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|| SOPHIE JACKSON ||

As casas se passavam rápido em minhas vistas, estava no banco passageiro do carro de minha mãe, ela me levava de volta para casa, não permitiu que eu voltasse com Niall. Fiquei a noite no hospital, ninguém ficou comigo, não era permitido. Anne dormiu na casa de nosso pai e não vejo o louro a longas horas.

"Sophie" minha mãe chama-me porém não faço questão de olhá-la. Continuo observando a parte de fora da janela, estávamos passando na frente do Picadilly.

"Mãe, eu apenas quero ir para a casa" sussurro cansada e simplesmente sinto o carro abrandar, primeiro, a curva se torna forte, e depois o carro para por completo, olho para a rua pouco conhecida e vazia, é final de tarde e o por do sol é visto pelo o retrovisor do carro, o céu está pintado em cores laranja e rosê.

"Sophie eu não suporto mais" ela simplesmente fala e eu me viro rapidamente para ela.

"Você não suporta mais o que?" digo áspera, porém logo me arrependo, não tenho a intenção de a desrespeitar.

"Não suporto o fato de que eu perdi duas filhas minhas" ela murmura, sua voz se corta em meio a frase e sinto-me ligeiramente perdida em suas palavras.

"Você não perdeu" cruzo meus braços de forma pouco arrogante e ela me encara de lado, ela solta um riso irônica e mostra um sorriso torto.

"Sim, eu perdi Souxie" posso ver a dor em seus olhos a pronunciar o nome de minha irmã "E eu perdi Você" seus olhos se enchem de lágrimas e eu nego rapidamente.

"Não, eu estou bem aqui" sussurro, sentindo-me pequena demais para essa situação.

"Não, eu lhe perdi naquele dia, eu te perdi naquele hospital e naquele funeral, eu te perdi todos os dias incontáveis vezes, e nem me dei conta, apenas percebi quando eu acordei e não encontrei-a vagando por aí" suas palavras são sinceras caem como bombas em minha mente, sufoco-me com o ar gelado, sinto um arrepio em meu corpo e fecho os olhos com força.

"Você me odiou, você me culpou, e então você me perdeu" minha voz embarga em meio a frase e eu percebo a quanto tempo eu tento falar isso e nunca consigo.

"Eu não disse que te odiei" ela tentou falar porém eu ri.

"Você não precisou falar, eu vi estampado em seu rosto como você me odiou e desejou que fosse eu do que a Souxie, você desejou eu embaixo de sete palmos da terra do que Souxie, você sabe que sim" meus olhos enchem-se de lágrimas, e eu percebo o quão difícil é falar de minha irmã.

"Eu nunca desejaria isso, a única coisa que eu desejo é que aquele dia nunca tivesse acontecido" ela passa a mão pelo os seus cabelos de forma desesperada, me sinto cada vez mais sufocada, como se eu me sufocasse com a fumaça daquele dia.

"Eu também queria que aquele dia nunca tivesse acontecido, porém atitudes foram tomadas e consequências foram geradas" murmuro zangada comigo mesma, eu me culpo todos os dias da minha vida por Souxie, mesmo sabendo que a culpa não é realmente minha.

"A culpa não foi sua" ela sussurra, como se ela mesma quisesse acreditar em suas palavras, fico a olhando, seu rosto está baixo, a ponta do nariz está vermelha, como se ela estivesse se esforçando para não chorar. 

"Não, a culpa do acidente não foi minha, a culpa de ela ter saído aquela noite foi minha" minha voz saí embargada e eu fecho os olhos, abro o vidro do carro o mais depressa que consigo, posso me sentir sufocada, posso sentir o cheiro do fumo, posso ver as luzes, vejo a fumaça e ouço os gritos, me lembro dos corredores vazios do hospital, me lembro de tudo, inclusive daqueles olhos na qual nunca mais os irei ver. 

"Você apenas precisava dela" ela está comigo no carro, porém parece que está longe, tão longe como a sua voz aparenta estar. 

"Eu sacrifiquei a vida dela, a insultei na mesma noite, eu a odiei no mesmo tempo, e lamentei no último estante, eu vi uma vida ser tirada na minha frente, e eu não pude fazer nada, e o meu último pensamento foi de ter me odiado mais do que eu odiei a ela" sinto meu peito doer, talvez de alívio por simplesmente admitir o que eu sinto, ou talvez de dor por saber que em seus momentos finais eu a odiei. 

"Sophie" minha mãe chama-me com tanta cautela que me sinto desesperada por ar, saber que eu a julguei durante todo esse tempo tirando conclusões precipitadas, saber que eu a odiei por achar que ela me culpava, saber que ela realmente pensava que tinha me perdido me fez perceber que eu realmente me perdi, me perdi em cada dia e horário, em cada mês de cada ano, em cada linha de todos os textos, em cada verso de vários poemas, me perdi literalmente, tropecei pela as ruas e esbarrei em pessoas, me perdi fisicamente, não me achei no espaço de uma sala, não me achei na frente do espelho, me perdi emocionalmente, eu me desliguei, me permiti a não sentir, a não saber de nada, simplesmente me perdi, todos os dias cada dia mais, eu cresci, adoeci e morri, todos os dias, e a única na qual soube disso foi minha Mãe. 

"Eu preciso respirar" eu tiro o cinto correndo, abro a porta com o máximo de pressa que posso, saio correndo, dobro a esquina e me deparo com as portas do famoso café na qual eu ficava com Souxie, sinto meu coração bater rápido contra o meu peito, a força é tanto que dói, e no momento que meus olhos lacrimejados examinam o lugar eu entro em choque. 

O loiro sentado no chão com um cigarro entre os lábios e um jeito cansado observa a sua frente, os carros passarem com pressa, ele parece perdido, tão perdido quanto eu. Eu saio correndo, meus pés quase tropeçando no asfalto, eu corro e me jogo em seu colo, sinto o cigarro cair no chão e seu corpo abrande me abraçando assustado.

Eu não o que isso é, eu não sei o que somos, mas eu sei que mesmo que estivemos longe estaremos perto, não importa se eu me comunique com ele ou não, meu destino e o dele são traçados, aonde eu estiver ele estará perto para me acalmar e me aconchegar, eu tenho a ele em todos os momentos, inteiramente, meu. 

"Soph" ele sussurra com a voz grave, ele tossi levemente e eu fungo sobre sua blusa o apertando ainda mais, eu sei plenamente que preciso conversar sobre eu só não quero admitir isso para ele, para ele me ver como um mostro. 

"Eu preciso conversar, te admitir uma coisa" eu continuo fungando.

"Eu também" ele sorri levemente e deixa um beijo em minha testa "Vamos pegar um café e um cigarro, vamos falar de nós enquanto nos enchemos de vícios" sorrio com o seu comentário e me levanto de seu colo entrando dentro do tão querido café, com o meu loiro.

XX

eles vão falar das merdas do passados deles, só eu que to animada para contar???? Liam morreu, Souxie morre, quem é a próxima vítima???

me desculpem a demora para atualizar, eu ando desanimada esses dias :(

amo-vos muitos, eternamente. 

love all, agah.


cigarette smokeWhere stories live. Discover now