16. jamais faria isso com você

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Giovanna olhou para ele e pôde sentir seu estômago embrulhar.

— Tua colega de trabalho já foi?

— Já. — Alexandre trouxe o corpo de Giovanna para perto.

Ela não o afastou, mas não foi carinhosa. Não encostava nele, só aceitava a proximidade.

— Você sempre traiu a Karen? — Ela decidiu perguntar de uma vez.

Alexandre respirou bem fundo, e olhou ao redor, tentando diminuir o tamanho daquele desentendimento.

— Não sempre.. Mas é óbvio que eu já pulei a cerca algumas vezes, né Giovanna? Caso contrário, como eu ia sobreviver?

Ela se surpreendeu e deu uma risada fraca.

— Para. Você sabe que com você é diferente. — Alexandre segurou o rosto dela com ambas as mãos.

Giovanna tirou suas mãos de seu rosto, imediatamente.

— É com esse cara que você quer que eu fique? Que eu fique com você, assuma o papel da Karen naquela casa lá e quando eu perceber que estou sendo corna, você vai dizer o que? "Ah, Giovanna, lembre de como nos conhecemos"?

— Eu jamais faria isso com você.

— E por que tava tudo bem fazer com a Karen?

Alexandre riu fraco.

— Engraçado, eu não vi esse tipo de reflexão quando eu tava no meio das suas pernas, né Giovanna?

Ela tomou impulso e foi pro lado oposto.
Alexandre a segurou com força, e desviou o olhar para o segurança. Era coisa de minutos até aquilo ficar estranho.

— Eu amo você. — Ele falou de uma vez, olhando nos olhos dela. — Eu tive tudo com a Karen, mas eu nunca quis nada. Não de verdade. Ela tapou um buraco enorme na minha vida, e estava ali por estar. Mas isso aqui.. Eu e você. O que você me faz sentir, essa ansiedade, esse quentinho.. Essa vontade de você que não termina nunca. Isso é o que vale, Gio. — A voz dele amoleceu.

Giovanna ficou olhando para ele. Estava ofegante, e se não estivessem ali no aeroporto ela teria gritado com ele.

— Tomara que você aproveite sua vida de solteiro, agora que você de fato está. Se bem que você nunca agiu como se estivesse casado antes, não é? Então não faz diferença. — Ela cuspiu as palavras.

— Giovanna. — Ele chamou sua atenção.

— "Giovanna" o que? — Ela o encarou. Estava com raiva. Muita raiva.

— Eu amo você. — Ele repetiu. — Não tenta comparar as duas coisas. Não tenta se comparar a ela. Você na minha vida.. Você faz eu me sentir vivo. Por favor, para de misturar as coisas. Um casamento morto há anos não tem absolutamente nada a ver com um amor que nasceu dentro de mim agora. Depois de velho, Giovanna. Eu jurei que eu não ia encontrar o amor na minha vida mas aqui está você. Eu não tenho muita coisa pra te oferecer.. Mas eu quero você. Eu quero você só pra mim. Eu quero ser seu, só seu.

Ele encostou a testa na dela e Giovanna fechou os olhos.

— Diz que volta pra mim. — Ele murmurou, pedindo.

— Vamos.. Dar tempo ao tempo, tá bem? Eu vou lá, faço meu curso.. Vamos ver o que acontece. Como a gente se sente. Eu não gosto de tomar decisões quando estou muito feliz ou muito triste. E agora eu estou sentindo um pouco dos dois.

— Você está com ciúmes, Giovanna.

— Eu não tenho ciúmes de você. — Ela riu ironicamente.

— Então me dá um beijo de tchau direito. — Ele a desafiou.

— Dou, ué.

Giovanna se aproximou dele e lhe deu um selinho. Alexandre não conseguiu evitar e riu na cara dela.

— Você tá com ciúme de mim. Não acredito nisso. Ta apaixonada por mim, Giovanna Antonelli. — Ele brincou fazendo carinho na bochecha dela com o polegar.

Ela o puxou pela nuca e lhe deu um beijo de língua inesquecível. O último. Demoraram bastante tempo até finalmente terem coragem de largar um ao outro. Alexandre em específico prendia o corpo dela contra o seu, sem querer largar.

— Tchau, Nero.

— Boa viagem, Gio. — Els respirou fundo, tendo que abrir mão dela.

A deixou ir. E assistiu enquanto Giovanna passava pelos portões sem nem olhar para trás.
Linda. Divina. Radiante.

Alexandre voltou para o carro e logo dirigiu de volta para sua casa.
Giovanna achou o portão pelo qual iria embora.

Percebeu que de fato, estava com ciúme dele. Recebeu uma ligação, e pôde ver que era seu pai.

— Alô?

— Filha, o que deu no Nero?

— Como assim?

— Ele nunca teve coragem de se divorciar antes. Ele vive infeliz com essa mulher há muito tempo, até eu já tentei convencer ele a se separar, e ele simplesmente não ligava pra nada. Você deve saber melhor o que tá acontecendo do que eu..

— Pai, o senhor tá um baita de um fofoqueiro, hein?

Hilton riu do outro lado da ligação.

— Ele é meu melhor amigo. Eu sei que alguma coisa tá errada, eu só não sei dizer o que é.

— Pai.. Eu tô pronta pra pegar meu vôo pra Londres.. Não sei muito bem sobre o Alexandre.

— Me diz o que você acha. Baseado no que você viu na casa deles.. Tem suspeitas de algo?

Giovanna respirou fundo, tentando criar paciência. Precisaria dizer algo, não poderia mentir. Mas também não poderia se entregar.

— A única coisa que ele me disse algumas vezes foi como estava finalmente percebendo, com a minha presença, o quanto ele era solitário antes. Porque agora tinha companhia para ir ao mercado, caminhar.. Você sabe. Companhia pra tudo.

— Hum. — Hilton ponderou do outro lado do telefone. — Mas que esquisito. Você planeja voltar pra Portugal mesmo que a Karen não esteja mais la? — O pai quis saber.

— Olha, sinceramente? Ele se divorciar da Karen não muda absolutamente nada na minha vida, foram raras as vezes que a vi e conversei com ela.

— Bom, então decide logo o que quer fazer depois de Londres e a gente vai conversando.

— Tá bem, pai.

— Te amo, pequena. Boa viagem, fique com Deus e qualquer coisa me ligue imediatamente, tá bem? Vou ligar pro Nero e descobrir o que tá acontecendo com aquele homem. Maluco! — Hilton ria sozinho.

Giovanna engoliu a seco.
Ela.
Ela tinha acontecido.

— Te amo, papai. Te ligo quando eu chegar.

the prophecyWo Geschichten leben. Entdecke jetzt