Se revelando

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Acordei no outro dia com o barulho infernal do toque do meu celular. Era uma mensagem da Nath:

Nath: Bom dia amiga!!! Tô mandando essa mensagem pra dizer que hoje vai ter um show de uma banda gospel numa cidade vizinha e quero que você vá comigo. Quero não, vc vai!!!!!!!

Eu realmente queria muito ir, seria legal sair do rotina, ficar mais perto de Deus, mas o Pedro nunca iria deixar eu ir sem ele e hoje a noite ele tem um show em uma boate aqui na cidade. Mas embora soubesse a resposta, resolvi tentar.
Mandei mensagem pra Nath e disse que daria a resposta mais tarde. Ela sabia bem o porquê. Levantei da cama ainda meio sonolenta, fiz minha higiene matinal e desci pra tomar café. Meus pais não estavam em casa e agradeci mentalmente a Deus por isso, eu queria ficar sozinha e pensar um pouco mais sobre minha vida. Meus planos foram interrompidos com um barulho na porta e fui atender:
- Oi amor! - Pedro disse.

- É, oi! - Não consegui esconder a cara de quem estava surpresa por ele está ali aquela hora da manhã. - O que você está fazendo aqui a essa hora?

- Nossa, não posso mais fazer uma surpresa pra minha namorada? É que encontrei com seus pais no supermercado e eles me disseram que iriam fazer um monte de coisas na rua e eu aproveitei que você estaria sozinha pra vir matar a saudade desse corpinho que eu amo.

Não acredito que ele veio aqui só pra isso.

- Nossa Pedro, mas agora eu não posso, acabei de acordar e tenho um monte de coisas pra fazer aqui. E além do mais, meus pais podem acabar chegando. - Falei tentando empurra-lo para fora, mas ele insistia.

- Ai amor, para. Ninguém vai chegar. Vamos lá no seu quarto, é rapidinho, te prometo.

Ele puxou pelo braço e me arrastou até meu quarto. Ele foi me beijando de um jeito forte, como se precisasse disso e mesmo que eu não tivesse muito no clima acabei cedendo aos carinhos dele e aquilo aconteceu outra vez.

Eu sou um tipo de pessoa bem romântica e quando isso acontece gosto de ficar ali deitada no peito dele em silêncio, apenas aproveitando o fato dele estar ali comigo. Mas como já disse, romantismo não era muito o forte do dele e raramente tínhamos esses momentos de carinho. Pedro já estava indo embora quando eu pedi pra que ele ficasse mais um pouco comigo, ele inventou várias desculpas e foi descendo as escadas da minha casa.

- Pedro! - gritei lá do último degrau. - Não vai me dar nem um beijo de despedida.

- Não dá tempo Laura.

- Poxa amor, só um beijo.

- Pare de ser dramática. Já disse que não dá! - respondeu em um tom mais alto que o normal.

- Pedro só me escuta. A Nath me chamou pra ir em um evento da igreja hoje.

- Ah mas você não vai mesmo! - disse se aproximando de mim e me olhando de um jeito autoritário. - Eu canto hoje a noite e mulher minha não sai sem mim.

- Eu não sua mulher Pedro, sou apenas sua namorada e se minha mãe me autorizar eu irei sim. - Nem acredito que eu disse isso.

- Como é que é? - Ele veio na minha direção furioso, apertou meu braço e me empurrou conta a parede. - Você não vai sair dessa casa hoje, tá escutando?

Não consegui mais conter as lágrimas que estava segurando e pedi:

- Por favor Pedro. - Respirei procurando o ar que faltava. - Eu não vou pra nenhuma festa, vou pra igreja.

- Por mim você poderia ir até pra um convento.

Consegui me desviar das mãos dele que me apertavam, escorreguei da parede para o chão e chorei, chorei muito.

- Pelo amor de Deus, dá pra parar de chorar feito uma babaca? - Ele gritou mais uma vez. - Você me irrita desse jeito. Só sabe chorar, chora pra tudo cara. Isso irrita! Isso irrita! Isso irrita!

Não sei que tipo que tipo de pessoa era aquela que estava na minha frente, mas não parecia nem um pouco com o meu Pedro. Eu não queria que ele ficasse tão irritado assim comigo.

- Se quiser ir na igreja vai, mas não me manda nenhuma mensagem hoje. Não quero saber como vai ser a diversão sem mim.

Ele saiu antes que eu pudesse responder qualquer coisa e eu fiquei ali no chão chorando cada vez mais. Quando dei por mim já havia se passado uns 30 minutos e eu precisava me levantar porque meus pais não podiam chegar e me ver nesse estado. Subi as escadas, entrei no meu quarto e tranquei a porta. Fui direto para o espelho e me assustei com a minha própria aparência. Eu estava horrível, havia um peso muito grande nas minhas costas e eu não estava suportando mais. Não era só as olheiras ou cara sem nenhum rastro de maquiagem que me deixava péssima, era o coração machucado, a alma ferida e distância do meu Criador. Comecei a passar a não pelo meu rosto tentando melhorar, mas parecia que havia brotado um rio de lágrimas dos meus olhos. Quando levantei os braços pra tentar arrumar o cabelo, pude perceber a marca que Pedro havia deixado. Lá estava os seus cinco dedos que me apertaram brutalmente em meus dois braços. Como eu deixei isso acontecer? Ainda chorando muito comecei a cantarolar baixinho:
"Quando eu chorar vou me lembrar
Que até aqui tua mão me sustentou
Digo a minh'alma espera em Deus
Pois ainda o louvarei
Eu o louvarei "

Me deitei na cama e abracei meu travesseiro em busca de consolo. Mas havia algo muito forte no meu coração dizendo que eu precisava ir ao show hoje, mesmo que o Pedro não gostasse. E pela primeira vez desde que comecei a namorar priorizei a Deus e decidi que eu iria sair, mas antes eu precisava tentar melhorar. Mandei uma mensagem pra Nath dizendo que eu iria, chorei mais um pouco até cair no sono. Às vezes as lágrimas são orações que o coração faz a Deus.

Um amor que vem de DeusDove le storie prendono vita. Scoprilo ora