilhante dela custa caro. Só usa produtos da Lola Cosmetic's, Pantene e Ybera Paris. - comentou Lucas.

Pelo sangue do Cordeiro! Ela usa os mesmos produtos de cabelo que a minha mãe. Só aquele vidrinho laranja custa cento e cinquenta reais... Mas eu dou conta. É só respirar fundo e não olhar para o preço, e sim o custo benefício...

Como Chegar Até Você Where stories live. Discover now