CAPÍTULO 7- Passado Sombrio

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EVA

Minhas pernas sedem, e sou obrigada a sentar num dos banco do jardim.

As lembranças estremecem meu corpo e não consigo controlar o choro.

O que eu fiz pra merecer isso?

Parece um carma que volta a me assombrar, parece que submissão está estampado em minha testa e que é algo que não adianta tentar fugir porque quando penso ter levantado o destino me põe de joelhos novamente, porque querem me domar?...

Penso na minha infância quando vivia no sertão do nordeste com minha avó de quem puxei os olhos verdes esmeraldas, éramos tão felizes...

Minha avó era professora e vivíamos numa casa simples, mas limpa e cheia de amor. Minha mãe morreu no meu parto e meu pai a abandonou quando ela engravidou.

Quando tinha 7 anos minha avó também morreu, e foi aí que começou meu tormento... Como eu não tinha nenhum parente vivo, o conselho tutelar me comunicou que meu pai cuidaria de mim. Quando ele soube que minha avó deixou uma casa e algum dinheiro para mim se prontificou rapidamente a vir me buscar. Ele vendeu a casa da minha avó e me levou pra morar com ele num barraco na favela no Rio de Janeiro... Meu pai me espancava quase todo dia por qualquer motivo, então muito cedo aprendi a conviver com a dor. Ele gastou todo o dinheiro que minha avó guardou para mim e o da casa que vendeu.

Eu tinha 9 anos quando uns traficantes a quem ele devia dinheiro invadiram o barraco que dividíamos e o levaram. Dois dias depois ele apareceu em casa todo machucado e eu cuidei dele, me falou que devia aos traficantes e precisava de muito dinheiro.

Numa noite ele me levou a um lugar estranho, uma mansão distante da cidade, na frente a casa era antiga de cor verde e tinha três andares. Suas janelas e portas fechadas com grades grossas, não tinha nenhuma residência perto num raio de mais de 10 km e tinham seguranças vestidos de preto vigiando cada porta. Quando entramos fomos recebidos por um homem de uns quarenta anos, ele usava um bigode e foi muito gentil comigo, disse que eu era muito bonita que parecia ter 12 anos e meus olhos eram muito raros, me deu um pirulito que aceitei de bom grado. Ele entregou um pacote grande ao meu pai...

Meu pai agachou para falar comigo depois que recebeu o pacote do homem estranho, suas palavras estão cravadas em mim!

Lembro até dos seus olhos e sinto suas mãos geladas sobre meus ombros — Eu sei que você vai me odiar eternamente por isso Eva, mas eu não tive outra escolha. Espero que nunca tenha que fazer uma escolha como essa, porque apesar do que você pensará um dia, eu te amo! Eu te amo muito, minha filha— me abraçou forte falando — Você terá que ficar aqui com o tio Tadeu, daqui a pouco venho te buscar certo? Obedeça a ele em tudo que ele te pedir Eva... será mais fácil.

Nunca esqueci daquelas palavras...

— Certo pai, mas não demore muito— Digo o abraçando forte, porque ele nunca tinha me feito um carinho e menos ainda dito que me amava.

Meu pai levantou e se foi sem nem olhar pra trás.

Depois disso eu nunca mais o veria, e para falar verdade, quero que ele apodreça no inferno!

— Vem comigo preciosa, vou te mostrar o seu quarto pra você descansar enquanto espera seu pai.

Tadeu me puxou pela mão e me levou até um quarto enorme com uma cama e uma cômoda branca, em cima da cama tinha um vestido de fitas lindo, vermelho.

— Agora quero que tome um banho e coloque a roupa que está em cima da cama Eva, depois quero que me espere aqui. — Depois disto Tadeu saiu pela porta.

Latina 1 - O AcordoWhere stories live. Discover now