Uma semana depois

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Uma semana depois

Eu estive com esta sensação engraçada no estômago a semana inteira. Era como se algo estivesse errado, porém não era uma dor ou queimação, apenas desconforto que os remédios não fizeram melhorar.

Parecia que era algo como paranoia, ou era isso o que eu me autodescrevi. Eu estava imaginando coisas, impossível ser algo a mais, pois sempre que estava voltando para casa, pensava que alguém estava me olhando.

Eu achava que era abstinência, afinal estava limpa fazia algum tempo.

Era difícil, muito difícil.

Passei todos os dias com Carrie, Gabriel e Jenny, conversando, comendo e estudando. Percebi o quanto isso era diferente do que eu fazia com Vanessa e seus amigos; eu me sentia na liberdade de falar sobre tudo o que passasse pela minha mente sem pudores de editar os pensamentos, atualidades, escolas e até sobre nós mesmos.

Fiquei mais um pouco aliviada sobre a festa na piscina, pois descobri que Vanessa estava convidando todas as pessoas que ela um dia já cruzaram o seu caminho no corredor e seria em um mês, ou algo assim.

Era uma grande produção.

Neste dia eu encontrei com Melody — a antiga namorada de meu irmão, o grande amor de sua vida, juntos há anos, até o dia em que ele terminou com ela “em grande estilo” — no corredor da escola.

Ela compartilhou minha dor, nós éramos amigas, não éramos inseparáveis como Jenny ou Carrie eram, porém ela frequentava muito a minha casa; quase como se fizesse parte da família.

Meus pais não ficaram muito bravos quando pensavam que ela estava grávida, apoiaram, porém os pais dela ficaram completamente loucos. Isso quase acarretou o término do namoro deles.

No entanto eles sobreviveram por mais algumas semanas.

Boatos se espalharam.

Ela não estava.

Eles terminaram.

Foi um mês muito... conturbado aquele no final da vida de William. Ele não era ele mesmo.

“É por causa da Melody? Fique tranquila, eu terminei em grande estilo com ela.”

No dia seguinte que ele se foi, descobri que ela havia cortado os pulsos e estava dopada com analgésicos na banheira do seu quarto com a porta trancada.

Ela havia tentado se matar por uma pessoa que nunca se importou com ela. Uma pessoa que disse que o amor não valia a pena.

“Agora ela cortava os pulsos? Ao menos era isso o que os curativos que ela tentava esconder mostravam. Tentei dizer que ele não valia a pena a vida dela, mas ela disse que eu não entendia de amor, que eu nunca saberia o que ela compartilhava com ele.”

Balancei minha cabeça tentando me livrar daquela conversa, daquele dia, queria apagá-lo do meu ser, simplesmente não aguentava pensar o que ocorreu entre nós, eu preferia ignorar.

Doía menos.

Estava com peso na consciência, não conseguia retirar da cabeça a maneira como eu havia tratado Jason quando ele tentou me ajudar com o fax, que estava desligado e muito bem guardado dentro do meu armário embaixo de uma pilha de casacos de frio.

Era como se fosse um pesadelo que eu ficava revivendo inúmeras vezes sem parar, relembrando o rosto dele quando começou a entender o que eu estava fazendo e quando viu a carta.

Acho que ele pensou que eu era louca e estava tentando pregar uma peça nele.

Não era isso!

Saí da escola e fui diretamente para a oficina do pai dele, quase passei reto ou dei meia-volta.

EstilhaçosWhere stories live. Discover now