𝟎𝟎𝟖- 𝐀𝐥𝐠𝐮é𝐦

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“ A maioria das vezes, as pessoas fingem que você é uma pessoa muito ruim, para que elas não precisem sentir culpa pelo que fizeram com você. ”

— Lucas Wilde.

THAYNÁ MARQUES'

Desde muito nova, aprendi que nunca fui uma filha desejada. Seja pelo meu pai, ou pela minha mãe. A diferença, é que mamãe era obrigada a cuidar de mim, e escondia um pouquinho melhor o seu descontentamento sobre mim.

Por anos, aprendi a conviver com isso. De certa forma, me sentia um peso para eles, mas tentava ignorar pelo bem da minha saúde mental.

Mamãe era um pouco narcisista, assim como meu pai. Eles conseguiram ser manipuladores, e por anos, me fizeram acreditar que o erro estava em mim — não que isso tenha mudado, porque ainda acho que o erro é em mim —, além de que eles colocavam as necessidades deles acima da minha. E eu me sentia coagida, e não importa para onde corresse, eles sempre estariam ali para me pegar e me fazerem refém da confusão constante entre eles.

Tudo isso começou, por minha causa.

Meu pai e minha mãe, diga se de passagem, que eram um casal perfeito. Mas mamãe não tinha uma família fácil, e conseguiam ser mais narcisista do que ela mesma. E então, o caos se instalou.Papai, que tinha uma família estável, não aceitava a família que ela tinha, e terminou com ela, por achar ela “submissa” demais aos pais.

Mas aí, veio eu. Mamãe descobriu que estava grávida, e então, eles voltaram novamente. E posso dizer, pelos relatos da minha mãe, que o namoro não era mais o mesmo, porém, pela gravidez, eles decidiram continuar. E isso seguiu, até eu nascer.

Aos meus dois anos, meu pai foi embora. E durante meses, eles tiveram as suas idas e vindas, e tudo ficou nesse ciclo repetitivo. Aí meu pai conheceu a Paola, minha madrasta.

No início, eu achava ela uma máximo. Ela tinha outras duas filhas, e eu via a forma que ela as tratava, e achava aquilo lindo. Acho que isso deva ser ao fato de nunca ter tido um exemplo de relação de mãe e filha. Por este motivo, eu achava a Paola uma mulher e mãe incrível. Ela me tratava bem, e tudo parecia normal.

Conforme eu ia conhecendo mais a Paola, e me acostumando com o fato dela ser minha madrasta, as coisas iam mudando. Meu pai já não era tão presente quanto era antes dela. Os passeios ao parque que sempre tínhamos, foram devidamente cancelados, deixando uma pequena garotinha infeliz por muitos dias. E aos poucos, ele ia mudando mais e mais. As longas conversas, se tornaram nada mais que cinco minutos. Os abraços foram substituídos por uma distância longa, mas mesmo assim perto demais.

Entendia que ele tinha uma nova família, mas não entrava na minha cabeça o motivo dele querer esquecer que tinha uma filha.

Uma vez, quando me senti inferior diante de Paola, e sentia que meu pai estava me esquecendo por completo como filha, eu liguei para ele. Relatei que estava sentindo a falta dele, e que sentia falta dos nossos passeios de pai e filha, só nós dois, que fazíamos antigamente. E ousei dizer, que não gostava de ter que ir a todo lugar com ele, na companhia de sua mulher. E a resposta dele foi a mais cruel e dolorida que já ouvi na minha vida. Ele simplesmente disse, que agora que ele tinha mulher, ou eu saia com ele e com ela, ou eu esquecia de vez a ideia de vê-lo ou sequer sair com ele.

Era demais para uma garotinha de oito anos, que só queria um pai presente.

E mesmo estando perto, ele sempre parecia distante demais para mim. Inalcançável.

E como tudo o que passei, não foi suficiente para o meu pai e nem para a minha mãe, eles simplesmente jogavam a culpa do relacionamento fracassado deles em mim.

𝐋𝐎𝐕𝐄𝐑 - 𝐆𝐚𝐛𝐫𝐢𝐞𝐥 𝐁𝐚𝐫𝐛𝐨𝐬𝐚Место, где живут истории. Откройте их для себя