Escapada

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As espessas portas ornamentadas fecharam atrás de nós e os gritos diminuíram, para os ouvidos humanos, pelo menos.

Eu não só podia ouvir os gritos de terror e dor com meus ouvidos, mas em minha mente. Alguns lutaram, alguns imploraram, alguns oraram - mas de um por um, todos eles pereceram. Aqueles que não tiveram a sorte de estar na primeira onda de vítimas, inutilmente agarravam a porta, ganhando uma explosão de anestesia de Alec. Ele não estava preocupado com eles escapando, apenas com o desperdício de seu sangue na porta lascada, caso a sua pele ou unhas se rasgassem.

Misturado com os pensamentos do que estavam morrendo, estavam os dos consumidores - a espécie superior. Os vampiros podem considerar os humanos como gado, mas eles não são mais evoluídos do que os próprios animais. Hienas...

Não... abutres. Eles não se preocupam em caçar, e preferiam esperar pelos outros para conseguir suas presas, deixando-os apenas a tarefa de devorá-las. Bárbaros.

A revolta de Alice era tão completa que as palavras não podiam descrever os seus pensamentos; seus engolir em seco e mandíbula travada era seu único comentário.

Substituindo o clamor havia um único e arrepiante grito.

Bella.

Bella continuou a entrar em histeria, sua voz ecoando a dor impotente e desgosto terrível que enchia tanto Alice e eu. Enquanto os outros morreram, ela viveu - ainda cercada por criaturas sem caninos, ainda que letais. Não é à toa que ela estava quebrando.

Eu mal ouvi o aviso apressado de Demetri, "Não partam até escurecer."

Marchamos pela recepção demasiado humana. Somando-se a normalidade surreal deste cômodo comparado com o sangue daquele que tinha acabado de deixar, uma balada sentimental dos anos setenta falava sobre velejar para Never Never Land.

Guiei Bella gentilmente, pronto para pegá-la caso ela desmaiasse. Ela estava segura fisicamente, mas eu tinha matado o seu espírito? Eu tinha roubado sua alma afinal?

Os pensamentos concentrados da curiosa recepcionista juntaram-se ao barulho na minha cabeça. Ele veste uma capa de um escalão superior, mas não janta com eles? Gianna assistiu Bella passar tropeçando. Ela não parece ser capaz de possuir as exigências para a imortalidade, pensou com mais de um toque de vaidade. E ainda assim ela vive?

Bella não pareceu registrar nada ao nosso redor, o som que saía de seus lábios vibrando ficando mais alto e estridente, como um bule chegando a fervura. Seus olhos vazios me assustaram mais... ela retrocedeu para a segurança de sua mente impenetrável, deixando-me sozinho.

Impotente para fazer qualquer outra coisa, perguntei: "Você está bem?" mas não obtive resposta. Ela encarava as portas que tínhamos acabado de passar, com lágrimas escorrendo pelo rosto, cada gota doce era uma lança no meu coração.

"É melhor fazê-la sentar antes de ela cair, ela vai desmoronar", disse Alice. Não podemos partir ainda, pensou ela, lendo corretamente o meu desejo de arrastar Bella para longe desse outro mundo horrível.

Os olhos de Bella dispararam em volta, parando em Alice por apenas um segundo antes de voltar para as portas. Guiei-a para o sofá do outro lado da sala, tentando confortá-la com sussurros tranquilos. Ela não estava se acalmando, e seus lamentos romperam em soluços bruscos.

"Acho que ela está ficando histérica", Alice adivinhou. "Talvez você devesse dar um tapa nela."

Fiquei de boca aberta para ela. Bater em Bella? Meus dedos se enroscaram em si mesmos, prontos para atacar, não Bella, mas qualquer um que quisesse machucá-la... inclusive a garota magrela na minha frente.

O Lado Sombrio da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora