Capítulo CLXI

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(Ema narrando)


Retornamos à casa de Sarah com a apreensão de que Norman poderia ter causado alguma confusão durante nossa ausência. No entanto, fomos surpreendidas ao encontrar uma Norman sorridente, vestindo um avental de cozinha preto manchado de farinha sobre sua camisa de mangas arregaçadas.
— Chegaram na hora certa. – ela nos recebeu com um sorriso caloroso. — Estou preparando uma macarronada divina.
— O que você aprontou? – Sarah indagou, com um tom curioso.
— Só estou aprendendo a cozinhar. Uma amiga está me ajudando. – ela respondeu, com um tom misterioso.
— Uma amiga? Isso explica por que você me deixou em paz em Santa Mônica. – Sarah comentou.
— Está com ciúmes? – Norman provocou, o que me fez resmungar.
— Óbvio que não. É bom que você tenha amigas. – respondeu Sarah, com um sorriso.
— Posso apresentá-la a vocês? Imagino que vão gostar dela tanto quanto eu. – disse Norman, parecendo ansiosa.
— Eu não vejo problema, mas espero que ela tenha mais juízo que você. – disse Sarah, com um leve ar de brincadeira. Norman nos convidou a segui-la de volta à cozinha.
— Ô, linda. Temos companhia. – disse Norman para a amiga misteriosa, que estava concentrada mexendo um molho na panela que estava sobre o fogão. Senti uma pontada de familiaridade ao vê-la, mas não conseguia identificar de onde vinha essa sensação.
— Quem? – a jovem se virou, e para minha surpresa, era Layla. — Ema. – ela disse com espanto, e meu estômago deu um nó.
— Imagino que você conheça bem a minha amiga, né Ema? Vocês foram íntimas. – disse Norman, com um sorriso sugestivo.
— Norman, com que direito você trouxe essa mulher para dentro da minha casa? – Sarah questionou, visivelmente chateada.
— Com o mesmo direito que você trouxe a Ema para cá. Agora estamos quites, Sarah. – Norman respondeu, com uma nota de desafio.
— Desculpa, Ema. Já vou embora. – Layla disse, visivelmente constrangida.
— Não aconselho que se envolva com ela, vai ter problemas. – comentei, tentando alertar Layla.
— Problemas? – Norman tirou o avental e jogou-o na direção da pia. "Eu estava te esperando, Ema. Quando vi o carro de Sarah chegando pela câmera, soube que finalmente havia chegado o grande momento.
— Norman, não. – disse Layla,pcim o rosto corado de constrangimento. Norman ignorou o pedido, e prosseguiu.
—  Layla, a gente não teve a oportunidade de ficar juntas antes, porque você estava envolvida com a Ema, mas agora, podemos ficar juntas. Ema não tinha nada para oferecer, mas eu tenho.
— Que palhaçada é essa, Norman? O que você quer provar namorando a ex da Ema? Com tantas mulheres disponíveis, você quer que eu acredite que se interessou ingenuamente por ela? – Sarah indagou, incrédula.
— Pouco importa o que você e a Ema acham das minhas intenções. Eu e a Layla não precisamos da aprovação de vocês. – Norman rebateu, enquanto eu ainda tentava entender o que estava acontecendo.
— Pra mim chega! – disse Sarah, brava. — Você não vai tornar a minha vida um inferno novamente. Eu quero você e sua amiguinha fora daqui agora. – ordenou, com firmeza.
— Sarah, você precisa de mim, assim como eu preciso de você. Melhor deixarmos as coisas como estão. – disse Norman, tentando apaziguar a situação.
— Não! Eu vou dar um basta nisso. Já cansei de ser pressionada e ameaçada por todos os lados. Chega! – Sarah esbravejou antes de sair da cozinha a passos duros, demonstrando sua determinação.
— Você não vai fazer nada? – Norman questionou, me olhando. Dei de ombros, mantendo-me neutra diante do conflito.
— Não vivo de mesada como você, portanto, não preciso permitir que outras pessoas controlem minha vida. – respondi, firme em minha posição.
— Ah, não paga de durona, Ema. – Norman provocou. — Você treme nas calças quando vê o Júlio. – riu debochadamente, tentando desestabilizar-me.
— Não vou entrar no seu joguinho. – caminhei para fora da cozinha, recusando-me a participar da provocação.

***

Sarah caminhava de um lado para o outro com passos firmes, à beira da varanda. Seu semblante irado evidenciava sua fúria, enquanto seus olhos quase soltavam faíscas.

— Eu vou acabar com tudo. Chega de intimidação. Vou ligar para aquela investigadora. Eu vou...

— Você precisa manter a calma. – disse eu, trancando a porta. — Deixe de lado a Norman, o Júlio... e concentre-se apenas em nós. – aproximei-me de Sarah com passos tranquilos.

— Como pode me pedir calma, Ema? A Norman ultrapassou todos os limites. Trouxe sua ex aqui só para me irritar.

— Sarah, quero que esqueça as loucuras da Norman. – segurei a mão esquerda dela, fazendo-a parar.

— Ema, como pode estar tão tranquila? Para você, o caso delas não é um problema?

— Sinceramente? Não. Lamento que a Layla se envolva com alguém de caráter tão duvidoso. Mas ela é adulta e faz suas próprias escolhas. – respondi.

— Não quero aquela mulherzinha sonsa esbarrando em você pelos cômodos. Quanto tempo demoraria para ela se insinuar para você?

— Sarah, pare de imaginar coisas. Estávamos tão tranquilas, por que não tentar manter o mesmo clima? – envolvi os braços ao redor do corpo de Sarah e dei um beijo em seu pescoço. — Esqueça tudo o que acontece fora das paredes deste quarto. – olhei para ela. — Consegue?

— Não sei. – Sarah apoiou a cabeça em meu ombro.

— É uma ordem. – declarei. Sarah voltou a me olhar, desta vez com um pequeno sorriso nos lábios.

CONTINUA...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now