15- O estagiário da biblioteca (H + M)

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Durante toda minha infância, sempre fui muito recatada. Tímida, fazia amizade apenas após muito tempo de convivência. Não sei por que. Acho que minha personalidade tendia à introspecção e eu preferia ficar fora dos holofotes, observando o mundo, as pessoas e analisando comportamentos.

No ensino médio, cortei uma franja enorme de cabelo, quadradona, tampando toda a testa, que servia para que eu me escondesse ainda mais do mundo. Eram apenas eu, minhas sardas e minha franja cor de cobre como uma viseira sobre o rosto.

Obviamente, sofri bullying e carreguei todo o estereótipo de "esquisita", "caladona" e "bicho do mato". Dada minha natureza nada extrovertida, sequer me aproximei dos meninos e meninas populares do colégio, tendo feito amizade apenas com duas garotas igualmente tímidas.

Como eu era a típica nerd, fui uma estudante exemplar e devoradora de livros. Passava todo o meu tempo livre na biblioteca lendo as coleções de Ágatha Christie e Sidney Sheldon, bem como alguns livros de poesia. No final do terceiro ano, eu havia acabado de completar dezoito anos e, em uma dessas andanças pela biblioteca, notei a presença de um novo estagiário trabalhando na reposição de livros nas prateleiras. Era um rapaz cor de chocolate, olhos de mel e cabelo raspado. Forte, aparentava ser da minha idade mais ou menos.

Foi a primeira vez que senti minhas pernas bambearem por um homem. Incrível como eu apenas o via de longe e já enrubescia, suava frio e minhas mãos ficavam geladas.

Durante semanas, observei aquele rapaz ao longe repondo os livros deixados nas mesas pelos estudantes, colocando-os com cuidado nas prateleiras. Por causa dele, demorei mais tempo para ler "Assassinato no Expresso Oriente" do que de costume, pois, apesar de ficar sentada na mesa com os olhos baixos em minha leitura, não conseguia me concentrar a cada vez que ele passava por entre as estantes. A cada deslocamento, eu levantava os olhos, o observava entre os fios de minha franja e fitava seus músculos, seu jeito emburrado e sua cara de poucos amigos.

Nunca o vira conversando com ninguém. Pensara que talvez ele fosse tímido como eu.

Certo dia, véspera de feriado, eu estava com uma pilha de quatro livros nas mãos, à procura de um quinto livro para me entreter no período não-letivo. Uma de minhas amigas, Denise, havia me acompanhado até a biblioteca, pois ela também estava buscando um entretenimento para o feriado. Como Denise já havia encontrado o livro que procurava, ela dispôs-se a me ajudar na busca pelo último livro que eu procurava. De repente, escuto-a dizer ao longe:

- Ana! Encontrei o seu livro!

O silêncio sepulcral da biblioteca foi seguido por um "shhhh" por parte da bibliotecária que fez sinal com o dedo para que ficássemos caladas. Envergonhada, saí andando de fininho rumo à Denise, quando, antes mesmo de dobrar o corredor, trombei com ELE! Sim, cara a cara! Meus livros caíram no chão e olhei para seu rosto assustada. Ele me olhou profundamente com seus olhos de mel e, sem dizer uma palavra, abaixou-se para pegar os livros do chão. Neste momento, a bibliotecária veio em nossa direção e disse, raivosa:

- Ei! Vocês dois! Será que além de não fazerem silêncio, vocês ainda têm que fazer bagunça?

O belo estagiário, neste momento, pôs-se a falar, e, pela primeira vez, ouvi sua voz:

- Senhora, na verdade quem quebrou as regras de silêncio da biblioteca foi a outra garota. Esta estudante aqui - disse, referindo-se a mim - apenas trombou comigo sem querer e deixou os livros caírem.

Gelei. Ele estava me defendendo? Puxa, ele nem sequer me conhecia! Foi tão chocante que não consegui dizer uma só palavra. Apenas assenti com a cabeça quando a bibliotecária disse-me:

15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETOKde žijí příběhy. Začni objevovat