Capítulo CLXXI

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Acordei nas primeiras horas do dia, com Sarah sacudindo meus ombros na garagem. Resmunguei antes de abrir os olhos e percebi que estava deitada no chão frio.

— Ema, eu te liguei centenas de vezes. O que fez a noite toda? Por que seu rosto está machucado? E esse cheiro forte de bebida? – perguntou Sarah, preocupada.

Me sentei e bocejei, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. Minha cabeça doía e meus olhos estavam pesados.

— Bom dia, Sarah.

— Ema, o que houve com você? – insistiu ela.

— Quer saber pela ordem cronológica ou tanto faz? – sorri ironicamente, vendo a testa de Sarah se franzir.

— Procurei por você na delegacia e descobri que pediu demissão. O que aconteceu? Você não desiste dos seus sonhos.

— Desisto, Sarah. – levantei-me com dificuldade. — Deveria seguir o conselho da Norman e acabar com seu pai de uma vez por todas. Ele destruiu a minha vida.

— Conselho da Norman? Desde quando você a ouve? – Sarah me olhava com desconfiança.

— Eu estava cumprindo meu dever ontem. Seu pai armou uma armadilha e quase conseguiu me matar. Então, chega. A Ema boazinha morreu quando Rodrigo se voltou contra mim. Não posso confiar em ninguém. Basta um cheque do seu pai ou uma promessa de cargo melhor e tentam me matar.

— Meu pai armou para você? – Sarah parecia possessa.

— Alguma novidade nisso? – indaguei, caminhando em direção à entrada da casa.

— Ema, eu vou resolver isso. Você vai ficar segura.

— Sarah, pare de fazer promessas que não pode cumprir. Já fez acordos demais com o diabo. Agora, me deixe resolver as coisas do meu jeito.

— O que deseja fazer? – Sarah me alcançou e segurou meu pulso. — Quer dar um tiro no meu pai, Ema? Vá em frente. Destrua sua vida.

— Que vida, Sarah? Isso parece vida para você? Não posso trabalhar, nem ter um relacionamento com você. Estou cansada. Júlio sempre me viu como um monstro, uma assassina. Pois bem, ele conseguiu. Talvez assim possamos nos enfrentar de igual para igual.

— Ema, vá dormir. Se desintoxique do álcool e volte a si. Você é uma boa pessoa. – Sarah tocou meu rosto.

— Estou ótima. – retirei as mãos dela do meu rosto e caminhei em direção à escada.

— EMA! – Sarah gritou. — Vai agir assim, de forma imatura? Temos que enfrentar nossos problemas como adultas.

— Estou tentando manter minha sanidade. – parei no início da escada.

— E eu, por acaso, não mantive? – retrucou Sarah.

— Sarah, por favor. Me deixe quieta. Minha cabeça está doendo e tive uma péssima noite.

— Enquanto você me deixava sem notícias, procurei a Catarina e contei que meu pai contratou o assassino do Rodolfo. Vou depor contra ele, Ema. Estou fazendo isso por nós, porque acredito no nosso futuro juntas. Preciso da velha Ema, não dessa pessoa amargurada. – Sarah revelou com lágrimas nos olhos.

Respirei fundo e fiquei em silêncio.

— Vou ter você quando tudo isso acabar? Ou você se perdeu dentro dessa mágoa? – perguntou ela, aproximando-se.

Virei-me para Sarah e a observei.

— Estou farta, Sarah. São mais de quatro anos de perseguição.

— Eu sei, Ema. Tudo chegou ao fim. Meu pai será responsabilizado pelo assassinato do seu parceiro e todas as outras acusações virão. Talvez ele se safe de algumas, mas a imagem dele estará arruinada. A gente vai vencer, Ema.

— Não é tão fácil, Sarah.

— Tenha um pouco de esperança, Ema. – Sarah tocou meus ombros e olhou nos meus olhos. — Pode tentar?

Apenas a abracei.

Sarah me envolveu com força, e suas lágrimas molharam meu ombro. Por um momento, o peso do mundo pareceu menor. Consciente de que o caminho à frente seria árduo, talvez houvesse um fio de esperança na promessa de Sarah.

— Precisamos descansar, Ema. Você precisa se recompor. – Sarah sussurrou, sua voz estava embargada pela emoção.

— Eu não sei se consigo. – murmurei, mas deixei que ela me guiasse escada acima. Cada degrau parecia um esforço monumental.

Chegamos ao quarto, e Sarah me ajudou a me deitar na cama. Ela puxou uma coberta sobre mim, sentando-se ao meu lado e acariciando meu cabelo.

— Eu vou estar aqui, Ema. Não vou a lugar nenhum. – disse ela suavemente. Fechei os olhos, sentindo uma mistura de alívio e exaustão.

Adormeci rapidamente, mergulhando em um sono profundo e sem sonhos. Quando acordei, o sol já estava alto no céu. Olhei ao redor e vi Sarah sentada na poltrona ao lado da cama, seus olhos estavam cansados mas alertas.

— Você dormiu bastante. – ela comentou com um pequeno sorriso.

— Quanto tempo? – perguntei, minha voz estava rouca.

— Umas quatro horas. – respondeu ela. — Você precisava disso.

Suspirei, sentindo um pouco mais de clareza na mente. As palavras de Sarah, a promessa de um futuro juntas, ecoavam em meus pensamentos.

— E agora? – perguntei.

— Agora vamos dar um passo de cada vez. Você precisa comer algo e recuperar suas forças. Depois, vamos planejar nosso próximo movimento. – disse ela, sua determinação era evidente.

Levantei-me da cama, ainda sentindo o corpo pesado, mas com uma nova resolução se formando dentro de mim. Sarah estava certa. Precisávamos enfrentar nossos problemas de frente, como adultas. E talvez, apenas talvez, houvesse uma chance de vencer essa batalha.

Descemos para a cozinha, onde Sarah preparou um café da manhã simples. Comi em silêncio, sentindo as energias retornarem lentamente.

— Precisamos ir à delegacia mais tarde. – disse Sarah. — Catarina vai nos encontrar lá. Vamos começar o processo para incriminar meu pai.

Assenti, sabendo que seria um longo e doloroso processo. Mas, com Sarah ao meu lado, talvez eu conseguisse enfrentar tudo isso. Precisávamos lutar, não só por nós, mas por justiça.

— Ema, vamos superar isso. – disse Sarah, segurando minha mão com firmeza. — Juntas.

— Juntas. – repeti, sentindo uma centelha de esperança acender em meu coração.

A manhã seguia tranquila até que Sarah ligou a TV na cozinha. Enquanto compartilhávamos nosso café matinal, a paz foi interrompida por um plantão que substituiu a programação habitual. A voz do âncora anunciou a notícia que mudaria o curso de nossas preocupações: Júlio Vélaz havia sido preso sob suspeita de ordenar o assassinato de um policial. Olhei para Sarah e vi uma expressão de alívio se formar em seu rosto. Era evidente que essa notícia representava um peso retirado de seus ombros, um sinal de que finalmente poderíamos vislumbrar um momento de calmaria em meio ao caos.
Me levantei e abracei Sarah com firmeza. Ela retribuiu o gesto calorosamente. Nos olhamos nos olhos e sorrimos uma para a outra. Em um impulso, a beijei, sentindo a intensa conexão entre nós. Enquanto o plantão chegava ao fim na TV, já havia colocado Sarah sobre a mesa.
Com habilidade, deslizei a blusa de Sarah por cima de sua cabeça, deixando-a cair suavemente ao chão. Nossos lábios se encontraram em um gesto de cumplicidade, enquanto nos entregávamos à paixão ardente que nos envolvia. Com suavidade, minhas mãos exploraram cada curva do corpo de Sarah, sentindo sua textura sedosa sob meus dedos.

Nossos corpos se moviam em uma dança de desejo e paixão, cada toque meticulosamente calculado para despertar sensações indescritíveis. Os dedos de Sarah traçavam caminhos delicados pela minha pele, deixando um rastro de arrepios em seu caminho. Cada beijo trocado era uma promessa silenciosa de amor eterno, enquanto nossas respirações se fundiam em um ritmo frenético de entrega mútua.

O aroma do café ainda pairava no ar, misturando-se com o perfume doce da nossa paixão.

Com um gesto delicado, abri o zíper da calça de Sarah, enquanto nossos lábios se encontravam em um beijo ardente. Minha mão direita deslizou para dentro de sua calcinha, explorando cada centímetro de sua intimidade. Sarah virou o rosto na direção da porta, talvez temendo uma interrupção, mas naquele momento, isso pouco importava para mim. Deitando-a suavemente sobre a mesa, inclinei-me sobre ela, mergulhando em um mundo de prazer mútuo.

Estimulei seu sexo com os dedos, sentindo os primeiros gemidos escaparem dos lábios de Sarah. Com habilidade, abaixei seu sutiã, revelando seus seios com volúpia. Meus lábios percorreram sua pele com urgência, mordendo e sugando com paixão avassaladora.

Cada gemido, cada sussurro, ecoava pelos cantos da cozinha, testemunhando a intensidade do nosso encontro. Os móveis rangiam suavemente sob o peso do nosso amor, enquanto nos entregávamos a um frenesi de desejo incontrolável.

Naquele momento, éramos apenas nós duas, perdidas no turbilhão de emoções avassaladoras, entregando-nos completamente à magia do momento.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora