26. Provavelmente .

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                              Provavelmente Emfor ainda estivesse esperando minha resposta, mas eu já mal me lembrava de como pronunciar as palavras certas para responder-lhe de uma maneira que soasse ao menos coesiva. Então depois de pouco tempo de pensamentos tormentosos e temerosos, eu simultaneamente me virei para olhar em seus olhos que esbanjavam abatimento e desolamento. Assim que olhei profundamente em seus olhos inquietos, não pude segurar minhas lagrimas, que por pouco tempo antes havia conseguido combate-las. Não consegui encarar-la por muito tempo, pois a sensação de culpa não dava brechas para meu "ser" respirar e aquetar meu interior. Então simplesmente desviei meu olhar para o chão ainda sem dizer nada, e depois de muito esforço consegui pronunciar as palavras certas, mesmo com uma voz falha e tremula. 

-Emfor... não deixe sua inquietação e sua apreensão dominar seu coração inquieto e solícito... não importa o que ocorra, não importa sua decisão... você jamais devera se arrepender delas, são elas que lhe delimitam. _ Falei ainda olhando para o chão, tentando não pensar, e obviamente sem nenhuma expressão especifica esbanjada em meu rosto, ela aceitara minha resposta._

Eu novamente me virei, suspirei e continuei, a andar em direção de meu quarto. Enquanto caminhava lentamente, com meus olhos cheios de lagrimas, ainda olhando para o chão. Quando notei um feixe de luz de sol em meu rosto, e levantei meu olhar em direção a porta semi aberta de meu quarto, notei que o por do sol ainda se via pouco intensamente pela porta não estar nem totalmente aberta nem totalmente fechada, uma uma parte do reflexo da luz quase inexistente do por do sol se via vividamente. Que talvez agora só faltasse alguns segundos para o sol desaparecer no horizonte, que sua luz calorosa refletia lidamente nas gotas de orvalho nas teias de aranhazinhas, que ficavam pouco ao longe de minha casa, entre duas pequenas arvores cujo as folhas eram em tos opacos e amarelados.  

Andei passos pequenos e lentos ate passar completamente pela porta de meu quarto, então assim que estava inteirante dentro de meu pequeno "refugio", fechei delicadamente a porta, e encostei minhas costas nela e escorreguei em direção ao chão, coloquei minhas pernas entre meus braços e encostei minha testa nelas, então eu simplesmente fechei meus olhos, e deixei alguns pensamentos que reprimira antes correrem soltos por minha mente. 

Provavelmente eu não conseguiria cumprir meu objetivo. Talvez eu congelasse ao chegar perto da divisa. Provavelmente eu tropeçaria tentando correr mais rápido, e simultaneamente cairia no chão. Talvez Emfor me impediria de fazer o que eu achara ser o certo. Talvez não fosse tão fácil quanto parecia ser em meus pesadelos. Provavelmente eu não conseguiria nem passar pela janela, sem deixar Emfor saber.

 Estes pensamentos me deixavam cada vez mais inquieta. Então eu simplesmente resolvi me levantar. Assim que fiquei de pé, mesmo tendo inicialmente cambaleado um pouco, consegui me manter completamente ereta. Andei alguns passos em direção a janela, que ficava posicionada em cima de minha cama um tanto bagunçada. Mas no pouco andei eu instantaneamente congelei ao escutar o barulho da porta de meu quarto sendo aberta. Me virei apavorada, em direção a porta de meu quarto sendo rapidamente aberta, acreditando ser Emfor que viria tentar me impedir. Mas por sorte, era apenas Emmy. Ela entrou um pouco apresada, e cerrou rapidamente a porta. O pouco que a porta havia ficado aberta, pude ver que todos os que estavam anteriormente na sala, agora não estavam mais.

-Be...

-Por favor Emmy... não tente me impedir. _falei a interrompendo, não deixando ela nem sequer terminar de pronunciar meu nome._

-Não, não Bell, eu não vou tentar lhe impedir... mas, pelo menos... por favor, me explique o por que, o por que de tudo isso. _falou ela com algumas lagrimas escorrendo por seu belo rosto._

-E-Emmy... e-eu... eu não tenho uma explicação... eu não consigo lhe dizer o por que... _falei dando um suspiro._ -Por nem eu mesma saber o motivo real para tudo isso estar ocorrendo... talvez seja apenas o nosso dever... provavelmente seja algo que devemos cumprir sem pestanejar...

-Mas Bell! você não sabe o que pode acontecer com você! _disse ela me interrompendo._ -talvez no final você nada aconteça com você e você saia ilesa, talvez você possa viver ao lado de Damon feliz, e sua existência  protegida... _ disse ele sendo otimista._ Mas o mais provável é que algo aconteça com você, e não sabemos o que pode ocorrer. Provavelmente você vai se sacrificar em vão.

-Emmy, nada do que eu fizer vai ser em vão. Pelo menos para mim. _falei um tanto angustiada para ela._ 

Minhas palavras inicialmente cerraram seu choro, então ela veio andando rapidamente ao meu encontro, me abraçar. Enquanto estava envolvida em seu abraço apertado, pude escutar novamente suas lagrimas escorrerem por meu rosto, e caírem em meu ombro. E eu retribuirá seu doce e nostálgico abraço. Assim que ela me soltou de seu abraço envolvente, ela segurou meu rosto entre as delicadas mãos, e com um pequeno sorriso forçado disse docemente. 

-Bell, tanto para mim quanto para todos que aqui estão presentes, sabemos que tudo que você fazer, ou deixar de fazer vai sera em vão, nunca sera sem uma recompensa, mas também nunca sera sem um medo ou uma dor... E se você conseguir realizar o que tanto almeja, e se sair bem, todos ficarão agradecidos, todos, incluindo Damon. _assim que ela pronunciou aquele nome, meu coração novamente oscilou, e não consegui mais combater minhas lagrimas, e minha "dor" que se tornaram mais forte do que eu, reapareceu._ 

Como eu poderia cumprir o que achara ser o certo, se a ideia de decepcioná-lo não sairia e minha mente. Como eu, seria forte o bastante? Minha mente latejava e meu coração oscilava, não queria deixa-lo, sem ao menos dizer um adeus. Provavelmente eu não conseguiria...

-Não pence isso, não seja tão negativa, você ira conseguir... _ suas palavras eram extremamente sinceras, o que me fizeram começar a chorar novamente, desta vez mais do que antes._ -Não, não chore pequenina._ falou Emmy repousando meu rosto em seu peito, onde podia escutar seu coração bater._ -Tudo bem... -falou ela depois de um tempo, se afastando alguns centímetros de mim, e olhando em meus olhos, sustentando meu olhar doloroso e cauteloso._ -bom... acho que é melhor você se apressar, por que já é tarde... o sol já se pós, você apenas tem alguns minutos antes que lá fora que fique completamente escuro, creio que é melhor você... v-você ir agora. _falou com sua voz falha e deixando escapar uma lagrima._

-Tudo bem... também acho que já seja tarde... _Falei me virando novamente em direção a janela, mas antes de andar qualquer passo, comecei a virar minha cabeça lentamente para o lado, e observei meu quarto, por se fosse a ultima vez que eu o vira, eu queria pelo menos ter uma memoria de algo material. Por fim, me virei para dar uma ultima olhada em Emmy._ -Obrigado. _ falei extremamente agradecida por tudo que ela havia feito por mim._

-Eu que agradeço... _falou ela dando um sorrisinho torto._




PralayaWhere stories live. Discover now