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Acordo lentamente com o barulho do despertador. O quarto está escuro, a não ser pela a tela do meu celular que está a vibrar em cima da pequena mesinha, deslizo o meu dedo pela a tela e respiro fundo, passo a mão pelo o meu rosto e me sento.

Rapidamente vou para o banheiro, o cansaço está presente em meu rosto quando eu me olho no espelho e vejo as grandes olheiras que se formarem, a minha testa tem pequenas gotículas de suor acumulada, mesmo estando frio.

Começo a me despir e entro em uma água quente. Fecho os olhos e me lembro de me debater durante a noite por conta dos pesadelos, sinto uma grande angústia se instalar em meu peito e um suspiro trêmulo saí de meus lábios. Odeio pesadelos, e odeio mais ainda não conseguir me lembrar de todas as cenas deles.

Saio do chuveiro assim que me sinto bem e me seco, os meus cabelos estão molhados e enrolo uma toalha em volta deles. Procuro rapidamente uma calça de lavagem clara e um sweater preto, coloco uma camisa jeans por cima e as meus famosos tênis brancos da Adidas.

"Bom dia" ouço a minha irmã Anne dizer assim que saí do seu quarto. Ela veste o seu uniforme comportado da escola, o seu colégio é particular, enquanto o meu não.

"Bonjour Annie" brinco com o seu nome e ela me revira os olhos. Ambas descemos as escadas e vamos a cozinha, olho o meu relógio e marca oito e quarenta da manhã, estou quase atrasada.

"Vocês estão atrasadas" minha mãe ruge assim que nos vê na cozinha.

"Bom dia, mamãe " minha irmã chama-a de modo infantil e eu apenas me limito a pegar um iorgurte e uma fatia de queijo.

"Só irá comer isso?" minha mãe diz enquanto toma todo seu chá. Ela parou de comprar ou fazer café no momento que descobriu que eu era viciada.

"E você se importa?" respondo rudemente e pego na minha bolsa em cima da cadeira, confiro todo o meu material e deixo um beijo na cabeça da minha irmã.

Saio da cozinha sem pronunciar nada e vou para pegar dinheiro em cima da estante ao lado da TV, pego as poucas notas de dinheiro e vejo um porta retrato. Três garotas e um homem. Congelo rapidamente no lugar. Fico encarando os sorrisos sinceros, o meu sorriso e o de Anne. Olho mais um pouco e fico observando Souxie, logo atrás vemos a famosa Torre Eiffel e o gramado verde. O sorriso do homem é tão grande que eu me sinto enjoada.

"Não se esqueça que hoje é seu dia de ter com o pai" Anne fala puxando o seu sotaque e eu ainda continuo vidrada a olhar o porta-retrato.

"Esse quadro não deveria estar aqui" eu sussurro e então saio andando, batendo com o pé fortemente no chão.

"Você não é a única que sente saudades dela, Sophie" Anne fala mas eu já estou longe o suficiente e bato com força a porta de entrada.

Começo a andar rapidamente sentindo a minha mochila bater em minhas costas, meus pés quase tropeçam um nos outros e eu começo a cambalear. Memórias incontroláveis daquele dia me surgem a mente, as minhas bochechas começam a cidade fortemente e quando sinto, estou a fazer tremenda força para não chorar. Paro de andar e fico observando as ruas movimentadas, as pessoas me olham de lado como se eu fosse louca, mas mal sabe eles que isso é apenas dor.

Atravesso a rua e então rapidamente eu já estou no colégio. Empurro algumas pessoas que estão no meu caminho, passo por todos e vou para o meu armário, pego no que preciso e ouço o sinal bater, todos se apressam a irem para as suas salas e eu faço o mesmo.

•••

Quatro horas e meia depois e eu estou finalmente livre. Saio da sala enquanto fecho a minha mala e cumprimento algumas pessoas timidamente, alguns esbarram em meu ombro e outros desviam de mim. Assim que saio dos corredores do colégio vejo o tempo tipicamente fechado e me aconchego mais ainda em meu casaco e sweater.

cigarette smokeWhere stories live. Discover now