19. Como ser forte o bastante?

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Nada falei, apenas continuei ponderando sobre suas palavras, e entretida em meus próprios pensamentos. Apenas após alguns minutos de silencio que realmente entendi, o verdadeiro significado de suas palavras.

-Como assim? como assim você não sabe o que pode vir a acontecer?_perguntei retirando minhas mãos que envolviam minhas pernas em um abraço apertado, e as levei ate suas mãos que ainda pendia em meu rosto, e as apertei com força._

-É um puco complicado._falou ele com um tom de receio em sua voz grossa._

-O que é complicado?_perguntei cada vez mais aturdida, com o tom de sua voz._

-Pequena, entenda, não posso dizer que sei o que pode vir a acontecer..._falou ele, retirando sua mão de perto de meu rosto, mas ao mesmo tempo a levando para si, minha mão que ainda apertava a sua, junto a ele, enquanto acariciava o dorso de minha outra mão._

-O que isso quer dizer?_falei com a voz tremula._

-Quero dizer, que não sei o que pode acontecer, quando você tentar desfazer a divisa, não fui devidamente informado._Suas palavras saíram como um sussurro e me fizeram congelar, em meu posto._

-Mas... mas... mas você... eu vou poder... o que pode... acontecer comigo? _perguntei gaguejando e franzindo o cenho, enquanto pequenas lagrimas começavam a escorrer por meu rosto._

-Não posso dizer que sei, mas é bem provável que algo aconteça._falou ele, acreditando em suas próprias palavras._

-Por quê? _perguntei o motivo de ele pensar daquele jeito, pois para mim, não era precisamente assim._

-Não achou que seria fácil, não é?_fez ele uma pergunta retórica._-creio que se você conseguir desfazer-la, pode haver uma ocorrência ou ate uma consequência._ ele observou, e percebeu que eu havia arfado, com o que havia dito, e entendeu que eu não entendia completamente o que ele queria dizer._ -nunca ouviu falar, que para cada ato existe uma consequência?_não respondi sua pergunta, mesmo que com sua pergunta, surgiu a resposta de outra._

Suas palavras se esclareceram rapidamente, nenhum som saio por entre meus lábios, por determinado período, eu simplesmente o encarava boquiaberta, meus sentimentos despedaçados, e minhas esperanças roubadas, como ser forte o bastante para aguentar? tanta dor? eu nunca conseguiria dizer adeus a Damon, nunca conseguiria parar de ver-lo, não poderia! se era isso que ele queria que eu fizesse!

-Não! por favor, não..._ implorei sem sequer uma esperança, por trás de minhas palavras._

Abaixei minha cabeça, e apenas deixei as lagrimas escorrem, ao mesmo tempo que elas escorriam, tentei ignorar o grande buraco que se formava em meu interior. Moomt entendeu que eu estava em pedaços, e simplesmente me puxou para perto de si, e me recostou em seu peito, bem no lugar onde ficava seu coração, e me abraçou, acariciando meu cabelo, na tentativa falha de tentar me ajudar, e me acalmar, me fazer parar de chorar, me fazer entender que ele não podia dizer que tinha certeza, mas que parte dele realmente acreditava em seus argumentos.

-Não posso... não consigo... o que eu poderia fazer?_perguntou ele, mais para si mesmo do que para mim._

Não respondi apenas continuei a chorar, milhares de sentimentos e sensações, percorriam minha mente e meu corpo, sentia minhas lagrimas, não só escorrerem por meu rosto, mas também as sentia percorrendo por meu pescoço, e gotejar em sua camisa, que já estava úmida. Quando dei por mim, em cada centímetro onde eu estava aninhada, estava completamente encharcado, de tantas lagrimas, mas eu tentei ignorar o frio que eu estava sentido, e me aninhei mais ainda em sua pele quente, e continuei a chorar em seu peito. Mesmo sonhando eu realmente sentia dor, não completamente externa, mas sim interna, uma dor solida, uma dor que não podia se descrever em palavras.

Meus pensamentos eram vagos, e meus sentimentos e sensações também, quase como se eu os estivesse reprimindo, mesmo vagos os sentia com muita continuidade e intensidade, meus sentimentos era como uma fusão de : Medo, Tristeza, Esperanças Perdidas, angústia, Desorientação, Discórdias, Duvidas, Negação, Culpa, Pesar, e principalmente Sensações de Sufoco. Meus pensamentos giravam e torno principalmente de Damon, e em mim, dizendo adeus, sem nunca telo sentido de alguma maneira, sem nunca telo tido ao meu lado de alguma forma, sem poder saber como seria se nós nos aproximássemos, sem nunca poder ter sentido seu toque, qualquer que fosse. E as sensações que eu sentia, era uma mescla, sentia muito frio e com o frio vinha a sensação de minha pele se arrepiando, minha cabeça latejando, muita dor de cabeça, tontura, um grande nó em minha garganta, frio na barriga, dor de barriga, mal estar, e além de tudo isso se tornando cada vez mais confuso, eu ainda não entendia, o por que de ter de ser eu...

Depois de algum tempo, eu comecei a me sentir novamente estranha, como no começo de meus pesadelo, mesmo Moomt ainda estando acariciando meu cabelo, eu me sentia solitária. Não havia motivos para eu me sentir daquele jeito, eu estava ao lado de Moomt, eu não entendia, mas ignorei, e continuei a chorar em seu colo. Após mais alguns minutos, eu me senti mais estranha ainda, me senti como se eu não estivesse lucida, me sentia sonolenta, e ao mesmo tempo cansada, não sentia mais Moomt acariciar meu cabelo, e nem o calor que sua pele irradiava, que por sinal, era realmente quente, apenas sentia frio, minha visão nada mostrava, as lagrimas impediam grade parte dela, e o resto estava escuro e tenebroso de mais para enxergar algo. Apenas depois de muitas sensações ruins e incomuns, que notei que estava acordando de meu longo pesadelo, talvez Moomt tivesse me libertado, talvez ele não tivesse nada mais a dizer ou compartilhar, talvez ele apenas tivesse que me deixar com o a "Escolha", de simplesmente abandonar e esquecer de meu sonho, ou de seguir em frente, e tentar de uma forma ou de outra desfazer a divisa, como seria o "correto" a se fazer, bom pelo menos para mim, seria o "certo" a fazer. Mas o que eu podia pensar, eu ainda não sabia o que era certo ou errado, bom creio que ninguém realmente sabe o que é certo e o que é errado.

Quando abri meus olhos, notei que minha visão não estava completamente boa, mas o que eu podia esperar, depois tanto chorar? mesmo meus olhos ainda repletos por lagrimas, consegui deduzir que ainda estava escuro, pois meu quarto estava repleto pela escuridão, mas talvez estivesse amanhecendo, pois pequenos raios de sol penetravam minha janela. Eu estava deitada de bruços, e meu travesseiro, estava encharcado de lagrimas, e minha cama estava gelada, mesmo coberta eu sentia muito frio, e eu ainda estava sonolenta, era quase como se eu estivesse presa em minha própria cama em meus próprios pensamentos, mas de certa forma eu não queria pensar, não queria me mexer, não queria voltar a chorar, não queria sentir nem pensar nem lembrar que meu dever era dizer adeus.


PralayaWhere stories live. Discover now