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|| TRÊS ANOS ATRÁS ||

O barulho alto me consumia, as luzes coloridas embaçavam mais ainda a minha visão, tinha a plena consciência de que estava sozinha e bêbada, tenho pouco idade e uma mente pequena o suficiente para ser orgulhosa disso. Os corpos que esbarram em mim são desconhecidos e bem mais velhos, o garoto na qual me trouxe me largou, ainda me sinto suja por ter me dado tão fácil para ele na outra noite, e aqui estou eu sozinha. 

Meus pés cambaleiam para um canto encostada da pista, meu celular vibra centena de vezes em meu bolso, mas eu não posso me importar menos com isso. O copo preto em minha mão é cheio de uma substância forte, na qual não me importo plenamente, a roupa curta e vulgar está me deixando exposta, as mãos passando em minhas pernas e os corpos me encochando por todos os lados, os garotos que roubam beijos indecentes de mim, os hematomas sexuais em meu pescoço, o pequeno chupão perto da minha clavícula, tudo é tão errado mas certo na minha idade. 

Meu tornozelo se torna frágil e eu escorrego no salto, caio no chão e bato a cabeça, tento me recompor e me arrasto até o canto, homens me olham e eu me sinto suja demais para xingá-los, quem sou no meio dessa multidão de pessoas sedentas por prazer?.

Encontro uma porta e me enfio lá dentro, me deparo com a suja casa de banho, o cheiro é insuportável, forço-me a levantar a encarar meu reflexo no espelho, as olheiras e a maquiagem nem tão borrada assim, as marcas em meu corpo e uma garota de cabelos ruivos curtos e vulgares, me sinto perdida dentro dos meus próprios olhos, como se não me conhecesse.

Pego em meu celular e ligo para a única pessoa na qual me entende, disco seu número com o máximo de concentração que pode, porém o brilho do celular é forte demais para as minhas vistas. Assim que ela atende a ligação sua voz se torna desesperada, eu tento falar porém estou má o suficiente para nem isso conseguir, descrevo o máximo que posso do lugar e começo a chorar, ela fala que já vem e peça que eu permaneça quieta. 

Meu corpo infantil é direcionado para o chão, eu me sento no azulejo tentando plena consciência que minhas pernas e roupa íntima estão aparecendo. Os minutos se parecem horas, eu me sinto mais consciente com o tempo, a porta é aberta brutalmente e os cabelos ruivos e grandes aparecem em minha visão, os olhos azuis cintilantes e a roupa confortável são reconhecidos pelo o cérebro. 

"Meu deus" a voz suave e alta de Souxie anuncia e eu sorrio sem graça, tenho nojo de mim mesma por fazê-la ver me assim. 

"Eu só quero ir embora" tento me levantar porém vejo Souxie negar com a cabeça duas vezes.

"Quem é você?" ela pisca rapidamente e eu me sinto perdida "Você tem 15 anos de idade! Você não é assim, você é a menina de ouro, tem juízo! Você é uma Jackson, se alguém te reconhece o pai-" eu a corto rapidamente, por que ela estava sendo tão má?.

"Foda-se a imprensa Souxie, eu odeio toda essa merda, odeio estudar em uma escola particular e pagar de santa, eu odeio as pessoas mandando em mim e odeio esses sorrisos falsos, agora aprecie bem quem eu sou!" eu grito, porém me arrependo, ela ri sem graça.

"Não, você não é a minha Sophie, a minha Sophs é uma menina bonita e o reflexo que eu estou vendo na minha frente é de uma vagabunda" meu corpo abrange para trás e minha visão se torna desfocada.

"Eu te odeio! Você não, você, eu não, não me chama assim!" eu começo a grita, gaguejo incoerências e ela suspira chateada.

"Sophie, não se perca, você é boa demais para tudo isso, você não precisa disso" a garota na qual me inspirei uma vida inteira fala, ela tenta se aproximar porém eu me afasto.

"Eu tentei ser igual a você, mas você que é boa demais" eu me odeio acima de tudo e ela nega.

"Eu sou eu, você é você, não tente ser eu, se os pais se orgulham de mim eu faço por merecer" eu começo a rir exageradamente quando ela me fala aquilo.

"Então eu estou precisando contar para eles como a menina de ouro deles é uma vadia nas horas vagas" vejo-o minha irmã e melhor amiga ficar de boca aberta e seus olhos se enchem de lágrimas, e eu percebo o peso das minhas palavras.

"A menina de ouro é você, e você acabou de se descrever" ela se vira de costas e eu me pesada demais, ruim demais, eu tento ir atrás dela, porém meu corpo é lento e arrastado, ela se afasta com raiva, eu a sigo e tento a gritar, mais de nada adianta, eu destruí a pessoa na qual mais me importava, puxo a sua mão e ela me olha, vejo aqueles olhos azuis com flashs de luz rosa, sua expressão trancada e raivosa, chateada e rancorosa, ela me odeia, e eu a odiei.

Assim que meu corpo entra com o estado de clima frio do lado de fora eu me sinto atordoada, minha irmã corre para o seu carro branco caro, ela estacionou em um lugar proibido apenas para vir me ajudar, ela ligar o carro e no mesmo instante um carro dobra a esquina quando ela foi sair, eles se chocam com força e eu grito com todas as minhas forças, as pessoas fora da boate olham chocada e eu fico gritando desesperada. 

Um terceiro carro aparece e bate no da minha irmã e no mesmo momento eu voo para trás, uma explosão, as brasas se intensificam e eu me arrasto machucando meus joelhos no asfalto, eu tento me aproximar porém me seguram.

Meu rosto lavado de lágrimas, meu coração desesperado. O único fui de esperança que eu tenho crê que Deus ainda não vá a levar e me fazer sofrer tanto. Tudo começa a ficar cheio de fumaça, eu me sinto engasgada, eu me sinto perdida, ouço o corpo de bombeiros se aproximar, eu pouco me importo, braços fortes me seguram, eu não sei quem é, pouco me importo com isso, a pessoa fica me falando que tudo vai dar certo e eu só quero que ela me solto, eu quero a minha irmã, eu quero a amar.

Me sinto destruída quando jatos de água são jogados na direção dos três carros, é culpa minha, tudo culpa minha, eu a odiei, joguei coisas na sua cara, e eu nem ao menos tive uma segunda chance para concertar isso. Os braços me seguram com mais firmeza quando eu começo a gritar o nome dela com força, ele me aperta contra o seu peito e choro desesperadamente, por um instante eu olho para cima e apenas consigo focar em um par de olhos azuis, azuis como o de Souxie, tão azuis que eu me lembro dele e me odeio, me afasto do garoto ou homem e tento ir sentido contrário pronta para contar a desgraça e separar a minha família. 

|| PICCADILLY ||

"Você era a garota do acidente" ouço Niall sussurrar, o café está entre os meus dedos porém eu ainda não tomei um gole sequer, estamos na parte de fora do café, ele tem um cigarro inteiro entre os seus dedos enquanto eu conto a minha história.

"Como assim?" eu fungo, eu choro tão desesperadamente quanto aquele dia, eu nunca mais havia falado ou pensando naquele dia, apenas passei a andar com esse buraco pesado em meu peito, com a culpa me corroendo todos os dias da minha vida. 

"Eu, eu quem te segurei, eu não sabia o que estava acontecendo e meus amigos me chamaram tolo por me intrometer, mas eu não podia ver uma pequena garota se destruir no meio das chamas" eu o encaro confusa. Os olhos azuis, azuis brilhantes como o de Souxie, mas hoje em dia ele não tem o mesmo brilho que os daquele noite, aquele brilho inocente.

"Não, a cor dos seus olhos, aquele noite-" ele me corta com um sorriso.

"Coisas ruins acontecem com pessoas boas, naquele dia eu senti pena de você, eu te vi na balada e me lembro de te julgar centena de vezes pela a sua idade, depois de te julgar e mais tarde naquele mesmo dia ver você perder alguém eu falei que você merecia perder, mesmo não te conhecendo" ele baixa os olhos e fuma do seu cigarro, eu fecho os olhos com força, eu respiro fundo e sinto a dor me comer viva.

"Por que você não tem mais aquele brilho nos olhos?" eu pergunto a única coisa que veio na minha cabeça.

"Creio eu, que do mesmo jeito que eu falei que você merecia perder, eu também perdi alguém, e eu sou culpado, e depois daquele dia, bom, eu só penso em morrer todos os dias" ele sorri sem graça e eu fico o encarando, meus lábios secos e os olhos vermelhos. 

"O que aconteceu?" eu sussurro e ele suspira antes de jogar a cabeça para trás e fechar os olhos. 

"Liam James Payne, isso que aconteceu" 

XX

liamzinho entrou, vamos saber qual é a história por detrás desse nome, o que vocês acham que possa ser????

SIM EU POSTEI, RÁPIDO ESTAVA ANIMADA PARA DESCREVER ESSE CAPÍTULO, NÃO FICOU TÃO BOM MAS SEI LÁ. EU AMO ESSA HISTÓRIA.

love all, agah.

cigarette smokeWhere stories live. Discover now