4. Pesadelos .

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     Passei muito tempo me perguntando como Emmy conseguia aguentar tanto sem demostrar nada, eu não tinha certeza se ela era boa em guardar seus sentimentos para si ou se apenas eu não percebia, me perguntando o por que, o por que dela ter vivido tudo isso... Por que? muito tempo fiquei concentrada nesses devaneios que não notei que Emmy já havia adormecido em meu colo, seu rosto angelical em minhas pernas, com lagrimas secas que haviam escorrido enquanto ela estava acordada e ainda chorava, ela já estava em sono profundo quando me dei por mim.

- Por favor tenha bons sonhos. _Sussurrei assim que a coloquei em sua cama desejando, implorando, para que ela não tivesse pesadelos, ou lembranças de nossa conversa anterior enquanto dormia._

Fiquei a observando por um tempo, para ter certeza que ela não acordaria ou teria pesadelos, então depois de me assegurar disso eu sai da casa dela sorrateiramente e bem de vagar para não dar a oportunidade dela acordar com o barulho. Assim que sai notei a floresta, que ficava a alguns metros de sua casa, estava silenciosa, como se estivesse de luto, nem mesmo o barulho do vento se escutava. Eu estava um pouco longe de minha casa, então decidi voar, por que voando é bem mais rápido que andando. Enquanto voava não me concentrei em minha visão, e sim apenas em meus pensamentos e devaneios, estava me relembrando das duas histórias que escutei hoje mais cedo. Assim que avistei a porta da frente, pousei, e rapidamente entrei em casa e fechei porta, e fui direto ao meu quarto me jogando na minha cama ainda tentando entender tudo o que se passava...

-Não entendo por que! por que ela tinha que viver algo assim? sofrer tanto por causa de uma divisa que não serve para nada além de separar os que se amam! não entendo por que o amor deles ter merecido um fim tão trágico quanto esse! não entendo o por que de Emfor tem que viver separada de seu irmão, como posso compreender o por que de todos nós não podermos viver juntos?! _Exclamei, a mim mesma e a quem quer que estivesse escutando, indignada._

Apesar de tudo, não demorou muito para eu adormecer, estava esgotada, havia voado muito, caminhado e escutado duas histórias desgastantes hoje, então a única coisa que meu corpo e minha mente queriam agora era descansar...

 ~~Sonhos~~ 

Acordei um pouco desnorteada, sobre o chão umido de um lugar desconhecido, minha visão estava um pouco embaçada, como se tivesse um pano fino ou algo parecido impedindo-me enchergar perfeitamente e não sabia o por que de eu estar lá. O lugar era uma floresta que parecia se estender por muitos metros aos meus lados, ela estava nebulosa e um pouco fria, era arvores grandes e muito compridas, o chão ao meu redor estava coberto de folhas secas, o lugar era escuro e então provavelmente estava de noite. Eu não me lembrava de como cheguei lá, as ultimas coisas de que me lembro era estar deitada em minha cama depois de um longo dia. Ao ver onde me encontrava, ainda no chão gelado, me levantei rapidamente e dei algumas voltas para me localizar melhor, pelo que aparentava, estava sozinha e não havia nada além das grandes arvores. Eu tentei voar mas não consegui, não conseguia sentir minhas asas, era como se elas estivessem envoltas em um tipo de tupor, ao ver que consegui nem sequer abri-las me apavorei... onde eu estava? e o que eu estava fazendo ali? 

Me viro bruscamente para trás ao escutar ao longe galhos se quebrando, olhei na direção de onde vinha o som, mas não consguia ver nada alem de das árvores, então comecei a sentir algo que nunca tinha sentido antes, medo, medo de estar ali sozinha e sem saber como eu poderia ter chegado lá, medo de não saber como sair, medo era uma sensação estranha para mim. Calafrios percorriam meu corpo sem parar enquanto o som de galhos se quebrando ficava cada vez mais perto, como se alguém estivesse correndo ou algo assim, e vindo em minha direção. Vi um forma ao loge, era um pouco destorcida pela minha visão ainda embaçada, parecia ser um anjo, uma menina de cabelos ruivos, olhos cor safira e bochechas avermelhadas pela intensa corrida se aproximava rapidamente de mim, com um ar melancólico a sua volta. Não entendi o que ela estava fazendo aqui, em meio a esta floresta tão assustadora, será que ela também estava perdida? sera que ela havia dormido e acordado aqui? mas quando me reconheci em seu rosto fiquei perplexa e deixei todos esses meus pensamentos de lado, ao avistar o meu próprio eu a minha frente, congelei sem mover nem sequer um músculo nem mesmo os meus pulmões, era como se estivesse vendo qualquer outra pessoa mas realmente era eu...

-Bell ! Bell ! para por favor! não faça isso! _Implorou uma voz que vinha de um lugar mais longe que "Minha copia perfeita"_ -Não pode arriscar se sacrificar por isso, não vale a pena!  _Gritou a mesma voz que reconheci rapidamente, mesmo estando gritando, sua voz ainda tinha um som aveludado e continuava muito bela, só podia ser a de Emfor._

Enquanto "Minha copia" chegava cada vez mais perto, cheguei a uma conclusão: se a ultima coisa de que me lembro é ir dormir e agora estou "me" vendo sem que o meu outro eu me veja, só pode ser um sonho. Ela que não era copia nenhuma, realmente era eu mesma, mas sim em um sonho ou talvez um pesadelo. Pelo que tinha notado, eu estava apenas de telespectador desses acontecimentos, provavelmente conciente em meu próprio sonho, mas por que estava sonhando com aquilo? seria por conta das histórias do dia anterior? mas de qualquer forma não era comum eu ter esse tipo de sonho. Enquanto a "Bell" do sonho passava correndo por mim, sem me perceber a alguns centimetros a sua direita, eu apenas a observava, ela parecia estar determinada a fazer algo, focada de mais no caminho a sua frente, ela parecia não tentar voar mas era como se estivesse de tão rapido que corria. Depois de um tempo, notei que quase todos os que eu conhecia corriam atrás de "Mim", provavelmente tentando me parar, como se para me impedir de fazer algo, quando meu ultimo conhecido passou por mim, em seguida vinheram  mais anjos que eu nunca havia visto ate aquele momento, e que pareciam esbanjar de muita sapiência. Assim que o ultimo anjo passou correndo por mim "a telespectadora", notei algo que me pareceu estranho, por que nenhum deles usavam suas asas?

Continuei inerte por um tempo até que decidi que eu iria atraz deles, eu os segui, tentando alcançar o meu eu do sonho, sem saber o por que deles estarem com tanta preça, então eu apenas corri. O quão estranho era isso? eu tinha uma sensação de que as coisas não iam acabar nada bem. Quando todos pararam de correr,  a estranha sensção eu começou a piorar, pensamentos sem sentido começaram a me atinguir como flechas, pensamentos como se não econseguise imaginar um futuro no qual eu poderia existir, então comecei a ultrapassar os anjos que eu não conhecia, eu logo dei de cara com os anjos que eu conhecia os passando também. Assim que ultrapassei o ultimo anjo que reconhecia no momento "Emfor" me deparei com...

 Acordei assustada, estava ofegante e sentia meu rosto úmido, provavelmente tinha chorado em aquanto dormia, ainda estava em minha cama como na noite passada, mas agora as cobertas estavam espalhadas e emboladas ao meu redor. Suspirei, minha cabeça latejava e eu estava um pouco confusa, não havia entendido nem metade de meu sonho, e o final foi pior de se entender ainda, pois eu não me lembrava, parecia que eu tinha acordado sem que o sonho tivesse acabado. 

Voltei de meus pensamentos para o momento presente quando vi um raio do dia penetrar por uma brecha de minha janela, logo que senti o calor penetrar por ela a abri, para que mais luz entrasse. Assim que a abri veio uma leve brisa, com o cheirinho familiar de rosas, provavelmente as do meu jardim. Então rapidamente me senti melhor com o belo canto dos pássaros que cantavam do lado de fora de minha casa, enquanto aquela sensação ruim não passavam, eu apenas quis aproveitar a visão, então em seguida me levantei queria sair de casa. Estava decidida a tentar me desfazer das lembranças do dia e da noite passada...


PralayaWhere stories live. Discover now