Separação

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Eu estacionei o mesmo Volvo no mesmo local no mesmo estacionamento ontem. Nada parecia diferente do que tinha sido há meras 24 horas, mas tudo era. As coisas tinham sido tão diferentes, tão inocentes então. Se eu tivesse concordado com a vontade de Bella, deixá-la ter o aniversário calmo que ela queria, talvez... Mas não, isso teria acontecido mais cedo ou mais tarde. Eu tive sorte que Bella deixou sua festa desastrosa apenas com pontos, e não em uma lápide.

O déjà vu continuou enquanto Bella parou ao meu lado, embora o olhar no rosto dela não fosse de consternação hoje. Eu sabia que ela estava olhando para mim, tentando ler o meu humor. Quando seu pulso acelerou, fiquei tentado a ver que emoção seu rosto exibia, mas eu desviei o olhar. Não, seus sentimentos, seus pensamentos, não eram mais da minha conta - apenas a segurança dela. Enquanto abria sua porta olhei para seu braço lesionado. Escondido sob camadas de tecido, ninguém saberia que eu tinha feito para ela.

"Como você se sente?" Eu perguntei, sem perceber a tempo o quão perigosa era essa pergunta.

"Perfeita", disse ela, quase cuspindo a palavra para mim. Ela bateu a porta de seu carro enquanto eu levava sua mochila. Sem um som, nós caminhamos para a aula. Por mais que eu temesse ter que conversar com Bella, seu silêncio era infinitamente pior. E sua irritação era palpável.

Mesmo que minha garganta queimasse mais quente do que Hades, eu tremi. Pela primeira vez na minha vida imortal, eu sentia frio. Eu merecia seu silêncio, e não tinha intenção de quebrá-lo, mas era uma parede entre nós, uma barreira há muito tempo esquecida. Aquela primeira parede tinha caído tão facilmente - mas esta não podia. Ela tinha que ficar erguida para sempre, me separando de seu calor. Eu deveria estar com frio - era o que eu merecia.

Mas eu ainda lutava contra a verdade. Eu ansiava por sentir o calor dela contra mim, sabendo que um único beijo pode deslumbrá-la para fora de seu silêncio macabro. Eu abri a porta para a nossa primeira aula, e enquanto ela passava, seu calor tomou conta de mim. Minha mão subiu, quase tocando suas costas, mas eu parei na hora certa, cravando meu punho traidor em meu jeans. Não. Se ela estava pronta para me cortar de sua vida, melhor.

O humor de Bella não melhorou durante toda a manhã. Eu mantive meus olhos à frente, fingindo estar concentrado em qualquer professor que estava diante de nós, mas realmente focando toda minha atenção na minha visão periférica. Eu estava me enganando, pensando que eu a estava ignorando, e eu imaginei que ela sabia disso. Bella se mexia a cada poucos minutos, verificando o relógio ou ajustando suas mangas. Quando perguntei sobre o braço dela ela me cortou, tão aversiva em falar quanto eu. Ela parecia distraída, tão desinteressada nas aulas quanto eu estava. Pare de tentar le-la...

Enquanto eu caminhava com ela para a aula de educação física, eu lhe entreguei um pedaço de papel. Nele eu havia forjado uma dispensa para atividade física com a letra de Carlisle. "Aqui," eu disse sem olhar para ela.

Bella pegou o papel de mim sem uma palavra, cuidando para não tocar minha pele. Nós completamos um círculo completo, eu percebi, lembrando aquele primeiro toque em Biologia no ano passado. Eu tinha evitado o toque dela na época, ela evitou o meu agora. Ela era tão perceptiva, ela estava consciente de que eu estava lentamente dizendo adeus?

Nossa conversa mais longa ocorreu na hora do almoço, quando Bella perguntou sobre o paradeiro de Alice. Quando soube que Alice tinha ido embora, o rosto de Bella contorceu em uma expressão de vergonha e dor. Minha determinação foi testada novamente - eu queria muito colocar meu braço ao seu redor e confortá-la, dizer-lhe que tudo ficaria bem, mas é claro que não ficaria. Eu dificilmente poderia confortá-la - uma vez que eu colocasse meu braço em torno dela eu não iria querer de deixá-la ir. Ela tinha que ter a sua vida, de forma segura longe de mim. Esta era a única coisa certa.

O Lado Sombrio da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora