Prólogo

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Saímos de Porto Alegre as 18:00, chegamos a Maré alta por volta das 02:00 da madrugada, pra mim iria ser bem difícil superar o fato de que a mulher que me criou por 15 anos estava morta. Eu e meu pai nunca nos demos tão bem, ele quase nunca esteve presente nos meu aniversários e nas datas comemorativas nas quais eu queria que ele estivesse, minha mãe foi tanto pai como mãe pra mim, ela sempre me ajudou, me educou, e agora ela está morta, não é fácil ver a pessoa que a gente mais ama no mundo em um caixão, a única coisa que eu consegui pensar naquele momento, era oque seria de mim agora? Meu pai não sabe cuidar de si mesmo, como cuidaria de mim? Eu deveria dar um crédito a ele, ele estava tão chocado quanto eu, sempre achei que nós três seríamos uma família de novo, mas agora vai ser impossível.

- Filho, vamos, temos que partir, nosso vôo é o das 18:00. Ele disse, tentando parecer forte na minha frente.
- Já vou, está tudo pronto. Eu disse aos prantos.
- Sei que é difícil, sei que sua mãe era a coisa mais preciosa que você tinha na sua vida, mas eu prometo, vou cuida de você tão bem quanto ela nesses 15 anos, sei que não estive presente na maior parte de sua vida, mas, me de uma chance, eu vou dar o meu melhor pra ver você feliz. Disse me apertando em uma forte abraço.

Levantei da cama, coloquei minhas malas e mochilas dentro do carro e partimos, chegamos a Maré Azul por volta das 02:00 da madrugada, uma cidade quieta, onde todo mundo conhecia todo mundo.
- Você vai gostar daqui, as pessoas são amigáveis. Ele disse tentando me confortar.
A casa do meu pai era uma das casa mais bonitas e chamativas da cidade, eu não queria dizer, mas, eu estava feliz por ter alguém "próximo" a mim, alguém que eu amava, não tanto quanto eu amava minha mãe, mas eu amava. A casa era tão grande, que eu não sabia por onde começar.
- Aqui eu tenho um quarto só pra mim? Perguntei, curioso.
- É claro, olha o tamanho disso. Respondeu.
Meu pai me mostrou meu quarto, era enorme, com prateleiras pra filmes e livros, uma cama de casal, um notebook, vídeo-game e alguns jogos, aquilo era o paraíso, se não fosse o fato de estar tentando conviver com meu pai, eu viveria o resto da minha vida trancado na quarto, deixando a barba crescer e chorando.
- Amanhã vamos a escola, já peguei a papelada da transferência, talvez daqui alguns dias você poderá voltar a estudar.
- Obrigado. Respondi com um suspiro
- Vou deixar você se ajeitar, se precisar de alguma coisa, estou no quarto ao lado.

Ele saiu e logo eu comecei a chorar, eu nunca mais veria o sorriso dela, nunca mais vou poder dizer que a amo outra vez, mas eu acho que minha mãe não iria querer me ver assim, ela iria querer me ver feliz, é, amanhã é um novo dia, e eu estou pronto pra começar uma nova vida com meu pai.

Até Que A Morte Nos Separe (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now