𝟎𝟏𝟓- 𝐓𝐡𝐚𝐭𝐚 𝐏𝐞𝐫𝐢𝐠𝐨𝐬𝐚

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“ Fazia tempo que eu não me sentia tão sentimental. ”

— Autor desconhecido.

THAYNÁ MARQUES'

Duas semanas haviam se passado e entramos no mês de março. Mês qual eu odeio com todas as forças, por ser mês do meu aniversário.

Quando criança, essa data sempre foi bem angustiante pra mim, e segue sendo até hoje. Era sempre um lembrete da minha solidão, e o fato de que não tinha uma família que se importasse. Eles nunca comemoraram os meus aniversários porque estavam brigados, e eu ficava no meio do divórcio deles como uma peteca, sendo passada de um para o outro. Nenhum dos dois ligava ou se importava. Era como se nem existissem.

A data desde sempre foi esquecida por mim, até que de repente não fiz mais questão.

Meu aniversário era daqui a três dias, e sendo sincera, eu preferia esquecer que essa data existia, e acho que eu fiz um bom trabalho. Além de tudo, ninguém além da Bella sabia sobre o meu aniversário, o que tornava tudo muito ótimo para mim. Ninguém sabia, então não teria que lidar com vários “parabens! Muitos anos de vida!”. Pra mim isso às vezes era uma grande hipocrisia, e eu não gosto de ser hipócrita.

Às vezes as pessoas dizem isso quando na verdade te odeiam e te querem morta. Na maioria das vezes, tudo isso é sempre uma falsidade, mas as pessoas ignoram e acham normal. Na minha visão, não. A falsidade corroi, e quanto menos dela eu tiver em minha vida, melhor.

Eu odiava ter que lidar com a falsidade e a hipocrisia dos outros. Me deixava enojada.

— Bom dia, dormiu bem? — Gabriel perguntou, parecendo preocupado.

Ele vivia assim. Essa semana, mais do que antes. Tive uma pequena — grande o suficiente pra ele se importar — crise de choro e ansiedade esses dias, e agora ele vivia me seguindo pelos cantos.

Não que eu não gostasse da companhia dele, porque nossa… eu amo estar com ele. Mas me deixava incomodada, sabe? Me fazia pensar que ele só estava aqui porque eu não estava bem, e não porque ele de fato queria. Fazia parecer como se eu fosse um fardo.

E…talvez essa sensação só seja porque eu nunca tive o prazer de experimentar como é ser cuidada, e agora parece meio irreal pra mim. Era difícil lidar.

— Dormi sim, e você?

— Na medida do possível, eu dormi, sim.

Era sacanagem lembrar que ele se mostrava ser tão atencioso comigo, quando ele mesmo estava sendo apedrejado pelos outros lá fora. Ele não estava no seu melhor momento no clube, e mesmo assim tentava o melhor dele, quando todos os outros viravam as costas pra ele.

Eu admirava muito o Gabriel. Principalmente pelo seu esforço e garra, mesmo num momento onde ele só precisava de apoio, um abraço e uma palavra reconfortante.

— Está terminando de ler o livro? — Perguntei, me sentando à mesa junto com ele.

— Ah, não. Eu dei uma pausa. Estou pegando pesado nos treinos, quase nem tenho tempo, Thata. Mas se você quiser eu te devolvo.

— Não, não, pode ler no seu tempo. Eu espero.

— A ansiedade de terminar e saber o desfecho da história é grande, mas o tempo é curto.

— Hum…quando chegar no capítulo 21 e 22 me avisa, viu? Os dois são os meus favoritos. E acho que a melhor parte, de fato.

Estes capítulos falam sobre a morte do Gus e o discurso fúnebre que Hazel teve de escrever. Mostra um pouquinho de como ela lidou com a morte dele, mesmo achando que ela seria a primeira a morrer. Mostra como ela lidou e teve muita gratidão pelo pequeno infinito deles.

𝐋𝐎𝐕𝐄𝐑 - 𝐆𝐚𝐛𝐫𝐢𝐞𝐥 𝐁𝐚𝐫𝐛𝐨𝐬𝐚Where stories live. Discover now