02- Recaída (H + M)

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Capítulo II

    Acordei às seis com o cheiro de café vindo da cozinha.
    Me enrolei em um lençol e me deparei com o meu ex-namorado nu, em frente ao fogão, preparando café com torradas. Estaria eu sonhando?
    — Bom dia, Lalá! — ele veio em minha direção e beijou minha testa.
    — Bom dia... Puxa, achei que estivesse sonhando...
    — Eu também. Acordar ao seu lado depois de tanto tempo é completamente surreal. Acredita que tive dificuldade para encontrar a lata de café? ― ele começou a rir e vimos que, por mais que desejemos, algumas coisas não são como antes.
    — Mudei algumas coisas de lugar... Afinal, faz muito tempo...
    — Sim. Vi também que comprou um sofá novo, uma TV de tela plana... Deu um up no apartamento! Da última vez que estive aqui, assistíamos TV deitados em um colchonete... E ainda era daqueles televisores de tubo...
    — Ah, não enche, Toni! Era um apê de universitária! — falei rindo, dando um empurrãozinho no seu ombro. —  Além disso, comprei minhas coisinhas aos poucos. Sabe como é salário de professora, né?
    — A professora mais linda do mundo! — ele me deu um selinho apertado e continuou falando com admiração. — Você sempre foi muito estudiosa e determinada, desde o colégio... Puxa, só de pensar que, apesar de desejar revê-la todos os dias, nunca pensei em tê-la assim, comigo.
    Antônio parecia tão satisfeito enquanto servia o café da manhã!
    — Confesso que ainda estou meio perdida diante dessa situação — falei.
    — Minha linda... Eu sei que foi tudo muito inesperado...  Mas você promete que pensará na minha proposta de voltarmos?
    — Não sei, Toni... Como faria com relação à sua esposa?
    — Ainda não pensei. Mas se você aceitar ficar comigo, farei de tudo pra resolver a nossa situação. Não quero te perder novamente!
    — Ai, Antônio...
    Antes mesmo que terminasse de completar a frase, meu ex-namorado se levantou da cadeira com o pênis ereto e veio para cima de mim, puxando meu lençol e beijando-me os seios e a face. Segundo round.
    Ele me carregou nos braços e me fez sentar na pia, ficando de frente para mim, deliciando-se com meu corpo. A pia estava gelada e um pouco úmida, o que causara um leve choque térmico, me fazendo arrepiar ainda mais...
    Antônio parou por um momento e foi até a geladeira. Voltou com um pote de geleia nas mãos, lambuzou os dedos com o doce e os esfregou no bico dos meus seios, seguindo com doces chupadas. Intercalava as lambidas com beijos na boca, me fazendo sentir o gosto doce de cereja misturado ao café recém-tomado.
    Para fazer parte daquele jogo, mergulhei dois dedos no pote de geleia e os chupei, deixando-o louco de tesão... Sem pensar, ele me desceu e me fez voltar na cadeira, antes de esfregar a geleia por toda a extensão do pênis, enfiando em seguida na minha boca, permitindo assim que saciasse toda a nossa volúpia.
    Quem era aquela que estava ali, se deliciando naquele pau? Jamais poderia imaginar que em plena matina de um dia letivo qualquer, eu estaria ali, transando na cozinha do apartamento, sem me importar com nada... Algo parecido com isso acontecia somente nas noitadas de sábado ou domingo, quando algum namoradinho vinha dormir comigo. Aquele homem, de fato, me tirava a razão!
    Depois de tantas chupadas e lambidas na cozinha, fomos até o banheiro. Tomamos uma ducha para retirar os últimos resquícios de geleia. Tomamos uma chuveirada morna, demorada e sem pressa... Tocamos nossas peles deliciosamente molhadas em eróticas carícias. Debaixo da água morna, Antônio me virou de costas, encostou-me na parede e se encaixou, penetrando-me com força... Puxou meu quadril uma, duas, dez vezes... E estocou-me com o membro duro, sedento por prazer... O barulho da água caindo, o vidro do box embaçado, aquelas mãos firmes e familiares me agarrando pelas ancas, o cheiro, nossos gemidos... Ai... Gozei deliciosamente...
    Antes de fazer o mesmo, Antônio tirou o pau de dentro de mim e colocou-me de frente para ele. Masturbou-se, gozando sobre mim e urrando de tesão. Assim que o fez, esfregou o esperma em meu ventre de tanquinho e elogiou o piercing que agora havia no meu umbigo, me chamando de gostosa e devassa.
    Terminamos nosso banho e, a partir daí, Antônio teve de se arrumar às pressas, pois teria que passar em casa e se trocar antes de ir para o trabalho. Afinal, seria estranho trabalhar dois dias seguidos com a mesma roupa.
    Eu fiquei em casa, absorta em meus pensamentos, até dar o horário de almoço. Almocei uma lasanha requentada que estava na geladeira e fui para a escola (eu trabalhava apenas no turno da tarde).
    Mais uma vez, Caíque tinha faltado. Realmente, a história de Antônio se encaixava – Elaine, pelo visto, tinha mesmo viajado com o pequeno, na tentativa de fazer algum tipo de chantagem emocional.
    Após um dia sem contratempos, fui para casa. Mais tarde, sem telefonar nem avisar, Antônio tocou o interfone.
    — Boa noite, linda! Trouxe comida.
    —Antônio?! — demonstrei surpresa e apertei o botão — Abriu? Pode subir.
    Enquanto ele subia, fui para a porta do apartamento. Ele subiu carregando uma sacola e foi logo me abraçando.
    — Você nem avisou que viria, Toni...
    — Na pressa, acabei não perguntando seu atual número de celular. Estou atrapalhando algo? Está ocupada? — falou, olhando por cima do meu ombro, bisbilhotando o interior do apartamento.
    — Não... Imagina... Fique à vontade.
    Ele entrou e já foi enlaçando minha cintura e me dando um beijo na boca bem apertado. Sentamos à mesa e jantamos a comida japonesa trazida por ele. Conversamos sobre trivialidades, falamos sobre como havia sido boa aquela manhã e a saudade que matamos. Antônio comentou que Elaine sequer atendera o celular o dia todo, mas que havia conseguido conversar com a sogra e sabia onde estavam. Confessou estar com saudade de Caíque e o quanto era injusto aquilo acontecer.
    Ficamos boa parte do tempo conversando e lamentando as más escolhas. O sexo só aconteceu um pouco antes de dormirmos. Algo romântico, à meia luz, com muitos beijos e amassos na cama.
    O dia seguinte era um sábado e passamos o dia juntos, como um casal de namorados. Almoçamos no restaurante que tínhamos o costume de frequentar na época de namoro e, mais tarde, fomos ao teatro. Antônio me confidenciou que há tempos deixara de ter vida social, então, para ele, o nosso encontro estava sendo mais que especial, pois estava sendo um verdadeiro reencontro com o seu "eu" do passado.
    No domingo, fomos a um barzinho na beira da Lagoa. Comemos alguns tira-gostos, bebemos cerveja, namoramos e rimos da vida. Tudo estava perfeito até que, de repente, ouvi alguém nos chamar.
    — Laura? Antônio? — uma voz masculina e afetada, porém familiar, nos chamava pelos nomes. Era evidente a surpresa no tom.
    Me virei e vi que se tratava de Leandro, um antigo colega de escola que tínhamos em comum. Na época, Leandro andava com meu grupinho de amigas, pois ele era gay e nunca se deu bem no grupo dos meninos. Sempre foi um garoto falante, divertido e sem papas na língua. Em outra ocasião, eu teria adorado reencontrá-lo.
    — Oi, Leandro! — eu o cumprimentei e Antônio fez o mesmo.
    — Uau! Vocês estão juntos novamente? — sorrindo, enfatizou a última palavra da frase.
    — Mais ou menos... — me adiantei.
    — Pelo que soube, você havia se casado, Antônio... E você, Laura, namorava um tal de... Paulinho, era esse o nome?
    — Águas passadas, Leandro! — justificou Antônio. — Estou resolvendo a minha situação matrimonial. E quanto a esse tal de Paulinho, acho que não existe mais. Certo, Lalá?
    — Sim... — respondi, torcendo para que nosso ex-colega parasse de fazer perguntas.
    — Ah, então vocês ainda estão se ajustando? — Leandro parecia cada vez mais curioso.
    — Sim, nos reencontramos faz poucos dias. Gostaria, inclusive, que você não comentasse com ninguém, Leandro. Podemos confiar em você? — Antônio pediu.
    — Minha boca é um túmulo! — Leandro cruzou os dedos, estalando os lábios. — De toda forma, foi ótimo revê-los! Você está linda, Laurita, como sempre! Espero que tudo dê certo!
    Despediu-se e saiu requebrando. Logo que dobrou a esquina, vi os lábios de Antônio ficarem duros e seu rosto ficar vermelho.
    — Não devíamos ter dado tanta bandeira! É claro que encontraríamos alguém! — falou quase gritando, consternado.
    — Calma, Antônio! Por que está tão bravo? Ele sabe ser discreto...
    — Discreto? O Leandro? Ele sempre foi fofoqueiro! E se ele comentar? E se mais alguém tiver visto a gente? — falou, dando um soquinho leve na mesa — Deveríamos ter ficado no seu apartamento e sair como um casal normal somente depois que tudo estivesse resolvido...
    — Epa, alto lá! — interrompi, apontando a palma da mão direita em sua direção — Nunca fui prisioneira. É injusto que eu fique o fim de semana inteiro presa dentro de casa!
    — Só até resolvermos minha situação, Laura. Será por pouco tempo e você precisa ter paciência.
    — Ainda não tenho certeza daquilo que quero, Antônio.
    — Como não?! — ele elevou o tom de voz, dessa vez demonstrando raiva genuína.
    — Como vou virar para os meus pais, depois de tudo o que aconteceu, e dizer que voltamos? Assim, sem mais nem menos? Eles não aprovariam que eu destruísse o seu casamento! E mais: você deveria se separar não porque me reencontrou, mas sim porque não ama a sua esposa!
    — Você já é uma mulher independente! Está preocupada mesmo com o que o papai e a mamãe vão achar? — as palavras pareciam cheias de sarcasmo.
    — Ora, eles que me bancaram durante toda a faculdade, e ralaram duro para isso! Ou esqueceu quem pagava meu aluguel e todas as contas de casa? Não sou riquinha como você! — ataquei, pois ele sabia que minha vida não havia sido fácil como a dele, que sempre recebera tudo de mãos beijadas da família. E continuei... — Somente quando me formei, há cinco anos, é que comecei a arcar com minhas próprias despesas. Não posso, simplesmente, me unir a você sem dar satisfação a eles!
    — Estou disposto a largar minha mulher e filho por sua causa, mas você tem medo de enfrentar os seus pais? É isso mesmo, Laura? — senti a raiva crescer dentro dele.
    — Você já a largou faz tempo, só não saiu de casa. Quanto ao seu filho, longe de mim querer que você o abandone. Desejo, sim, que seja um pai presente, independentemente de estar comigo ou com qualquer outra pessoa.
    Neste momento, o desarmei. Caíque era o ponto fraco de Antônio. Ao demonstrar para ele que eu me importava com o menino e queria o seu bem, Antônio ficou sem argumentos. Elevou a cabeça para o teto, esfregou os olhos e, voltando a me encarar com rapidez, soltou um pedido de desculpas que saiu de sua boca mais como um "sculpa" — tipo um latido — e foi logo pedindo a conta.
    Assim que pagou, saímos. Nem esperamos o troco. Enquanto dirigia, Antônio propôs que fôssemos até a casa dele, já que o lugar estava vazio.
    Estava um pouco chateada com o comportamento de Antônio no bar. Por isso, inicialmente relutei, mas depois acabei concordando. Afinal, eu tinha uma curiosidade meio masoquista em saber como era a vida de casado dele.
    Chegando lá, percebi que a casa era BEM melhor do que a minha — aliás, era até injusto comparar meu apezinho com aquela casa. Não chegava a ser extremamente luxuosa, mas era sofisticada. Um sobrado que estava impecavelmente arrumado. Havia uma cozinha enorme com um bom balcão no centro, um jardim e uma piscina, como seu sempre quis ter.
    Tive uma aguda pontada de ciúme da vida que a esposa de Antônio levava. Era como se fosse a minha vida, por ela usurpada, utilizando-se da gravidez para consegui-la. Um pensamento desprezível passou pela minha mente neste momento, qual seja: e se eu tivesse engravidado de propósito naquela época em que ele me deixou? Teria Antônio voltado atrás e se casado comigo?
    Era cretino pensar assim, mas a gente não controla os pensamentos, né? De toda forma, era algo que eu jamais faria, portanto estava apenas especulando. Enquanto eu pensava essas loucuras, admirava a piscina. Antônio percebeu meu olhar e propôs:
    — Vamos nadar?
    — Mas eu não trouxe biquíni...
    — Fique nua. Só estamos nós dois aqui. Além disso, conheço cada centímetro do teu corpo...
    Dito isto, já foi tirando minha blusa e a dele. Em poucos segundos, estávamos pelados dentro da piscina, nos amando. Senti-lo molhado me lembrava da noite em que tomamos banho juntos... Naquele momento, na piscina, sob a luz do luar, a sensação era ainda mais deliciosa.
    Antônio me comeu dentro d'água, ofegante, lascivo, quente e sensual. Foi uma trepada deliciosa! Ocorreu-me que, em todo o nosso tempo de namoro, nunca havíamos transado daquele jeito, ou sobre a pia... Aquele reencontro estava sendo, realmente, surpreendente.
    Ao mesmo tempo, eu tinha receio de que Elaine pudesse voltar. Imagina sermos flagrados ali? Só depois me dei conta de que, caso isto acontecesse, ela estaria com Caíque. Meu Deus! Imagine só se o meu aluno visse a professora dando para o pai na piscina de casa? Seria o meu fim!
    Quando essas preocupações começaram a me assombrar, pedi a Antônio que me levasse para casa imediatamente. Ele alegou que Elaine não voltaria tão cedo, mas eu já havia me arriscado demais.
    Ele me deixou no apartamento por volta das 21 horas. Quis subir e dormir comigo, mas me recusei. Na verdade, já estava começando a sentir falta de ficar um pouco sozinha. Era ótimo transar com ele, mas tínhamos de ser racionais. Nossa situação era muito delicada, e eu, apesar de relutante, já estava envolvida.
    No dia seguinte, assim que cheguei à escola, antes mesmo de entrar na sala, fui abordada pela Diretora, que estava com o semblante horrível. Estranhei, pois Dona Quitéria não era disso. De forma ríspida, ela me chamou para uma reunião na sala dela. Não entendi muito bem por qual motivo estava solicitando a minha presença, mas obedeci. Ao me aproximar da porta, vi que, lá dentro, havia uma mulher baixa, sentada de frente para a mesa do escritório, com os ombros encurvados. Quando adentrei ao recinto, minhas pernas estremeceram ao ficar frente a frente com ela... Elaine!
    Sentada em frente à mesa da diretora, ela me encarou com fúria assim que me viu na porta. Sentei-me, certa de que estava enrascada.
    — Professora Laura, esta senhora é a Elaine, mãe do...
    — Essa vagabunda sabe muito bem quem eu sou! — a mulher gritou, interrompendo a apresentação.
    — Dona Elaine, por favor, vamos manter o respeito! — exigiu Dona Quitéria.
    — Não sei do que a senhora está falando... — tentei disfarçar.
    Ela começou a rir, ruidosa e ironicamente.
    — Trepa com o meu marido na minha piscina e finge nem saber do que estou falando?
    Meu Deus!
    Tomei um susto, quase caí da cadeira! Como ela sabia?
    — Professora Laura... — a Diretora tentou tomar as rédeas da situação — ...a Dona Elaine alegou que a senhora está tendo um caso com o marido dela. Ele é pai de um dos nossos alunos. Isso é inadmissível nesta instituição, Laura. — seu olhar era perplexo e furioso, e, naquele momento, toda a simpatia que ela nutria por mim nestes anos trabalhando juntas, se esvaía.
    — Não é bem isso... — tentei argumentar, mas por dentro sabia que qualquer coisa que eu dissesse poderia me complicar ainda mais.
    Queria confidenciar à Dona Quitéria que Antônio era meu ex-namorado, que nos encontramos por acaso, que nada foi premeditado, e nunca escolheria ter caso com um pai de aluno. Mas nunca faria isso na frente daquela bruaca.
    — E o que isto seria, então? – a minha rival incitou.
    Tão logo disse essa frase, Elaine pegou um tablet que estava em suas mãos e clicou na tela que saiu do modo de descanso e se iluminou. Em seguida, deu play em um vídeo. As imagens em preto e branco mostravam Antônio e eu na piscina. Então havia uma câmera ali? E ele não tinha me dito nada? Meu mundo desmoronou naquele momento.
    — Então, Professora Laura... — Dona Quitéria estava visivelmente constrangida; ela se ajeitou na cadeira e continuou, de forma bastante formal. — Poderia entrar com um processo contra você, mas irei apenas demiti-la. Sinta-se privilegiada por as coisas terminarem assim!
    Havia um misto de tristeza, assombro e decepção em sua voz. Fiquei calada, pois contra fatos não há argumentos. Eu queria sair correndo, ir até minha sala, dar aula para os meus alunos e fingir que tudo aquilo era uma piada de mau gosto. Mas Dona Quitéria me dispensou ali mesmo:
    — Passe na contabilidade para acertar as contas.
    Eu me sentia injustiçada, mas nada podia fazer. Como um lixo, saí da sala encarando a mulher de Antônio. Antes de cruzar a porta, ouvi-a balbuciar: "Vou acabar com você!"
    Estava tão desolada que sequer respondi à altura. Precisava encontrar Antônio! Saí esbaforida, aos prantos. Peguei o telefone e liguei para ele.

15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETOWhere stories live. Discover now