07- Tango argentino (H + M)

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Foi a primeira vez que viajei para Buenos Aires. A capital argentina sempre me instigara um certo glamour latino que habitara minhas fantasias desde a adolescência.
Eu já havia viajado por quase toda a Europa, América do Norte e Central, e, em minhas andanças, conheci lugares fantásticos e vivi experiências maravilhosas. E por incrível que pareça, apesar de conhecer tantos lugares do mundo, eu ainda não havia pisado em solos argentinos, mesmo sendo um país vizinho ao meu.
Foi quando, um belo dia, em um feriado prolongado, decidi, sem muito questionar, que estava na hora de conhecer a capital do tango.
Comprei a passagem, fiz uma pequena mala e fui... Mal sabia eu que, mesmo tendo conhecido tantos lugares ao longo de minha vida turística, nenhum deles foi tão marcante quanto esta viagem que eu estava prestes a fazer.
Aos 48 anos, divorciada e sem filhos, eu era a personificação da independência feminina: ia para onde bem queria e fazia o que melhor me aprouvesse, sem ter que dar satisfação para ninguém. Meu salário de servidora pública federal era mais que o suficiente para bancar meu apartamento classe média alta, meu carro do ano, minhas viagens, meu personal trainner e meus procedimentos estéticos caros. Confesso que, às vezes, bate uma certa solidão, e penso se não seria melhor ter constituído uma família com filhos, marido, cachorro e empregada... Mas quando vejo minhas amigas que estão nessa situação, que mais se assemelha a uma zona de conforto do que uma verdadeira satisfação pessoal, logo ressignifico meus pensamentos e vejo que minha vida é muito mais interessante que a delas.
Chegando em Buenos Aires, deixei minha mala no hotel previamente reservado, próximo ao Obelisco, e fui almoçar em Puerto Madero. Adorei a comida, o ambiente, a gentileza dos garçons... Tudo! De imediato, não pude deixar de perceber o quanto os homens argentinos são maravilhosos! Não, não é exagero... Eles são espetaculares! A maioria deles é moreno-claro, cabelos escuros, estatura média, porte magro a atlético e alguns usam cavanhaque estilo Rick Martin. Além disso, o idioma espanhol lhes conferia um aspecto ainda mais quente, pois, a cada frase entoada de um jeito sexy, parecia um convite para a cama. Eu parecia estar no paraíso! Fora os olhares lascivos que grande parte deles lançava para mim e para todas as brasileiras ali presentes... Parecia que eles reconheciam as brasileiras pelo ar... Onde houvesse uma brasileira, ali havia um argentino cortejando-a. Incrível! Acho que o nosso gingado e a forma como nos portamos, são reconhecidos mundialmente, e isso cria um fetiche no imaginário dos gringos, o que faz com que nossa fama seja de mulheres hot.
Após passear por diversos pontos turísticos na cidade, no terceiro dia, fui em um show de tango e sentei-me na primeira fileira. Acho o tango uma das danças mais sensuais do mundo, e sempre me imaginei sendo conduzida por um argentino tangueiro, apesar de não levar o menor jeito para a dança.
Ao chegar no teatro que, de tão chique, mais se assemelhava ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, eu estava ansiosa que não cabia em mim. Como o teatro era equipado por mesas e cadeiras, pedi um vinho, o qual degustei-o enquanto aguardava o show.
Cortinas se abriram ao som de La Cumparsita, tocada por um grupo composto por aproximadamente doze músicos; dentre eles, o que mais me emocionara fora o acordeon, visto que as notas ganhavam uma melodia melodramática, suave e sensual assim que saíam do instrumento e se propagavam em meus ouvidos.
Na segunda música, entrou um casal maravilhoso dançando Adiós Nonino, e, após umas seis oitavas, entrou outro casal, juntando-se a esse, e, em seguida outro, e depois outro. Assim, quatro casais rodopiavam ao som do clássico de Piazzolla, criando desenhos no palco, trocando posições, olhares e magia.
Todos os dançarinos me chamaram a atenção por sua beleza, força tenaz e energia emitida pela dança. Um deles, porém, me chamara mais atenção do que os demais... Não sei por quê. Não era o mais bonito, nem era o que dançava melhor... Mas ele tinha algo a mais que os outros não tinham. O dançarino que roubara minha atenção possuía certo magnetismo no olhar, no jeito de conduzir sua parceira e na fluidez com que seus movimento aconteciam. Não pude evitar os pensamentos sexuais enquanto o observava. Enquanto ele dançava com a moça de vestido vermelho, eu o imaginava na cama, ofegante de sexo, puxando-me pelos cabelos... Ah, tais devaneios eram inevitáveis, pois ele dançava de um jeito muito sensual!
Foi quando, em determinado momento do show, todos os dançarinos foram para detrás do palco, restando somente o grupo musical que tocara um tango em versão instrumental, até então desconhecido por mim. Neste momento, meu dançarino predileto entrou com uma rosa vermelha em mãos, e, ao som do grupo, pôs-se no meio do palco e começou a declamar uma espécie de poema argentino, que, mais tarde, soube que se tratava da letra de um conhecido tango de Carlos Gardel, que assim dizia:

15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETOWhere stories live. Discover now