Pralaya

22. De certa forma.

          Encarei Emfor por certo período de tempo, nesse lapso de tempo, lagrimas não paravam de escorrer por meu rosto. Emfor sustentava meu olhar, mas a dor que se via em seu olhos era cada vez mais evidente. Ela parecia estar ressentida com sigo mesmo por não me permitir fazer o que era "Correto" para mim. Mas eu a entendia, de certa forma, que ela apenas não queria me perder ou ate mesmo arriscar me perder... então no fim das contas, ela apenas estava tentando me proteger do desconhecido, do que ela mais temia que acontecesse, que naquele momento, era apenas o medo de me perder. Depois de sustentar seu vívido olhar, por tempo suficiente, para se dizer que poderia ver sua "Alma" através de seus belos olhos, eu voltei meu olhar para o chão, consegui controlar minhas lagrimas, e elas pararam de escorrer. Depois de certos pensamentos, que provavelmente todos ali haviam escutado, eu finalmente olhei para cima, mas não para Emfor, Welmer ou Emmy e sim para a porta. Então em seguida eu comecei a andar, em direção a saída de meu quarto, sem olhar dentro dos olhos dolorosos de Emfor. Eu simplesmente passei lentamente ao seu lado, resvalando em seu braço. Eu sabia que ela apenas me deixou passar sem nenhum impedimento, por ela já haver escutado meus pensamentos, e saber que eu não teria coragem de ir longe, e quebrar uma regra que ela me impusera. Eu andei um passo de cada vez. Lentamente. Passei inicialmente pela cozinha, mas depois fui em direção a sua saída, para ir de encontro ao meu jardim. Eu podia escutar eles me seguindo e me observando receosamente, passar pela porta, ainda lentamente. Meus pensamentos eram vagos, confusos, caóticos, então simplesmente eu tentei pensar em puramente e unicamente "Nada" enquanto marchava aos poucos. Depois de entrar em meu jardim, eu espontaneamente me sentei no chão, em torno de mim minhas belas rosas que soltavam seu perfume natural, e me sentei a alguns centímetros a frente de minhas belas e únicas rosas brancas, que se contrastavam unicamente e vividamente com as vermelhas. Escutei passos calmos, vindo em minha direção. Inicialmente virei minha cabeça naquela direção, por apenas segundos olhei no rosto dela, e em seus olhos, depois desviei meu olhar novamente a minhas rosas brancas. Me relembrando da vez em que ela me comparou com elas. Que eu era apenas um pouco diferente, como uma pequena rosa branca, em meio de milhares vermelhas.   

Escutei Emfor calmamente se sentar ao meu lado, eu ainda não havia olhado em seus olhos, mas parte minha sabia que ela me encarava. Não sabia exatamente minha expressão naquele momento, mas tinha uma pequena ideia. Pelo que eu estava sentindo naquele momento, minha expressão era vazia, sem nada demostrar, sem nada expressar. Depois de certo período de tempo observando meu belo pé de rosas brancas. Com aquela comparação em mente. Soprou uma brisa leve vinda do leste, que fez com que uma pequena pétala branca da minha rosa, se desprendesse do resto da bela rosa, e viesse em direção, trazida pela brisa a mim, e depois de umas pequenas rodopiadas por causa do vento contraditório, aterrizou em meu colo. Eu a peguei e a aproximei de meu rosto, pude sentir o peculiar perfume, mesmo vindo da quela pequena pétala, o perfume ainda era predominante. Por instantes, eu me perguntei se isso significava algo especifico, mas em questão de segundos eu abandonei aquela idealização, e me questionei sobre Emfor... 

-Emfor? você nunca mencionou... nunca mencionou sua Alma Gemia. _comentei ainda sem olhar em seus olhos, apenas observando a pequena pétala branca, que agora estava em minha mão._ 

-Por certo, nunca mencionei... _o tom profundo de sua voz, chamou minha atenção, o que fez meu olhar se voltar a ela, em sua direção, com uma pequena curiosidade surgindo e alvoroçando meu interior._

-O que houve? _perguntei calmamente._-algo... algo aconteceu?

-Não, apenas... apenas não o encontrei, ainda. _Emfor pronunciou a ultima frase com um ar de desdém._

-Mas ele esta aqui? quero dizer deste lado...

Interrompeu ela já sabendo ao que eu queria tantar me referir.

-Certamente._falou ela com um meio sorriso se colocando em seu rosto em seu rosto tristonho._

Eu já entendia o que ela queria dizer. Ele estava aqui. Ela apenas ainda não procurou saber ou se informar. Não era tal qual como eu. Ela não estava completamente separada dele, por um campo magnético completamente intocável, era ela que ainda não havia saído deste povoado para encontra-lo. Me perguntei se havia muitas Almas Gemias que ainda estavam separadas, que ainda não se encontraram. Não podiam ser muitas.

-Não quer encontra-lo?_perguntei se ela não se sentia incompleta, de alguma maneira._

Ela apenas respondeu que não, com a cabeça. 

-Por que? _pergunto realmente interessada no motivo pelo qual fazia ela não querer conhece-lo._

-Não que eu não queira encontra-lo ou conhece-lo, apenas creio que este não seja um momento adequado.

-Mas e antes? antes de ter que se... de se preocupar comigo?_falo relembrando a ela que houve um tempo em que não havia motivo para não querer encontra-lo._

-Bom... creio que eu nunca tive um interesse a altura._falou ela dando de ombros._

Eu ainda não entendia completamente, não compreendia o por que dela não querer, ou ao menos se interessar em encontra-lo ou em saber se ele estava bem, ou feliz. Para mim, antes eu não entendia o que significava, não sabia o que era... como era, para mim era apenas algo bonito de se ver, algo que eu achava belo e insuperável, parecia um elo ou uma união inquebrável. Algo que podia fazer meu coração oscilar, mas ainda continuar a bater. Mas agora sei o quanto é importante para mim, o quanto significa, o quanto ele significa para mim.

-E Welmer? você sabe? onde esta a... Alma Gemia dele?_perguntei agora sobre Welmer, eu nuca o havia visto ao lado de alma gemia._

-Sim, Celloy esta aguardando que ele retorne para casa.

-Celloy... belo nome... como ela é? _perguntei sem saber se ela já a havia conhecido._

-Bom... eu não a vi muitas vezes. Mas o que recordo, são apenas suas principais características. Seu belos olhos cinzentos. Que são realmente os mais profundos que já tive o privilegio de contemplar._falou Emfor se lembrando das raras vezes em que viu Celloy._ -Recordo também de seu belo cabelo loiro e extremamente comprido. De seus lábios rosados, e de suas bochechas coradas. _Pela descrição que Emfor me dera, eu já montara uma imagem de Celloy em minha imaginação, mas ainda não a conhecia, então não podia ser exata._  -Eles são muito unidos, ele realmente se sente mal por deixar-la sozinha... 

-Então ela esta sozinha? quero dizer, ela não tem ninguém com quem conversar, ou passar o tempo.

-Sim, ela tem muita companhia, mas ainda... há uma distancia entre eles agora..._Emfor parou de falar, quando se lembrou que eu também estava separada de quem eu amo._ -Me desculpe.

Eu nada respondi, apenas continuei a encara-la, pensando como seria bom conhecer Celloy. Pensei que talvez eu a visse em breve, pois pelo que Emfor havia me contado, eles são quase inseparáveis, e agora ele não esta com ela, então eles devem estar sentindo uma grande dor e aflição.