21. Em espera - Laís

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Cedo no domingo, eu estava sentada á frente do notebook esperava Cauã se conectar, pois ele havia deixado uma mensagem dizendo que queria me mostrar ao vivo o lugar que visitava. Eu estava empolgada com a novidade, era raro ele conseguir um lugar com internet para que eu pudesse participar virtualmente do acampamento.

Mas meu pensamento não conseguia afastar-se do modo abrupto como Theo saíra de meu apartamento na noite anterior. Ao menos duas vezes durante a madrugada eu peguei o celular e pensei em ligar para ele e me desculpar novamente por ter estragado sua camisa. Mas não tive coragem.

Ele parecia muitíssimo chateado, na certa aquela camisa era importante. Devia ter um grande valor sentimental. Droga! Será que eu destruí algo que lembrava sua esposa morta? Um presente dado por ela, ou uma camisa que ele usou quando a pediu em casamento ou em outra data importante?

Segurei o celular entre as mãos e olhei fixo para a tela, eu precisava concertar as coisas com Theo. Eu ansiava por sua amizade. Digitei apressada uma mensagem para ele, como se minha demora pudesse agravar a tensão entre nós.

Theo, sinto de verdade por sua camisa.

Espero que nossa amizade não sofra por causa disso.

Beijos, Laís

Sem reler enviei a mensagem, caso contrário minha coragem teria se esvaído. Eu sabia que ele estava na emergência, e que não estaria com o celular por perto, mesmo assim eu fiquei olhando para a tela do meu como se isso pudesse gerar uma espécie de mágica que o fizesse responder de modo positivo.

— Ei! Pronta para se deslumbrar com tanta beleza? — a voz marota de Cauã, vinda da tela do notebook, me fez voltar à realidade.

— Sim — ri com animação.

Com o celular em mãos ele andou por entre as árvores altas unidas por emaranhados de cipós. A frente dava para ver uma cachoeira de vários níveis desembocar em um lago.

— Uau! É lindo — comentei.

— Espera até ver a caverna — seu rosto tinha um brilho encantador tamanha era sua felicidade.

Permaneci em expectativa enquanto ele contornava o lago e avançava por trás da cachoeira. A tela do notebook ficou preta de repente.

— Cauã! Está tudo bem? Não estou vendo nada — eu aproximei-me com receio que tivesse acontecido algo.

— Tive que guardar o celular na mochila para poder passar pela cachoeira sem molhar — ele respondeu ao sorrir para a tela. — Agora vou te mostrar a melhor parte.

A caverna não era muito alta. Na entrada havia musgo e mais adiante o lugar tornava-se de difícil acesso com pedras de diferentes formas e tamanhos, além de estalactites e estalagmites que brilhavam conforme a luz atravessava a cachoeira a frente da entrada.

— Esse lugar é mesmo mágico! Tira uma foto para mim — pedi.

— Já tirei — respondeu sorridente. — Depois de ver um lugar assim, ainda tem receio de acampar?

— Um lugar assim até dá vontade de acampar — concordei.

— Ah, então é você que vai tirar nosso organizador? — Um dos amigos de Cauã acenou por trás dele, seu sorriso era maroto.

Sua fala me deixou sem reação. Não sabia como responder a isso, mesmo que soasse como brincadeira, tinha grande fundo de verdade.

— Laís não quer ver sua cara feia. Vá fazer piadinha com Ivan — Cauã o repreendeu ao afastar-se com o celular.

Corações RessuscitadosOnde histórias criam vida. Descubra agora