Full moon

20K 1.1K 1.3K
                                    

P.O.V CAMILA

Eu estava inerte. Meu corpo agia por conta própria, mas a minha mente estava bem longe. Meu coração havia parado de bater no momento em que aquela visão invadiu a minha mente. Eu vi aqueles vampiros nos atacando no parque, foi como uma premonição. Eu nunca tinha feito aquilo antes e isso me assustou para caramba!

E quando eu pensei que não tinha mais como eu me assustar, eu descubro um novo poder. Naquele momento eu não estava pensando direito, eu só estava desesperada com o que aquele vampiro poderia fazer com a Lauren. Seus gritos agonizados de dor, estavam despedaçando o meu peito. Meu corpo inteiro estremeceu e entrou em estado de alerta, meu sangue esquentou, meus olhos arderam e meu coração deu um solavanco com a visão. Ele iria mata-la e eu não poderia fazer nada.

Foi ai que algo pareceu explodir dentro de mim, algo parecia me chamar e implorar para ser liberado. Quase a mesma sensação que eu sentia antes com o fogo . E mantendo em mente que era o fogo que eu precisava liberar, eu estiquei as minhas mãos e me concentrei . Mas dessa vez foi diferente, eu não senti as minhas células queimarem em brasa. O que eu senti foi as minhas mãos formigarem e alguns cutucões nas palmas das mesmas. Foi como se eu tivesse linhas invisíveis conectadas as minhas mãos, como se a natureza fosse uma marionete minha. E então, eu simplesmente puxei uma das linhas com uma vontade que beirava o desespero de fazer aquele vampiro parar de machucar a minha Lolo. No momento seguinte, uma enorme parede de terra marrom brotou no chão e se estendeu até os galhos das árvores. Fiquei inerte, meu corpo paralisado e minha mente tentando processar o que eu tinha acabado de fazer. Só despertei quando aquele vampiro maldito quebrou o meu muro de terra e já avançava em nossa direção. Naquele momento eu estava me sentindo mais confiante, então apenas lancei algumas chamas de fogo em sua direção e aposto que ele percebeu que não teria mais como se defender e acabou saindo correndo dali.

- CAMILA – fui desperta dos meus pensamentos com o grito desesperado de Lauren. – Você precisa pegar o néctar e dar ele pra Ally antes que ela morra! - Ela desviou o olhar para mim e aqueles olhos verdes cheios de angústia e medo me atingiram em cheio.

Estávamos há alguns minutos dentro do carro de Lauren, que dirigia em alta velocidade em direção a Pensilvânia. Os vampiros de Nova Iorque poderiam ir atrás de nós novamente, por isso nós tínhamos que sair da cidade o mais rápido possível. O corpo de Ally estava em cima do meu colo no banco, o que me fez lembrar de quando eu estava segurando Lauren em uma situação parecida. Irônico, não? Talvez essa cena se repita mais algumas vezes. Talvez esse seja o meu carma.

Me estiquei o máximo que eu pude sobre o banco e alcancei a mochila onde Ally deixava a maleta de primeiros socorros. Procurei pelo recipiente com o líquido transparente e rapidamente o encontrei. Abri o frasco e derrubei algumas gotas do líquido sobre os lábios pálidos de Ally, os entreabrindo com o polegar para que o líquido entrasse em sua boca. Durante alguns segundos a observei apreensiva, meu coração dando saltos desesperado ao fitar o corpo inerte da baixinha sobre o meu colo quase sem vida.

Minha visão ficou ligeiramente embaçada e eu senti os meus pés desgrudarem do assoalho do carro. Foi como dar um giro de 360 graus. Meu corpo revirou e se deslocou de lugar. Acho que agora eu sei exatamente a sensação que o Harry sentia ao aparatar, ou até mesmo como Demi se sente sempre que se teletransporta para algum lugar. Mas no meu caso, tudo estava acontecendo na minha mente.

7 de julho de 1995, San Antonio, Texas (EUA).

A minha frente uma pequena garotinha rodopiava animada com seu vestidinho de princesa. Pisquei algumas vezes e olhei a minha volta. Seu quarto era todo rosa, com detalhes e enfeites da Hello Kitty. Seus diversos brinquedos estavam espalhados pelo chão e sua cama estava forrada com ursinhos de pelúcia. Andei até o criado mudo ao lado da cama e peguei um porta-retratos que estava ali. Me surpreendi ao perceber que dessa vez eu consegui me mover. Olhei para a foto em minhas mãos e vi a mesma garotinha de sorriso banguelo e olhinhos brilhantes meio repuxados em cima dos ombros de um homem que deveria ser o seu pai, e ao lado dele uma mulher de beleza indiscutível que provavelmente seria a sua mãe. Os três riam de alguma coisa e a energia e afeto que emanava deles era invejável. Não demorou muito e eu notei a enorme semelhança entre a garotinha e a minha amiga metade anjo.

Ice And FireWhere stories live. Discover now