15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETO

18- Renoir II (M + M)

(Cont. do conto anterior - Renoir I)

Goiânia, 09 de Abril de 2015

Querido diário,

Hoje faz um mês que não lhe escrevo. Você não faz ideia do quanto minha vida mudou drasticamente desde aquele dia...

Ao retornar de São Paulo, cheguei em meu apartamento, assei uma pequena lasanha congelada, sentei-me à mesa e comi, enquanto refletia sobre minhas ações. Eu havia traído meu namorado. E por mais que eu me esforçasse, não me passava qualquer sentimento de culpa pela cabeça... Seria melhor se eu estivesse arrependida e pudesse colocar uma pedra no acontecido; retomaria minha vida "normal", hétero, condizente com os padrões da sociedade, me casaria com Tiago, suportaria seus ataques de ciúmes e ofensas, teríamos nossos filhos, ele os levaria para andar a cavalo, e eu seria uma esposa comum. Minha bissexualidade não passaria de uma "fase" de experiência com mulheres...

Ah, se tudo fosse tão simples assim!

A verdade é que eu não conseguia parar de pensar em Mônica. Ter ficado com ela reacendeu minha paixão pelo feminino, fazendo com que meus pensamentos divagassem a ponto de me arrepender de ter iniciado o namoro com Tiago. Talvez eu devesse ter lutado por Ludmila (minha ex)? Se eu tivesse ficado com ela e enfrentado o mundo, será que, agora, com quase trinta anos de idade, eu estaria vivendo este conflito?

Impossível especular. Agora, Ludmila estava morando com outra mulher, eu estava prestes a me casar com Tiago e havia me envolvido com Mônica em uma viagem a trabalho - uma linda paulistana que, por sua vez, também se relacionava com um homem...

Mônica havia suscitado muitos questionamentos dentro de mim. Meus pensamentos giravam como um redemoinho, e, de tanto pensar, minha comida esfriou e eu sequer me dei ao trabalho de reaquecer no micro-ondas. Levava garfadas à boca em um ato automático, já que meu cérebro estava ocupado demais com meus pensamentos que pululavam em minha cabeça.

Antes de ir para o trabalho, liguei o computador e abri minha caixa de e-mails. E lá havia uma mensagem dela. Uma mensagem de Mônica! Assim dizia:

Querida Ana Paula,

Só passei para dizer que estou morrendo de saudades e que amei lhe conhecer. Você é linda, encantadora, inteligente, charmosa e muito, muito sexy!

Tenho sonhado com seu corpo dia e noite... O que você fez comigo, garota? Rs...

Não consigo parar de pensar em você.

Espero que tenha feito boa viagem e que esteja pensando em mim também.

Um beijo (na boca)!

Mônica.

U-A-U! Imediatamente, cliquei em responder:

Mônica,

Eu não sabia que além de linda, culta e estudante de Belas Artes, você também era vidente...

Eu estava exatamente, neste momento, pensando em você. Aliás, penso o tempo todo em como foi bom ter lhe conhecido naquele museu.

Tudo o que aconteceu entre nós foi maravilhoso.

Estou nas nuvens!

Bjs, linda! Saudades.

OBS: Quero meu beijo na boca pessoalmente.

Ana Paula.

Enviei e fiquei olhando para a tela por alguns minutos. Eu não conseguia ser racional diante de Mônica. Nem mesmo estando a quase mil quilômetros de distância. A simples ideia de sua existência, e saber que ela estava sentindo minha falta, era suficiente para eu ficar suspirando de amores.