01- Recaída (H + M)

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Capítulo I

Sempre achei que para ser professora infantil não bastava gostar de crianças: era preciso ter uma vida exemplar, visto que você se torna uma referência para os pequenos. No decorrer dos anos, foi isto que me tornei: uma jovem professora não só apaixonada pelos alunos, mas também com uma conduta totalmente ilibada.
Naquele início de ano não esperava que fosse diferente. Era uma manhã de fevereiro e lá estava eu focada no trabalho ― única coisa a qual me agarrava. Minha vida sentimental estava estagnada há tempos. Desde que havia terminado um namoro de cinco anos, estava difícil engatar com alguém. Fiquei muito mal após o término com Antônio e acabei levando um bom tempo para me recuperar. De lá para cá tive apenas casos esporádicos, sem perspectivas, pois sentia dificul- dades em encarar um relacionamento sério com outra pessoa após tudo o que vivemos.
Por isso resolvi que dedicaria minha total energia aos queridos alunos da turma de alfabetização infantil. Com eles fiz trabalhos lúdicos, recortei borboletas, confeccionei cartões de boas-vindas... Enfim, fiz tudo o que se espera de uma professora exemplar.
Na primeira semana de aula, tudo correu maravilhosamente bem. Para mi- nha sorte, a turma tinha apenas anjinhos, pois os garotos levados ficaram em outra turma. Nenhuma ameaça que atrapalhasse o meu trabalho, que esperava ser bas- tante frutífero.
― Bom dia, Laura! Tudo bem? ― a diretora Quitéria começou a primeira semana com ótimo humor. Ela era brava às vezes, mas nunca se exaltou comigo.
Sempre andei na linha e me mostrei prestativa, portanto, não dava motivos para reclamações a meu respeito.
― Tudo bem, Dona Quitéria! E a senhora, como vai? ― respondi simpati- camente.
― Tudo ótimo, graças a Deus! Começamos o ano com o pé direito, me parece. Tivemos um bom número de alunos ingressantes nas turmas novas. ― seu semblante era otimista e seu cabelo ruivo escovado estava bem hidratado.
― Que maravilha! Vamos fazer um excelente trabalho! ― falei com a ani- mação que me é característica.
― Tenho certeza que sim! Falando nisso, nos próximos dias teremos nossa primeira reunião de pais. Cada professor fará a reunião em sua respectiva sala. Eu e a coordenadora passaremos de sala em sala para introduzir o assunto, e em se- guida, vocês comandam. Você poderia confeccionar aquelas cartilhas bacanas que costuma fazer para distribuirmos aos participantes?
― Claro! Conte comigo! ― eu nunca negava os pedidos da Diretora Qui- téria. E ela sabia que eu era pró-ativa, por isso, costumava me pedir essas coisinhas extraclasse, as quais eu fazia prontamente.
Quando chegou o dia da primeira reunião com os pais, preparei tudo com capricho, e levei as cartilhas que fiquei preparando até as duas da madrugada. Fui com meu vestido mostarda que me deixava elegante e que, ao mesmo tempo, ves- tia bem sem ser muito formal, calcei um sapato bege com um leve saltinho e passei minha colônia predileta da Boticário (Floratta in Blue). Após as falas da Diretora e da Coordenadora, me foi passada a palavra e dei início à pauta dirigindo-me aos pais dos alunos com assertividade, a fim de transmitir confiança e empatia aos adultos que ali estavam. Só que, em um determinado momento, percebi que a mãe de um dos alunos me olhava de um jeito estranho, como se me odiasse. Era esqui- sito, pois tinha a impressão de ser uma desconhecida e, ao mesmo tempo, ela não me era de todo estranha... Por mais que eu desviasse o olhar, continuava sendo encarada.
Falei por aproximadamente uma hora. Em seguida alguns pais e mães fize- ram perguntas, as quais esclareci uma a uma. Encerrada a reunião, os participantes foram para o pátio e ficaram conversando entre si. Havia uma mesa no centro do pátio com um cafezinho e uns biscoitos, e muitas pessoas em volta se revezando para petiscar. Eu mesma fui até lá, peguei um copo descartável, coloquei um pouco de café com bastante açúcar e saí bebericando e andando pelo pátio en- quanto conversava de forma entrecortada com os colegas que ali estavam.
Alguns pais foram até a Diretora e a Coordenadora, como de costume. Per- cebi que uma das que se dirigiu à Diretora foi a mulher que havia ficado me en- carando durante toda a reunião. Como neste momento a Diretora estava próxima a mim, pude ouvir a mulher lhe dizer:
— Quero transferir o meu filho Caíque para a outra turma!
Assim. Imperativamente. Ficamos sem entender tal atitude. A diretora me olhou à busca de explicações e, quando dei de ombros, solicitou à mãe do aluno que a acompanhasse até sua sala, a fim de explicar os motivos. Fiquei curiosíssima para conhecê-los e, ao mesmo tempo, muito intrigada com o que eu poderia ter feito de tão ofensivo para que ela me olhasse daquele jeito e não quisesse que eu fosse professora do seu filho.
Fiz hora no pátio até que a conversa entre as duas terminasse. Esperei por uns quinze minutos – o que me pareceu uma eternidade. Neste meio-tempo devo ter comido uns dez biscoitos que estavam na mesa de café, e já nem prestava mais atenção nas falas das pessoas que transitavam no pátio. Aos meus ouvidos, as vo- zes foram se misturando em um ruído único, sendo que as únicas vozes que eu tinha interesse em ouvir estavam do outro lado da porta da sala da Direção. Assim que vi a mãe saindo da sala, fui até lá e, neste cruzamento, ela me deu um esbarrão no ombro e, em um ato reflexo, me virei para pedir desculpas (apesar de a culpa não ter sido minha), mas a mulher me olhou de cara fechada e disse de forma ríspida:
― Vê se olha por onde anda! ― e continuou com seus passos duros pelo pátio afora.
Meio atônita, entrei na sala da diretora e quis saber o que levara a mãe àquela atitude. A Dona Quitéria me explicou que a mãe apenas dissera que "não confiava" na professora do filho. Quanto despautério! Logo eu, que nunca havia tido problema com aluno algum... Além disso, o filho dela, o Caíque, me adorava!
Manifestei minha insatisfação para a Dona Quitéria que me olhou compre- ensiva com seus olhos esverdeados que contrastavam com a vermelhidão dos seus fios de comprimento médio. Ela tinha idade da minha mãe, e sei que, algumas vezes, me via como uma espécie de filha ou sobrinha.
— Relaxe, Laura... Eu sei que é uma ótima professora! A mulher apenas cismou com você... Vai entender, né? Mas fique despreocupada. Falei para ela que no momento será impossível realizar a transferência, já que as turmas estão contadas e devidamente planejadas. Se ela ficou satisfeita, já não sei... Mas em um primeiro momento, foi esta a resposta que dei. Vamos aguardar para ver se ela não vai continuar implicando.
Passei aquela noite em claro. Pensava no que poderia ter feito de errado, de onde poderia ter tido o desprazer de conhecer aquela mãe. Nada me vinha à lem- brança. As únicas referências que eu poderia me basear foram ali, na reunião. Se- quer sabia seu nome.
Ela não era totalmente desprovida de beleza, mas o desleixo com a aparên- cia fazia com que ficasse feia; pela sua altura ― que era baixa (creio que medisse mais ou menos um metro e meio) ― estava acima do peso, e seu pescoço era quase invisível, pois era como se a cabeça fundisse com o tronco. Seus cabelos encaracolados que poderiam estar soltos e modelados, estavam presos em um co- que malfeito. Devia ter entre 30 e 40 anos, era difícil saber. Talvez os traços do rosto não me fossem estranhos... Mas também era provável que estivesse criando memórias falsas na tentativa de forçar uma lembrança.
Quanto ao menino, este me era muitíssimo familiar. Eu não sabia o porquê, mas algo nele me chamava muito a atenção... Tinha os olhos negros grandes e sorriso angelical que me eram vagamente familiares, mas nada além disso.
Naquela hora em que a mãe saíra da sala da Diretora, vi que ela buscou Caíque no playground e saiu puxando o menino bruscamente pelo braço; naquele breve instante, pouco antes de eu entrar para a sala da Dona Quitéria, vi que ele olhou para trás, buscando meu olhar... Acenei para ele, que retribuiu com um sorrisinho maroto. Aquela carinha me fez derreter toda!
No dia seguinte, Caíque faltou à aula, o que me deixou ainda mais pertur- bada. O que teria acontecido? Ao final do expediente, a história assumiu novos contornos, pois quando os pais vieram buscar os alunos, para minha surpresa, en- tre eles, vi Antônio se aproximar... Ele mesmo, meu ex-namorado!
Meus olhos custaram a acreditar no que estava vendo! O que ele fazia ali, entre os pais dos meus alunos? Não nos encontrávamos desde o término. Soube até que tinha se casado... Mas o que estaria fazendo ali? Aquilo, para mim, era muito bizarro.
— Oi, Laura! ― pareceu tímido ao se aproximar.
— Antônio? O que faz aqui?! ― eu estava em choque.
— Sei que deve achar estranho eu aparecer assim... ― estava cabisbaixo, meio sem graça.
— Estou muito surpresa, assumo! Afinal, faz tantos anos... Mas no que posso ajudá-lo? ― forcei a entonação da voz, em uma tentativa de manter a postura com seriedade.
Era inquestionável o quanto os anos haviam sido generosos com ele. Estava com alguns quilinhos a mais, porém mais homem, másculo... Bem mais bonito!
— Laura, o que tenho pra te falar é... ― engoliu em seco.
Diante da hesitação dele, fui direta. Agiria como a profissional, dentro do ambiente de trabalho.
— Peço que me diga sem rodeios, Antônio. Afinal, como vê, tenho de dar atenção aos pais e alunos... ― falei, apontando para o meu redor.
— Por isso que estou aqui. Eu sou o pai do Caíque! ― encarou-me. Caramba.
— Caíque, meu aluno? ― sem perceber, a voz saiu quase num grito.
— Sim... Bom, a mãe dele é minha esposa... Ela veio na reunião ontem. — Ah... Isso explica muita coisa... ― enfim o mistério se revelava.
— Soube de toda a história e te peço desculpas... Foi uma grande coinci-
dência. Eu nem imaginava que você estivesse dando aula aqui. Muito menos para o nosso filho... ― colocou as mãos nos bolsos e olhou para o chão.
— Entendo isso... Mas como sua mulher me conhece?
— É uma longa história... Acho que não vai querer que eu a conte aqui, na frente dos outros pais.
Olhei para os lados e notei que alguns nos observavam.
— Acho melhor não...
— Podemos ir para algum lugar, assim te explico tudo. Um bar? Algo assim?
— Sua esposa não vai achar ruim?
— Ela viajou com o Caíque para a casa dos pais dela ontem mesmo, logo após vir aqui. Está com ódio de mim, pois acha que o matriculei nesta escola de propósito, somente para ficar perto de você.
— Puxa, então a situação é mais séria do que imaginava... ― falei com certa tranquilidade, mas estava indignada com o gesto tão imaturo. Afastar o filho por puro ciúme de algo que nem existe? Era ridículo!
— Sim, esta é a situação. Podemos, então, conversar em outro lugar?
— Ok, pode ser.
Aceitei o convite por dois motivos: primeiro, eu estava curiosa em saber toda a história. Segundo, preciso assumir... Eu estava realmente com saudades de Antônio. E eu não perderia a oportunidade de esclarecer essa situação toda. Quando namorávamos, ele performava um estilo playboy, portanto, eu nunca po- deria imaginá-lo se casando com uma mulher tão diferente dele.
Após encerrar o meu serviço daquele dia, peguei minha bolsa e segui a pé com ele para um bar pouco movimentado. Caminhamos umas três quadras, de modo a ficar minimamente distante do colégio, pois não queria aumentar qualquer possível fofoca. Pedi uma Coca-Cola e fritas para acompanhar a conversa, pois vi que o assunto seria longo. Antônio pediu uma cerveja, passou as mãos em seus cabelos negros, dobrou a manga longa da camisa até o punho e foi logo iniciando. — Laura... Parece coisa do destino, sabe? — esfregou os dedos na testa,
parecendo preocupado.
— O fato de eu ser professora do seu filho? —Essa coisa toda... Você, professora do Caíque. A Elaine parar na reunião. A gente aqui, agora... Há sete, oito anos atrás, nunca imaginaria estar nessa situ- ação. ― seu tom de voz era melancólico.
— Naquela época, pensava apenas em me casar com você e ter o nosso filho ― eu o alfinetei.
— Você tem toda razão, Lalá... ― ao me chamar pelo nosso apelido cari- nhoso, olhou-me com aquela cara de cachorrinho pidão, como fazia antiga- mente. ― Quero que você me perdoe!
— O que tenho para perdoar, Antônio? Quem deu chilique foi a sua mulher com a Diretora. Você nem sabia...
— Não por isso... Quero que me perdoe por ter terminado com você...
Arregalei os olhos e me ajeitei na cadeira. Tive que engolir um generoso gole de coca para assentar os pensamentos diante daquela bomba que explodia diante de mim. O líquido gelado ardeu meu cérebro.
— Fui fraco. Tinha medo de me casar, me comprometer. E quando você começou a planejar tudo, eu só quis escapulir. E fiz essa merda toda!
— Antônio... Eu não entendo... Por que demorou tantos anos para me dizer isso?
— Quando tudo entre nós acabou, fiz muitas besteiras. Comecei a sair, a beber e me drogar com a galera... Quis experimentar a vida de solteiro novamente e viver uma adolescência tardia. Saí com muitas mulheres. Muitas mesmo. Afinal, você havia sido a única com quem eu havia transado, e você sabe disso...
— Sim... E você havia sido meu primeiro namorado também.
— Pois é. Nessas minhas noitadas, conheci a Elaine. Ela era dez anos mais velha do que eu e, por ser muito experiente e dominadora, desenvolvi certo fascínio por ela. Vi nela uma pessoa que me faria esquecer de nós e do relacionamento, pois era totalmente diferente de você.
— Espera aí! Essa é a moça que você namorou depois que terminou comigo? — Sim, ela mesma.
— Nossa! Cheguei a ver uma foto dela nas redes sociais assim que terminamos, pois quis conhecer a minha rival, confesso. Mas ela me parecia diferente! — Bom, foto em rede social costuma enganar, né? Mas sim, ela mudou muito... Não só fisicamente, mas a convivência com ela não é nada fácil. Ela é muito ciumenta, agressiva, e até mesmo manipuladora.
— É, o ciúme deu pra perceber... Me conte mais.
— Bom, assim que começamos a sair, Elaine engravidou...Ela me disse
que tomava pílula e eu confiei. Não devia ter confiado, mas fazer o quê? Além disso, arrisquei minha vida transando sem camisinha com uma pessoa que mal conhecia.
— Aí veio o Caíque... ― constatei, sem demonstrar muito sentimento. Por dentro eu podia sentir os pulos do meu coração agitado e confuso.
— Justamente!
— Sabia que você havia se casado, Antônio, mas não nessas circunstâncias. Mas me diga: logo você que tinha tanto medo de casamento, foi se casar com ela por quê?
— A Elaine e a família dela me infernizaram muito. Me ameaçaram de to- das as maneiras. Meus pais também, pois como eu estava na vida louca, acharam que casamento e filho me consertariam. Para conseguir o que queriam, jogaram baixo comigo... Me expulsaram da empresa da família, tomaram meu carro... Foi horrível. Acabei me casando sob pressão, e hoje estou assim, infeliz, levando um casamento fracassado nas costas.
— Mas e o Caíque?
— A única parte boa. É uma benção na minha vida! Meu casamento so- mente está de pé até hoje por causa dele.
— Que bobagem, Antônio... Filho não segura casamento!
— Acabou me segurando, porque ser pai é a única alegria que me resta. Voltei a trabalhar na empresa e tenho que me submeter aos desmandos do meu pai. Um saco isso. Me tornei um desses que vão da casa para o trabalho, vivendo o inferno de ter que conviver com uma mulher por quem não sinto qualquer ad- miração. Confesso que me tornei um fraco, e comecei também a encher a cara para esquecer dos problemas... Ah, Laura, não sou mais aquele Toni que você conheceu... Estou me perdendo, morrendo aos poucos!
Antônio coçou o nariz e deu uma fungada. Não sei se era devido ao cheiro forte de fritura vindo da cozinha, ou se ele estava ficando emocionado com aquela conversa toda. O garçom se aproximou, perguntou se queríamos mais alguma coisa, e Antônio apenas negou com um gesto manual.
— Como a sua esposa soube quem eu era? E por que tanto ódio de mim? ― retomei o assunto.
— Quando ela se mudou pra minha casa, logo que nos casamos, ela encon- trou uma caixa em que guardei várias das nossas recordações: fotos, cartas, algu- mas lembrancinhas... Quando se deparou com aquilo, surtou! Queimou tudo o que havia na caixa, ameaçou abortar e fez inferno na minha família, dizendo que eu ainda gostava de você.
— E que azar o dela, hein... Fui ser professora do filho de vocês!
— Pra você ver como são as coisas, Lalá! Por isso, acho que é o destino. Fui um babaca por não querer me casar com você. Acabei infeliz.
— Agora é um pouco tarde para se lamentar, não acha?
As palavras saíram da minha boca sem que eu pudesse racionalizar. Estava com medo do rumo que aquela conversa estava tomando, mas, ao mesmo tempo, era bom. Senti um arrepio na espinha quando ele fez essas confissões, pois desejei isso por tanto tempo. Mas ali, naquele momento, eu estava atordoada.
— Não acho que seja tarde. Nunca é tarde, Laura... ― seus olhos negros se enraizaram nos meus e minhas mãos tremeram.
— Antônio, eu... ― tentei argumentar, mas ele me interrompeu, segurou minha mão e reparei a redonda argola dourada em sua mão esquerda.
— Acho que agora é a hora! Você continua tão linda! Todos os dias me arrependo de tê-la perdido... Podíamos tentar, quem sabe, recomeçar?
Suspirei e arranquei do fundo do meu ser as poucas forças que me sobraram, — Vo... Você está louco, Antônio? Agora quem não quer mais sou eu... Ele tentou argumentar, mas fui bem incisiva – sabe-se lá como consegui essa façanha. Ele ficou sem jeito, se desculpou, tentou engatar outros assuntos e instantes depois, quando foi ao banheiro, peguei um táxi e fui embora sem me despedir.
Então, o pai do meu aluno fofo era o Antônio? E aquela mãe esquisita era a esposa? Que ficassem juntos, cobertos de comiseração. Ele achou mesmo que bastava simplesmente estalar os dedos que eu voltaria para ele, como se não ti- vessem se passado tantos anos? Só Deus sabe o quanto sofri com aquele término! Se essa conversa tivesse acontecido há mais tempo, eu talvez tivesse caído em seus braços ali mesmo.
Passados uns cinquenta minutos, a campainha do meu apartamento tocou. Meu prédio era pequeno e não havia porteiro. Para chamar, bastava interfonar. Como a pessoa não tocou o interfone externo, supus que deva ter aproveitado a saída ou entrada de algum morador e entrou junto. Fui verificar no olho mágico da porta e me deparei com ele... Antônio! Abri.
Como se nada tivesse acontecido, ele sorria, com um vinho tinto nas mãos, possivelmente comprado no mesmo bar em que estávamos. Me aproximei dele, a contragosto.
— Ainda bem que ainda mora aqui... Posso entrar?
— Toni, já deixei bem claro que...
Ele me interrompeu, me beijando com força e me jogando contra a parede. Tentei lutar inicialmente, mas foi em vão.
— Mas... Isso não é certo! ― eu tentava me desvencilhar.
— O que não é certo é ficar longe um do outro! ― ele tinha fogo no olhar. Havia disfarçado sua lascívia no bar, mas ali já havia se transformado.
— Hei! Toni... Não arranque a minha roupa, não!
— Estou louco de desejo por você, Lalá! Que saudade desse corpo! ― sua fala sem pudor era abafada pelos beijos que foram serpenteando em meu pescoço, descendo pelo corpo afora.
Dito isto, me tirou a roupa, o sutiã, e, com uma agilidade atlética, me deixou de calcinha em pé já na sala, enquanto descia com a língua pela minha barriga... Aí, caro leitor, confesso que não resisti... A Laura-fodona-professora-indepen- dente deu lugar a uma mulher ansiosa por prazer... Que saudade! Cedi e tirei a roupa dele, deixando-o nu.
Eu o observei saudosa e excitada. Aquele tinha sido o meu primeiro pau. Dele havia vindo o meu primeiro gozo. E agora ele estava ali, pronto para me saciar novamente. Eu me senti de volta aos dezenove anos.
— Ainda se lembra disso aqui, Laura? ― com cara de safado, segurou o pau ereto com uma das mãos e balançou.
— Hum... Acho que já me esqueci... Me faça lembrar!
— Com prazer!
Imediatamente, ele arrancou a calcinha e meteu. Estocou com força três vezes, abrindo espaço, me deixando preenchida, e depois tirou.
— Não posso gozar agora. Quero curtir o seu corpo um pouco mais...
Ele me jogou no sofá e mergulhou a língua na minha vagina. Me chupou, se lambuzou... Ai, que delícia! Antônio mantivera os dotes linguísticos. Eu tive vários caras depois dele, mas confesso que nenhum me chupava daquele jeito. Antônio era impressionantemente talentoso no sexo oral, sempre me deixando nas nuvens. Quando eu estava quase gozando, ele me penetrou profundamente, sem pedir licença, como fazia nos tempos de outrora.
— Ai, gostosa... Como senti falta desse buraquinho apertadinho... Eu me lembro de quando desvirginei você...
— Também adorei, gato... Hum... Gostoso... Isso...
— Morro de tesão por você, safada... Sabia que até hoje me masturbo pen- sando no seu corpo delicioso?
— Agora não precisa mais, sou toda sua... Isso, me come!
— Ai, vou gozar, minha morena! Minha gostosa!
— Eu também!
— Goza primeiro então, delícia! — disse levantando o tórax e bombando com força.
— Ai... Aiiiii... Aaaaaaaiiii... Gozei!
— Agora é minha vez! — tirou o pau e colocou na minha boca. — Engole a minha porra como você fazia...
Obedeci e chupei aquele pau até gozar. Deixei que jorrasse em minha boca e esfreguei o líquido nos meus mamilos endurecidos de tanto prazer. Ficamos dei- tados no sofá, abraçados e suspirando, eu mal conseguindo acreditar no que estava vivendo. Antônio ali, casado com outra, pai do meu aluno, transando comigo como nos velhos tempos... Nossa respiração profunda soltava ar em uníssono e ambos estávamos incrédulos com o que tinha acabado de acontecer.
Onde estava o meu senso crítico, a minha ética de professora? Logo eu, tão certinha, transando com pai de aluno? Bem, naquele momento, meus julgamentos morais estavam longe. Eu só queria saber de curtir. Sem hesitar, recomeçamos a transar após um breve descanso. Trepamos a noite toda e dormimos de conchinha em minha cama que lhe era tão familiar.

15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETOWhere stories live. Discover now