Capítulo 10 (Luan)

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Depois de mais uma longa turnê por todo o Brasil, finalmente havia chegado a hora de voltar para casa:
-Pi! Que saudades que eu estava de você! -Bruna veio me receber na porta
-Também estava com saudades sua chata! -A abracei e a rodopiei no ar
-Filho! Que bom que já esta de volta -Minha mãe se aproximou me abraçando e beijando meu rosto
-Aonde está meu pai?
-Ele foi até o açougue, se esqueceu de que mais tarde faremos o churrasco?
-De maneira alguma, tem dias que estou sonhando com isso! kkkk
-Já ligou pra Lorena, Pi? -Bruna perguntou
-Ainda não, vou fazer isso agora
-Não quer comer nada antes?
-Obrigado mãe, mas eu vou tomar um banho primeiro, agorinha desço tá?
-Tudo bem, enquanto isso vou preparar um lanchinho aqui para você -Enquanto minha mãe e Bruna iam até a cozinha, subi para meu quarto. Deixei a mala em um canto e fechei a porta, somente quando me joguei em minha cama, foi que percebi o quanto estava cansado e com saudades de casa. Peguei meu celular e disquei o número de Lorena:
-Oi Luan, já chegou? -Ela perguntou animada do outro lado da linha
-Já sim, neste momento estou jogado na minha cama -Ela riu- E ai, você ainda vem né?
-Claro, estou saindo aqui do teatro agora, só vou passar em casa e vou direto praí. Posso te fazer uma pergunta?
-Diga?
-Será que fica melhor se eu levar maionese ou macarronada?
-Não precisa trazer nada Lorena, sua presença já é o suficiente -Brinquei
-Obrigada pela ajuda -Zombou, enquanto eu ria- até o caminho de casa eu decido o que fazer. Vou ter que desligar agora, até daqui a pouco.
-Até -Depois de desligar, fui até o banheiro e tomei um banho daqueles. Voltei para o quarto com a toalha enrolada em volta da minha cintura. Peguei um short e uma camiseta branca na gaveta e me vesti. Sequei o cabelo com a toalha e o deixei meio bagunçado mesmo.
Desci para a cozinha. Meu pai já havia chegado:
-Filhão! Que bom que você voltou! -Ele veio me abraçando
-Digo o mesmo, estou feliz por estar de volta -Sorri para ele
-Comprei a carne, agora o churrasco é por sua conta
-Pode deixar comigo -Passei por ele, indo até a geladeira pegar algo para beber
-Já ligou para a sua amiga?
-Pra Lorena? Já sim, ela disse que logo, logo estará aqui
-Eu sou seu pai, você é meu filho, quero que seja sincero comigo... você está gostando dessa garota?
-Nós só estamos nos conhecendo pai
-Você parece gostar muito dela -Ele se apoiou sobre o balcão para me observar
-E gosto -Apanhei uma garrafa de suco que estava na geladeira, pegando um copo para me servir
-Não quero ser chato, mas por favor, não cometa o mesmo erro que você cometeu com a Jade. Lorena parece ser uma boa garota, mas acima de tudo, eu não suportaria te ver mal de novo
-Não vai acontecer pai, pode ficar tranquilo -Levantei meus olhos para poder encara-lo. De repente a campainha começou a tocar:
-Deve ser ela -Deixei meu pai na cozinha e caminhei até a sala, quando abri a porta, Lorena estava lá:
-Decidi trazer maionese -Ela sorriu, levantando a vasilha
-Lô! Que saudades! -A abracei
-Também estava com saudades -Ela sorriu, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha
-Por favor, entre. Já estão todos lá no jardim.
-Obrigada -Ela passou por mim, entrando em minha casa. Caminhamos da sala até a cozinha em silêncio:
-Aonde posso deixar isto?
-Coloca ai em cima do balcão mesmo, quando a carne estiver assando a gente leva lá pra fora -Ela fez assim como disse- Vem, estão todos ansiosos para te ver, acho que você roubou o meu lugar nesta casa -Ela sorriu
-Não seja exagerado Luan -Mas não estava sendo. Quando meus pais e minha irmã viram que ela havia chegado, correram até ela para cumprimenta-la e abraça-la, eu nunca os havia visto daquele jeito antes. Mantive distância, apenas a observando. Ela sorria, parecia feliz em estar ali, mas acima de tudo, ela estava muito linda. A saia preta de cintura alta e a blusa branca de maga longa valorizavam sua cintura e seu busto, aliás, valorizava todo o seu corpo. Enquanto ela conversava com minha mãe e minha irmã, eu e meu pai acendíamos a churrasqueira. Depois de temperar a carne, a colocamos para assar. Observei quando ela e minha mãe foram até a cozinha e depois, quando retornaram com alguns pratos e talheres, elas não haviam parado de conversar por sequer um segundo. Todas se sentaram a mesa e depois de espetar um pedaço de carne no "garfo", a levei até uma taba e a cortei em fatias, servindo-os. Depois de repetir esse gesto durante algumas vezes, meu pai assumiu a churrasqueira e eu me sentei ao lado de Lorena:
-Nota para o churrasqueiro aqui?
-Dez! Sem dúvidas o melhor churrasco que já comi
-Que bom que gostou
-Ai meu Deus, Lorena! Essa maionese está incrível -Bruna dizia eufórica
-Obrigada Bruna
-Você acertou em cheio Lorena, o povo dessa casa simplesmente ama maionese -Minha mãe comentou e eu vi nos olhos de Lorena o gostinho de vitória, apenas dei de ombros sorrindo.
Permanecemos durante mais algumas horas ali, já se passavam das 21:00 horas, quando Lorena anunciou que teria que ir embora:
-Thau senhor Amarildo, dona Marizete, Bruna... obrigada pelo convite, tudo foi simplesmente perfeito!
-Nós que agradecemos querida, volte logo! -Ela olhou para mim, para poder se despedir também
-Vou te acompanhar até lá fora -Ela acenou novamente para minha família, enquanto adentrávamos novamente a casa, passando pela porta principal, até chegarmos na frente da casa:
-Então, até mais Luan
-Espera, eu quero conversar com você
-Aqui? No meio da rua? -Ela olhou para os lados, como se pensasse que sempre haveria alguém me observando
-Na verdade, estava pensando em te levar a um lugar, topa? -Ela deu de ombros
-Depende, é longe? -Neguei com a cabeça- Bem, nesse caso, vamos -Sorri, pegando em sua mão e a levando por alguns metros.
-Ainda vai demorar?
-Não, preciso que feche os olhos agora -Pedi, e assim ela fez- Tem certeza de que estão bem fechados?
-Eu juro que estão! -Me movi para trás dela e levei minhas mãos ao seu rosto, tapando seus olhos
-Sabe, é só para garantir -Ela riu. Andamos mais alguns metros e finalmente havíamos chegado- Pronto, pode abrir os olhos agora -Quando voltei para o seu lado, vi a surpresa estampada em seus olhos. Perto de minha casa, havia um grande jardim, aonde haviam centenas de rosas vermelhas e alguns bancos para que as pessoas que passassem por ali, pudessem ficar admirando aquela beleza:
-Por que me trouxe aqui? -A Lua estava alta e clara no céu, iluminando toda a escuridão, destacando bem os olhos azuis de Lorena
-Tudo o que aconteceu, não só hoje, mas desde o dia em que te conheci, tem sido muito especial para mim
-Pra mim também
-Não Lorena, você não está entendendo, eu quero dizer que está sendo realmente muito especial -Ela me olhou profundamente nos olhos, aparentemente um pouco confusa. Me abaixei e arranquei uma rosa que estava no chão, entregando-a à ela. Relutante, ela segurou a rosa em suas mãos:
-Luan... -Infelizmente eu não pude fazer nada para resistir, naquele momento o desejo falou mais alto do que minha razão. Toquei o rosto de Lorena com uma das minhas mãos, dei um passo em sua direção, com a outra mão a puxei pela cintura, queria que ficássemos bem próximos e depois, beijei seu rosto, deslizando meus lábios lentamente de encontro a sua boca. Ela respondeu ao meu toque, levando uma de suas mãos até meu braço e a deslizando por ele. Começamos a nos beijar lentamente, mas a cada segundo que passava, eu sentia meu corpo arder de desejo por ela. Admito, naquele momento tudo o que eu mais queria era poder sentir o corpo de Lorena contra o meu e acredito que ela também. Meus sentidos estavam aguçados, meu coração parecia que a qualquer momento iria sair do peito, eu estava apaixonado por ela. Quando percebi que não conseguiria parar, fechei os olhos afastando meus lábios dos seus. Senti quando Lorena acariciou meus cabelos. Abri os olhos lentamente, fascinado com a ideia de que veria seu lindo rosto. Quando nossos olhares se encontraram, ela se manteve em silêncio, acho que teve medo de estragar o momento, eu também tive quando abri a boca para pronunciar minhas primeiras palavras depois daquele momento eufórico:
-Há duas semanas, você me disse que não sabia o que nós dois éramos, eu refleti sobre isso durante todos esses dias e eu cheguei a uma conclusão sobre nós dois
-Qual? -Ela sussurrou, seus braços envolta do meu pescoço
-Eu realmente não sei o que somos, tudo o que sei, é que esse desejo, essa vontade que tenho de estar com você, esse carinho... Isso, eu nunca senti por ninguém, acho que eu estou me apaixonando por você -Não sei se consigo descrever o sorriso encantador que Lorena me lançou nesse momento, mas quando ela me beijou novamente, soube que aquela mulher me daria a chance de ser feliz outra vez:
-Eu te amo, Luan -Ela disse por entre meus lábios, sem parar nosso beijo. Segundos depois, quando aquele momento acabou, Lorena me abraçou com força, mantendo sua cabeça em meu peito. Pela primeira vez em muito tempo, pensei que meu coração fosse sair pela boca. No fundo, eu também a amava. Só não conseguia dizer isso a ela. Não ainda.


Chuvas de ArrozOnde histórias criam vida. Descubra agora