11- No palco I (H + M + M)

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Curso teatro desde os doze anos de idade na Escola de Atores de Belo Horizonte/MG. Sempre amei representar, envolver-me com a personagem, vivenciar os textos e apresentar as peças para o público.

Ao longo desses oito anos de vida artística, representei vários papéis: mocinha, bandida, megera, anjo, retirante nordestina, bailarina contemporânea, estrela da Broadway, traidora, traída... Enfim, eu já havia experimentado uma série de representações e, em cada uma pude dar tudo de mim e viver todas elas com fortes emoções.

Acredito que cada papel contém, de certa forma, um pedaço de mim. Uma espécie de autobiografia não revelada no dia a dia, mas que os palcos me permitem viver.

Também vivi papéis de coadjuvante, claro! Aliás, a maior parte de minhas representações não foram de protagonista. Devo ter tido, ao longo de minha carreira, uns cinco papéis principais. Os demais foram de menor destaque, porém, não de menor importância. Isto porque, mesmo quando faço uma simples figurante, atuo com todo vigor. Acho que esse é o verdadeiro espírito do artista: dar importância para seus papéis, independentemente do destaque que cada um venha a ter.

Obviamente, nem todos os atores e atrizes têm esse pensamento, pois o meio artístico é movido a ego. Infelizmente, vi vários colegas abandonando a carreira por acharem que a escola não dava o devido espaço que eles mereciam... Uma pena! Eu, como persisti, aqui estou, até hoje, ganhando cada vez mais destaque e conquistando meu espaço.

Por tanto amar minha profissão, jamais neguei um papel. Ciente disso, eis que minha diretora, certo dia, fez-me um convite bastante singular:

- Stella, estamos com um novo projeto de um famoso roteirista que veio de Las Vegas para firmar uma parceria com nossa companhia. Gostaria de saber se você tem interesse em participar.

- Uau! Claro! - era a primeira vez que firmávamos uma parceria internacional.

- Rsrs! Mas você nem sabe do que se trata, mocinha... - brincou minha diretora.

- Confio em você, Magda. Se está me oferecendo a participação, só pode ser coisa boa. - respondi, mostrando toda disposição.

- Como é bom poder contar com você! Mas, olha... Sinto-me na obrigação de lhe contar que a proposta é um pouco diferente...

- Diferente, como? - perguntei, curiosa.

- É uma peça imprópria para menores de dezoito anos. Há cenas de sexo e nudez...

- Mas... Eu nunca fiz esse tipo de cena... - falei, um pouco insegura.

- Sempre tem a primeira vez, querida. E você tem um corpo fantástico, além de representar muito bem. Tenho certeza que será um sucesso. E então, topa?

- Hum... Topo, sim. Bora encarar este desafio!

- É assim que se fala!

Fui para casa bastante pensativa neste dia. Tudo bem que eu aceitei o papel de imediato, mas, depois que os pensamentos se assentaram, comecei a ficar preocupada... Será que seria uma boa eu aceitar esse papel? Eu nunca havia feito cenas de nudez... No máximo uma cena em que apareci de sutiã no palco... Mas nada de cunho sexual não... Era uma cena em que eu trocava de blusa no palco por se tratar de uma personagem cujo dia a dia era bastante atribulado; daí em uma das cenas, ela trocava de blusa correndo, calçava os sapatos e saía ajeitando os cabelos porta afora. Nada demais.

Desta vez, a Magda deixou claro que se tratava de cena de sexo... Ai, ai, ai... O que meus pais iriam dizer?

Eles sempre iam em minhas apresentações. Será que para esta peça, eu deveria convidá-los? Ou melhor: será que eu não deveria voltar atrás e rejeitar o convite da minha diretora?

15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETOWhere stories live. Discover now