𝟎𝟎𝟗- 𝐁𝐨𝐦𝐛𝐚 𝐑𝐞𝐥ó𝐠𝐢𝐨

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“ Você pode fechar os olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o coração para as coisas que não quer sentir. "

— Anônimo?

THAYNÁ MARQUES'

Depois do dia puxado de treino, eu e Thata viemos para a praia de noite, com os nossos lanches e as estrelas.

Sentia que ela precisava conversar.

Eu entendia o fato de que ela não sabia como conversar. Até porque, ela nunca teve ninguém que estivesse ali pra ela, para a aconselhar, para lhe ouvir desabafar. E com o tempo, ela se acostumou e se fechou totalmente. Mas eu gostaria de mostrar pra ela que eu estava ali agora pra ela.

— Peço que compartilhe os seus pensamentos, e eu direi os meus. — Digo, fazendo seu rosto virar para mim.

Neste momento, já havíamos devorado o lanche, e agora estávamos deitados na areia lado a lado, com certo perigo de pegar uma leptospirose, mas isso era irrelevante diante da vista encantadora e convidativa que tínhamos das estrelas.

— Não é um pensamento muito bom e nem interessante.

— As coisas não precisam fazer sentido ou ser interessante entre nós, Thata.

— Eu saí da casa da minha mãe ontem. — Ela revelou, desviando o olhar .

— Porque?

— Não me sentia em casa, sabe? Parecia que eu era um peso, uma desconhecida. E quando vi que ali não me cabia mais, eu saí.

— E o que isso tem a ver com a marca na sua bochecha? — Indaguei, querendo saber o que era aquilo, mesmo que já tivesse uma ideia. As marcas de dedos ali eram evidentes. Alguém a acertou, e eu queria saber quem. — Não quero te pressionar a contar, mas desabafar é bom.

— Meu pai. — Respondeu tão baixo, que se não estivesse perto dela, eu provavelmente não iria escutar. — Minha mãe e ele se juntaram ontem para me julgar, e quando respondo as provocações, ele… — Perdeu o fôlego, e deu um suspiro baixo e exausto. — Me acertou no rosto, e meio que isso interferiu ainda mais na decisão de sair daquela casa.

Silêncio…

Eu não sabia como reagir.

Diria o que?, “Sinto muito que seu pai seja um bosta, que literalmente te bateu”?

— É a sua vez de compartilhar um pensamento.

— Onde dormiu na noite passada, considerado que saiu de casa à noite?

— Peguei um hotel. Até achar uma casa será assim.

— Fica na minha. — Respondi sério, agora virando para olhá-la. Seu olhar era julgador e divertido, como se não acreditasse na proposta feita. Era claro que ela não aceitaria. Mas eu sou insistente. — Sério, Tha. Você é minha melhor amiga, e sempre me ajudou muito. O que custa eu te dar uma moradia até você se estabilizar?

— Não vou te incomodar?

— Nunca, dragãozinho.

Assim nos viramos novamente para observar as estrelas, meio alheios  a tudo, mas muito concentrados nas estrelas que brilhavam de forma intensa no céu esta noite.

— Acho que esse lance de mar e estrelas já é nosso. — Ela diz, me fazendo rir um pouco.

— Esse é o nosso “sempre”. — Fiz menção a parte do livro.

— É, pode ser.

Após a nossa sessão de terapia, no nosso lugar preferido e no horário certo, a gente foi buscar as coisas da Tha no hotel em que ela estava, e aí fomos para a minha casa.

𝐋𝐎𝐕𝐄𝐑 - 𝐆𝐚𝐛𝐫𝐢𝐞𝐥 𝐁𝐚𝐫𝐛𝐨𝐬𝐚Where stories live. Discover now