CAPÍTULO 12- Maratona

63.3K 3.4K 427
                                    

Boa Leitura!

Sem Revisão*

EVA

Acordei desnorteada sem saber onde estou, pisquei os olhos confusa algumas vezes sentando na cama com dificuldade e logo lembro o que aconteceu...

Meu 'dono', como ele bem já enfatizou me batendo por eu não ter coragem de contar o que fizeram a mim. Como eu poderia conta-lo?! Tenho certeza que ele pensaria que de fato sou uma prostituta... Mas o que estou dizendo? Ele já acha isso...

O que ainda não entendo é porque cuidou de mim.

Ninguém nunca cuidou de mim, nunca foram gentis comigo...

Claro, tirando minha falecida avó, Suzy e a Nana. Ele foi tão atencioso comigo no banho que não me senti digna de tanta atenção, pois sinto como se eu fosse uma prostituta e tudo o que aconteceu a mim eu mereci, segundo a terapeuta que me tratou por anos esse sentimento de culpa era normal em casos de abuso... É como se voltasse a ser escrava sexual, me sinto desprotegida, vulnerável. Foram tantos anos tentando esquecer isso, tanto tempo tentando enfiar na minha cabeça que eu não mereci aquilo e agora vejo que nada adiantou, no fundo continuo sendo a qualquer como me chamaram muitas e muitas vezes, suas vozes ecoam em minha mente e o sr Sullivan também me achará suja como eu me sinto agora, como eu sou.

Olho para minhas mãos e meu corpo nu e sento a sujeira em mim novamente.

Corro para o banheiro chorando e entro na ducha quente tentando me limpar, tentando não ouvir todas as vozes na minha mente me chamando de suja, de qualquer, de prostituta... Não sei quanto tempo fico lá até que sinto alguém sentar atrás de mim e me puxar pra seu colo, era o sr Sullivan.

Ele me acalenta subindo e descendo as mãos por minhas costas e beija meu pescoço e meus cabelos até os soluços passarem, então me levanta e me banha, depois me seca e me enrola numa toalha branca e macia, faz o mesmo consigo, logo em seguida me leva pra cama nos braços...

— Me conta o que você tem Eva!

Puxa as cobertas sobre nós e eu me encaixo em seus braços.

Como eu poderia dizer?

Como eu poderia lhe explicar sem revelar meu passado sombrio?

— Não tenho nada, senhor— Omiti.

— 'Nada' não faz ninguém chorar tanto, você é sempre tão alegre. Não entendo o que acontece, eu estou realmente preocupado!

Acaricia meus cabelos me virando de lado para que encare seus olhos negros e continuar...

— E não me chame de senhor Eva, eu sou James. Por favor me conte o que acontece, diga se posso fazer alguma coisa por você.

Suas mãos cariciam meu rosto.

— Eu estou bem. — Sussurro.

Ficamos assim por um bom tempo até que ele levanta — Gostaria de ficar mais um pouco, mas preciso me arrumar pra um evento de caridade.

O vejo caminhar até o banheiro.

A idéia de ver pessoas e talvez ouvir um pouco de música me anima um pouco mais.

Levanto a falar animadamente — Claro, um evento. Bem, você não disse o que eu trouxesse então coloquei algumas roupas, mas eu tenho um vestido que minha irmã ...

Ele para próximo a entrada do banheiro abruptamente e se volta pra mim com uma sobrancelha arqueada — Como?

— Não se preocupe, o vestido é simples, mas é muito bonito. Minha irmã é estilista e... — Falo apressadamente para que não pense que vou vestida como uma mendiga...

Latina 1 - O AcordoWhere stories live. Discover now