Epílogo: Sangue Ruim

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Como previsto, o nosso retorno perdeu sua noticiabilidade dentro de poucos dias, e Bella e eu alcançamos uma espécie de normalidade dentro das restrições impostas por Charlie.

A apreensão de Bella quando seu pai falou as palavras “são nove horas”, foi desaparecendo lentamente. Felizmente a exuberância dela quando voltei algumas horas depois não havia diminuído nenhum pouco.

Cada noite ela adormecia em meus braços, às vezes, enquanto eu cantarolava, outras vezes com a batida firme de seu coração. As manhãs começavam com um abraço – os primeiros mais desesperados do que amorosos. Imaginei que ela ainda temia que eu era um sonho com aqueles despetar iniciais. Uma vez ela verificou minha condição corporal, sempre seguido por um ansioso beijo.

Suficiente para dizer, eu nunca gostei tanto das manhãs.

Eu também estava me adaptando à nossa novo horário e consegui me arrancar longe o suficiente para verificar que Emmett e Jasper não tinha descoberto ainda o menor cheiro de Victoria. Nenhum de nós tinha dúvidas de que ela voltaria porém, e cada membro da minha família se ofereceu para ajudar na guarda de Bella e seu pai. Mesmo Rosalie não se queixou… na maior parte. Apenas o novo fascínio de Emmett com fezes de animais a irritava.

Depois de procurar por milhas ao redor de Forks, a única evidência de infiltração que qualquer um tinha encontrado eram dejectos deixados pelos lobos. Os vira-latas tinham andado muito longe de suas reservas preciosas na nossa ausência, e o meu mais jovem, embora irmão mais velho, havia catalogado cada pilha de esterco de lobo de Portland desde Spokane para Kamloops.

Eu teria achado suas piadas engraçadas, se a única coisa que os vira-latas deixassem para trás fosse um odor desagradável. Infelizmente a influência deles… a influência dele teve muito mais alcance.

Foi na terceira noite “normal” que a palavra escorregou dos lábios adormecidos dela. “Jake”.

Jake. A minha, pessoal, maldição de quatro letras. Jacob Black.

Lobo.

Dormindo, Bella ainda sofria o passado em seus sonhos. Murmúrios sobre Aro, rosnados sobre Jane, e choramingos tranquilos do meu nome frequentemente coloriam a noite dela. Normalmente um abraço ou uma carícia silenciaria o pesadelo, um beijo na testa ou no pescoço dela erradicava isso. Este era diferente. Eu não tive nenhuma dificuldade em reconhecer a emoção por trás do murmurar dela. Não se desculpando, não temeroso, não com raiva… o som era de saudades. Por ele.

“Você prometeu, Jake,” ela sussurrou. “Amigos… não importa quem…”.

Eu deveria ter esperado que algum efeito remanescente da presença do lobo ficasse no subconsciente de Bella – ela tinha mencionado ele na nossa primeira noite de volta – mas ouvir seu anseio por ele proveu o pior castigo possível.

“Shhh, está tudo bem, meu amor”, eu cantava, desejando que eu poderia permanentemente apagar todas as memórias do nosso tempo separados. Ela tremeu sob a minha fresca respiração, e deu um meio sorriso.

“Edward”. Mesmo dormindo, ela me reconheceu, deslizando sua mão em meu peito antes de descansar seu rosto no meu ombro. Nada mais importava… ela estava comigo. Minha.

Com um sussurro tranquilo de “eternidade”, seus sonhos se afastavam, substituindo o meu pesar com o paradoxo da culpa e da esperança que a palavra incorporava.

Embora o trauma de deixar Bella sozinha para se preparar para o dia tinha diminuído, eu raramente ficava longe por muito tempo. Fins de semana significava banimento até a tarde, então eu me tornei um residente frequente do jardim fora da casa Swan.

O Lado Sombrio da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora