Pralaya

17. Como posso explicar?

Ele olhou para o chão com uma expressão de arrependimento, ele não sabia como me explicar o que, e por que havia capturado Damon. Ele pensava, e eu o observava, sua expressão pensativa, e arrependida, me deixa mais triste, o que poderia ser pior do que o sentimento de arrependimento? não poder mudar o passado. Eu desviei o olhar, e olhei para o lado onde o sol se põe, o oeste, notei que o sol não se moveu nem um milimetro, achei estranho, era como se esta paisagem estivesse congelada, no tempo, por certo período de tempo imaginei que talvez, foi em um por do sol que Damon foi capturado, então Moomt teria que viver neste paralelo, por muito tempo, mas não tinha certeza, e não queria perguntar, havia muitas coisas mais importantes para perguntar, e não fazia sentido, meus pensamentos eram vagos, de certa forma, em contexto geral, não se encaixava.

Enquanto ele procurava a maneira mais fácil de explicar, eu me recordava, do dia em que Emfor havia me contado a historia, do fim da inocência de seu irmão, por seus olhos, e eu me lembrei que ela havia me descrito ele, o Demônio que havia capturado seu irmão, Damon, eu fiquei confusa, a descrição de Emfor não se encaixava com a aparência deste Elemental, Moomt parecia ser belo e puro, não tinha a aparência danificada, com cicatrizes, ele não tinha uma aparência diabólica, não era aterrador, não...

-As aparências enganam._interrompeu ele aos meus pesamentos._

Eu não havia notado que ela já voltara a olhar em meus olhos, eu não tinha percebido, por que ate aquele momento eu estava olhando em outra direção, estava observado o local ao meu redor, apenas quando voltei meu olhar a ele que notei que ele agora olhava para mim, talvez já sabendo com que palavras corretas me explicaria. Quando percebi com que objetivo, havia usado suas palavras anteriores, me arrepiei, e fiquei com medo, e franzi o cenho.

-Não e necesario me temer. _repetiu ele sussurrando, ele era bom em ler mentes._-Bom vou tentar explicar desde o inicio, mas é um pouco complicado.

-Tudo bem já estou acostumada a escutar coisas complicadas.

-Bom, não quero que se assuste, só quero que saiba que eu não sou mais daquele jeito._falou ele com um pouco de desprezo de si mesmo na voz grosa._- "Desejo", creio que essa seja a palavra correta, para descrever o que eu estava buscando, Satisfazer meus desejos, de ter, e fabricar Anjos Negros, sem nenhum deles desejarem isso, bom poucos desejam... Como você já sabe, eu era conhecido, como um dos piores demônios, por sempre que puder, raptar os pequenos anjos inocentes, e curiosos que iam muito a fundo, na floresta assustadora, mas isso era tão desproporcionalmente, que nenhum de vocês, notavam que havia um padrão, esse padrão era continuo._falou ele se lembrando de suas estrategias._ eu apenas capturava, os mais inocentes, os como você, se houvesse lhe conhecido antes, tenho certeza que você seria, para mim um dos meus maires prêmios, minha melhor conquista.

-Por que?_perguntei confusa._

-Você esbanja inocência, se eu conseguisse retirar-la por completo, seria como uma realização._ suas palavra me fizeram começar a tremer, de certa forma eu não entendia, mas o que sim, me fazia temer-lo.

-Não, nunca mais... não a machucaria, nunca._falou ele acariciando minha bochecha, com o dorso de sua mão, tentando me acalmar, mas não deu muito certo._-bom, no dia em que consegui capturar Damon, eu não tinha dado muita importância, que ele estava acompanhado pela irmã, eu tinha o plano de capturar-la junto, mas "felizmente" ela escapou, com a ajuda de seu irmão, você sabia que ele se entregou por ela? ele a salvou, seu ultimo ato de bondade, um ato que não pode ser medido em palavras, nem em números.

Fiquei surpresa com a informação, não tinha nem uma ideia que Damon se entregou por Emfor, talvez da perspectiva dela, não deu para notar que Damon se sacrificou, ate hoje ela não sabe que a ultima prova de amor que Damon fez para ela, foi salva-la, e manter sua alma pura.

-Bom, assim que havia terminado com Damon, e retirado toda sua inocência, eu desejei mais, e fui atrás de Emfor, mas "infelizmente" ela já estava bem longe, e o campo magnético já existia, eu não entendi como a divisa funcionava, para mim parecia um desfio, meu ego foi desfiado a ser submisso e esquecer, nunca mais ter a posse de nenhum outro anjo, e eu acabei... bom por causa de meu grande ego, eu tentei atravessar, mas não deu muito certo.

-O que aconteceu?_perguntei, totalmente envolvida em sua historia._

-Bom, a divisa era como um... um... portal, para outra dimensão, nessa dimensão, eu acabei descobrindo que a luz pode ser descrita como a escuridão._falou ele com um certo ar de descrença de suas próprias palavras._ descobri também, que haveria volta para minha alma, poderia ser bom, apenas tinha que passar meu conhecimento ao ÚNICO, que poderia, de certa maneira destruir o campo magnético, que ainda, não existia, mas por sorte hoje existe, por ele ainda não saber que esta predestinada a juntar novamente estes dois mundo._

-O que? como assim? a alguma maneira de desfazer a divisa? e todos poderiam conviver em paz? _ minha esperança nunca foi maior, que fiquei com medo, que ela fosse tirada de mim._

-Bom, de certa forma, sim._falou ele, ele não retirou minha esperança, apenas me deu mais esperança a me agarrar._

-Quem é esse anjo? você precisa tentar convense-lo a desfazer a divisa!_falei entusiasmada, quando ele havia dado mais corda a minha esperança._

-E o que estou tentando._falou ele com o mesmo sorriso reto e sem cor de antes._

-E-e-e-eu?_perguntei chocada e confusa, em resposta ele apenas concordou com um movimento, com sua cabeça._ -N-não v-você deve e-estar e-engando!

Falei me colocando de pé em um pulo, eu comecei a anadar para trás, estava com medo e confusa, não poderia ser eu! ele se levantou rapidamente, ele veio em minha direção, e me abraçou, com força, me impedindo de continuar a andar para trás, como se estivesse tentando me acalmar, mas de uma forma ou de outra eu começaria a chorar, estava chorando mais do que em qualquer outra vez, estava com medo, assustada, surpresa, intrigada, com panico, com muito frio na barriga, com calafrios, minha cabeça estava latejando, meus pensamentos confusos, estava completamente perdida em pensamentos.

Não compreendia, não podia ser eu! eu não! não consegui, não ter medo. Eu lutei contra seu abraço apertado, assim que ele leu meus pesamentos, soube que eu queria sair, me soltou, ele talvez não houvesse sentido que eu queria sair, talvez eu fosse fraca de mais em comparação a ele. Bom eu não me importava com força, assim que ele me soltou de seus braços, eu novamente comecei a andar para trás, ele leu minhas intenções em minha cabeça, e tentou fazer outra aproximação, para tentar me impedir de correr, mas não funcionou, eu já havia escapado de seus braços, e comecei a correr, e correr, mesmo sem rumo. Entrei fundo na floresta, sem saber para onde eu estava indo, não enxergava nada, as minhas lagrimas me impediam de ver, eu apenas queria sair de la.

-Você não pode fugir disso, você tem uma decisão a tomar._escutei ele falar de longe, talvez tentando me acalmar, mas não funcionou, eu não parei de correr._

Suas palavras foram claras, eu era a que estava predestinada, eu seria responsável por tudo isso? eu não entendi quando ele falou sobre uma decisão que eu devia tomar, mas que decisão era essa? o que eu devia fazer? como fazer o correto? sem desapontar ninguém?