11. a reunião com karen

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— Você tá bem? — Giovanna perguntou encostando a mão no braço dele.

Alexandre finalmente levantou os olhos para a morena. Os cabelos estavam enrolados, ela estava super cheirosa, estava linda com aquela roupinha de frio justa no corpo.

— Estou. E você?

— Eu tô ótima. Mas você parece esquisito.

Alexandre suspirou e passou a mão pelo rosto, esfregando os olhos.

— Essa situação com a Karen me deixa desconsertado. Não estou me sentindo bem.

— Você acha que meu pai vai achar normal você finalmente pedir o divórcio depois de tantos anos enquanto eu estou na sua casa? — Giovanna levantou a reflexão.

Alexandre respirou fundo.

— Eu não sei. — Deu de ombros. — Eu posso conversar com ele, explicar que..

— Alexandre.. — Giovanna suspirou desviando o olhar.

Ele ficou olhando para ela e sentiu um vazio. Era absurdo Giovanna não ter tanta certeza disso quanto ele. Se sentia um velho com a vida perdida enquanto a jovem queria explorar opções. E ele simplesmente não podia e não iria pressioná-la

— Ele não precisa saber. — Alexandre comentou.

— O que acontece quando ele te ligar e ela não estiver aqui?

— Seu pai viu a Karen uma vez nesses anos todos de amizade. Ela nunca está por perto. Eu posso fingir que ela está dormindo, que não chegou em casa, que está numa viagem a trabalho, como ela na verdade sempre está.

Giovanna respirou fundo.

— De onde você tirou essa ideia de acabar com seu casamento por minha causa? — Ela murmurou, sentindo o peso da decisão dela.

Alexandre riu fraco.

— Você pode ter certeza absoluta de que eu não estou fazendo isso por sua causa. — Alexandre garantiu. — Meu casamento já está em ruínas há mil anos, caso você não saiba.

— É, mas você nunca fez algo a respeito. Por que quer fazer agora?

Alexandre respirou fundo. Se sentia mais irritado do que nunca. Desceu do carro, e bateu a porta com força.
Giovanna notou a irritação dele e mordeu o lábio inferior.

Ele teria uma reunião com Miguel antes de eles viajarem. Coisa de 30, 45 minutos.

Entraram juntos no escritório e Alexandre apoiou a mão nas costas dela, a guiando, como sempre fazia.

— Ah, não sabia que você ia trazer sua esposa. — Miguel chamou a atenção dele. — Amm.. É Karen, não é? — Ele esticou a mão para Giovanna com um sorriso de orelha a orelha. — Muito linda! Parece uma modelo, se deu bem, Nerão!

Alexandre percebia o olhar dele para a mulher. O olhar de admiração, vendo o quanto aquela mulher com ele era linda.

— Essa é a Giovanna. Giovanna Antonelli. — Ele corrigiu. — Gio, esse é o Miguel. Ele quem recomendou nossa programação de hoje.

— Giovanna! — Ele se corrigiu. — Ah, um prazer te conhecer! — Ele segurava a mão dela. A moça sorria.

— O prazer é todo meu.

— Já te devolvo o Ale, prometo que não vamos demorar. A reserva do barco já tá feita? — Miguel perguntou para Alexandre que apenas assentiu com a cabeça.

— Tudo pronto, assim que sairmos daqui eu e Giovanna vamos pra lá. Fica tranquilo.

Alexandre bateu no peitoral do amigo.

— Gio, espera aqui? — Miguel mostrou onde ela podia ficar sentada.

— Claro. Fica tranquilo! To acostumada a acompanhar ele nessas reuniões. — Giovanna olhou para Alexandre sorridente.

Ele olhou bem no fundo dos olhos dele. Merda, ela o ganhava toda vez que demonstrava intimidade assim.

Viu Alexandre conversar com a secretária antes de entrar em reunião e apontar para Giovanna. Em pouco tempo, levaram café e comidinhas para ela. Giovanna achava engraçado ser tão paparicada assim no trabalho dele.

Assim que ele saiu, ela o acompanhou até o carro. Alexandre dirigia silenciosamente.

— Você não usa aliança? — Ela puxou assunto com o homem que até então estava calado.

— Não.

— Nunca usou?

— Nunca.

— Por que não?

— Porque me incomoda.

Giovanna desceu os olhos por todos os anéis nos dedos dele.

— Sei. — Giovanna deu risada. — Não consigo imaginar me casar com alguém e não usar aliança. A Karen usa?

Alexandre negou com a cabeça.

— Vocês dois são doidos. Vocês se casaram na igreja com vestido branco e tudo?

— Claro que não. — Alexandre riu, achando graça.

— Você não é desses? — Giovanna o questionou.

— Eu e Karen só nos casamos porque eu ia ficar sozinho aqui em Portugal e ela precisava do visto. Não teve cerimônia, comemoração, não teve nada dessas coisas.

— Mas você não gosta? — Ela fez questão de cutucar.

Alexandre respirou fundo e a encarou.

— Quem sabe um dia? — Ele desceu os olhos pelo corpo dela, a imaginando com um vestido branco.

Balançou a cabeça negativamente tentando corrigir seus pensamentos.

— Vem, vamos perder a reserva. — Ele pegou a mão dela e se apressou, verificando se o carro estava trancado.

— Meu Deus, tá completamente vazio. — Giovanna comentou estranhando o catamarã enorme só para eles dois.

Alexandre já estava dentro do barco, enquanto ela olhava admirada.

— Achei que tivesse te explicado que eu reservei o barco. — Ele se explicou.

— Eu achei que você tinha reservado dois lugares entre vários outros. Não que tinha reservado um desse inteiro só pra nós dois! — Giovanna olhava com os olhos arregalados, desacreditada.

— Uma falha de comunicação. Desculpa. Vem comigo? — Ele esticou a mão na direção dela.

Giovanna pegou sua mão completamente admirada por aquele homem, e entrou no barco.

Foram os dois para o fundo, enquanto o capitão preparava o barco para cruzar o rio. Giovanna se sentou na rede do barco, assistindo a paisagem linda e o pôr do sol que se aproximava. O movimento do barco era tranquilo, calmo. Havia música ao fundo, e Alexandre agora se sentava com ela ali, trazendo duas taças de champanhe.

Brindaram enquanto olhavam um nos olhos do outro.

— A Portugal. — Giovanna sugeriu.

— A você em Portugal. — Alexandre corrigiu, tomando um gole da bebida em seguida. — Que deixa a cidade mil vezes melhor.

Ela o olhava atentamente. O homem agora com os primeiros botões da camisa abertos e as mangas arregaçadas era a versão mais linda de Alexandre.

Não sabia se era a bebida, aquela paisagem, aquele homem delicioso ao seu lado ou o clima romântico que não cessava. Ela o queria, de todas as formas possíveis.

Alexandre desviou o olhar para admirar a paisagem.
Se encostou para trás e continuou bebendo.

Giovanna tomou a taça da mão dele, deixando de lado. Se deitou em cima dele e o beijou com toda a vontade do mundo.

Aquele era, definitivamente, o dia mais perfeito que tinha tido na vida.

the prophecyWhere stories live. Discover now