Chuvas de Arroz

Capítulo 46 (Luan)

1 MÊS DEPOIS...

Depois de descobrir que Lorena estava grávida, minha vontade era de ficar para sempre ao lado dela, não queria deixá-la só por nada, mas eu tinha meus fãs, minhas negas contavam comigo e eu também não podia abandoná-las. Lembro que depois de estar mais ou menos uns quatro dias em casa, cuidando de Lorena, lembro de estarmos juntos no sofá, abraçados um ao outro, vendo um filme que ela adorava, quando ela tocou pela primeira vez naquele assunto:
-Quando você vai voltar a fazer seus shows? -Ela perguntou descontraída
-Ué, falando assim até parece que você não me quer por perto -Brinquei com ela
-Não Lu, não é isso, você sabe que eu adoro quando você está comigo, mas, você não pode parar sua vida por minha causa -Ela me olhava- Poxa Lu, você batalhou tanto pra chegar onde chegou, você já cancelou tantos shows por minha causa, lógico que você é um artista respeitado no país enteiro, tem suas fãs, mas uma hora, isso vai acabar manchado sua reputação e eu não quero ser responsável por isso
-Lorena, eu não faço isso só por você, faço por mim também, quero dizer, estando aqui, eu posso saber como você está
-Eu sei, mas quer fazer uma coisa por mim?
-O que você quiser
-Volte a fazer seus shows, por favor, eu vou ficar muito feliz se você fizer isso -Ela implorava
-Tem certeza?
-Toda a certeza do mundo, por favor Luan
-Tudo bem, eu volto, mas volto por você
-Obrigada -Ela sorriu, se aproximando para me beijar.
Depois daquela conversa, não demorou muito para que eu voltasse aos palcos. Lorena tinha razão, só de ver a alegria dos meus fãs, quando ficaram sabendo que eu voltaria a me apresentar, foi muito gratificante, acho que mais para mim, do que para eles mesmos. Todos já sabiam da real condição da Lorena e da sua gravidez e, sempre que tinham alguma oportunidade, me desejavam força e diziam rezar pela saúde dela e pela do bebê, além de dizerem que eu seria um ótimo pai. Agradecia, esperado que estivessem certos.
Na última noite, havia participado de uma premiação no Rio de Janeiro e havia conseguido ganhar dois troféus. Havia sido ótimo, reencontrei velhos amigos e por um curto período de tempo, consegui me divertir, alguns até me convidaram para uma noite de bebedeira entre amigos, mas depois que sai do estudio de gravação, tudo o que eu queria era descansar.
Depois que cheguei no hotel, tomei um banho e liguei para casa, quem atendeu foi Manuela e, depois de saber como ela estava, perguntei de Lorena e ela disse que ela estava bem, mas que depois de assistir a premiação, havia ido se deitar, já que se sentia um pouco indisposta.
Depois que nos despedimos, eu tomei a decisão de ir para casa no dia seguinte. Rio era bem perto de Sampa, de jatinho seria ainda mais rápido. Á noite eu teria show no Rio, mas se organizasse bem meu tempo, conseguiria chegar na hora certa, tudo o que eu precisava era ver a Lorena. Um mês era tempo demais.
Assim que o dia amanheceu, falei para a Arleidy da minha ideia e ela concordou, com a condição de que eu estivesse de volta até as sete da noite.
Depois de decolarmos, demorou apenas algumas horas para que chegássemos a Sampa. Quando cheguei em casa, já se passavam das nove da manhã. Depois de estacionar o carro, que havia alugado no aeroporto, vi um homem sair da minha casa. Estava de chapéu, óculos escuros, jeans, camiseta e tênis, fiquei quieto dentro do carro, o olhando bem, até que percebi que se tratava do Ian:O que ele estaria fazendo ali? Desci do carro, pouco tempo depois de ele se afastar e entrei em casa correndo. Encontrei Manu na cozinha, que ficou completamente surpresa em me ver:
-Luan? O que faz aqui? -Ela me encarou surpresa
-Oie Manu, eu tive um tempinho e resolvi passar aqui pra ver a Lorena, onde ela está?
-Ela está no jardim... -Antes que ela pudesse terminar de falar, corri até o jardim e a imagem que vi, deixou meu coração apertado. Lorena estava sentada em uma cadeira de rodas, vestida em um vestido florido e um lenço com um azul bem clarinho na cabeça, ela estava próxima as flores e segurava uma Tulipa em suas mãos. Fiquei parado por um bom tempo a olhando, até ela me notar ali:
-Luan? -Ela me olhou surpresa, a mesma reação que Manu havia tido a alguns instantes
-Oie meu amor -Caminhei até ela, me ajoelhando ao lado da cadeira e a beijando nos lábios
-Meu Deus, que surpresa boa! O que você faz aqui? -Ela disse sorridente. Fiquei feliz por perceber que seu sorriso não havia mudado- Você não tem show no rio hoje?
-Tenho, mas como estava perto, resolvi dar um pulinho aqui pra te ver
-Awn, obrigada, mas você deveria ter ficado no hotel para descansar, você dorme tarde todos os dias e hoje, acordou super cedo para vim me ver, não é justo com você
-Acredite, eu estou bem, mas e você, como está? -Perguntei preocupado, encarando a cadeira
-Não é nada, eu te juro, só ando me sentindo um pouco tonta e me canso rápido ao ficar em pé, por isso a cadeira, mas, admito, não é tão ruim quanto parece -Ela me deu um sorriso fraco
-Ha Lo, se eu pudesse fazer alguma coisa, só pra você não ter que passar por tudo isso -Disse, meus olhos marejando
-Ei, tudo bem -Ela disse, acariciando meu rosto- Eu sou forte, eu aguento, não se preocupe pensando nisso está bem? -Ela sussurrou, secando uma lágrima intrusa que rolou por meu rosto nesse momento- Mas mudando de assunto, parabéns por ontem -Ela se referia a premiação
-Você viu? -Perguntei orgulhoso
-Não acredito que você pensou que eu fosse perder -Ela sorriu- Sério, você mereceu muito aqueles dois troféis, você é um artista incrível Lu
-Vovê é suspeita pra falar, é minha esposa! -Zombei dela
-Sim, eu sou, mas estou falando como sua fã e a propósito, você estava o maior gato naquele terno, super atraente
-Sério mesmo?
-Super! Fiquei tipo "Uau! Isso tudo é meu?" -Ela riu
-Você não existe, sabia? -Me aproximei, beijando dua bochecha- Como estão todos?
-Bem, seus pais e a Bruna estiveram aqui ontem, meus avós também vem quase todos os dias, eu só não vi mais a Susi, ela nunca mais falou comigo depois daquele episódio no hospital
-Ela só está chateada, vai passar
-Eu sei
-Por quê estava olhando para as Tulipas?
-Estava me lembrando dos nossos dias em Amsterdã
-Em algo especifico? -Perguntei curioso
-Não exatamente, acho que em um pouco de tudo
-Mas pensou mais nas nossas noites no hotel, certo? -Ri
-Quem não te conhece, pode muito bem achar que você só pensa em sexo, Luan -Ela disse brava
-E eu não penso?
-Talvez, mas eu sei que você é muito mais do que isso
-Então, quem eu sou Lorena?
-Você é um homem carinhoso, romântico, preocupado, atencioso... Acho que todos os adjetivos do mundo, não seriam suficientes para você. Acha mesmo que eu não sei que você sofre junto comigo? -Ela segurou minha mão- Eu sei Luan. Eu sei que você chora quando está sozinho e que ás vezes, perde o sono no meio da noite, eu já presenciei esses momentos, mas quando está comigo, você se faz forte e me faz acreditar que tudo vai ficar bem e, sabe, eu acredito, porque você consegue me fazer acreditar nisso e, é por isso que eu te amo mais e mais a cada dia que passa, obrigada por não desistir de mim -Quando ela terminou, meus olhos estavam alagados
-A cara, cê quer me matar! -A abracei com força- Eu te amo e também amo essa criança que está dentro de você -Toquei sua barriga, que ainda nem podia ser vista. De repente, me lembrei do que havia visto quando cheguei
-O que foi, você ficou quieto de repente -Ela me olhou atenciosa
-Você confia em mim?
-Que pergunta boba, você sabe que eu me jogaria de um penhasco se você dissesse que estaria lá em baixo para me segurar
-Você também sabe que eu confio em você, não sabe? -Ela assentiu
-Aonde você quer chegar com isso?
-Agora a pouco, quando cheguei, eu vi um homem sair aqui de casa, era o Ian, não era? O que ele estava fazendo aqui?