Capítulo 15

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Fui o primeiro a entrar no quarto, deitei minha cabeça no peito de Gabriel, ele colocou a mão sobre a minha cabeça e baguncou meu cabelo, olhei nos seus olhos e ele estava sorrindo. Naquele momento meus olhos se encheram de lágrimas novamente, e eu chorava feito um bebê, e me perguntava porque aquilo tinha que acontecer comigo, porque as pessoas que eu amo tinham que partir? Eu só queria passar minha vida ao lado de Gabriel, mas talvez isso seria impossível, talvez a morte estava realmente nos separando.
- Dani, posso pedir uma coisa? - Pergu tou com a voz rouca.
- Sim tudo que você quiser.
- Eu quero ver a praia. - Segurou em minha mão.
- Não, a praia mais próxima fica a 7 horas daqui.
- Por favor. - Disse apertando minha mãe com força. - Talvez seja a última vez que eu poderei ver o mar. - Sorriu. - e eu quero fazer isso com você ao meu lado.
Fui a recepção e chamei Gregory, ele disse que Gabriel tinha feito o mesmo pedido e ele havia aceitado, se eu não o levasse, Gregory faria isso, pensei um pouco e aceitei, precisávamos entrar no hospital quando todos ja tivessem saído, levaríamos Gabriel até o carro, já havíamos pensado em tudo, só precisávamos esperar as horas passar.
Mais tarde, naquele mesmo dia, fomos até o hospital, não havia ninguém ma recepção, passamos despercebido, pegamos Gabriel colocamos dentro do carro e fomos, eu estava muito nervoso, eu estava com medo, aquilo era errado, mas Gabriel queria ver o mar uma última vez, não sabíamos se seria a última vez, mas eu queria ver Gabriel feliz.
Passamos longas 7 horas dentro do carro, chegamos na praia, e era cedo, 6 horas da manhã, deitamos e dormimos. Acordamos 8:30 em ponto, Gabriel não estava dentro do carro, acordei Gregory e vimos Gabriel em pé na Beira do mar, olhando pro oceano azul.
- Isso é ótimo. - Gabriel suspirou.
- Oque? Perguntei
- O vento, a água, o sol, me sinto vivo. - Sorriu.
Gabriel me deu a mão e ficamos abraçados la.
Algumas horas se passaram e ja haviam percebido que Gabriel não estava no hospital, senhora Matsui havia deixado 120 ligações no léu celular, não atendemos, meu celular tocou mais uma vez, era o meu pai, atendi.
- Daniel, você é louco?! Estamos procurando você, Gabriel sumiu do hospital, venha ja pra ca!
- Pai, Gabriel está comigo.
- Oque?!
- Ele queria ver o mar e eu o trouxe.
- Daniel.. você não pensou que isso pode ser ruim pra ele?!
- Eu só quero ve-lo feliz.
Desliguei o telefone e fui pra perto de Gabriel, aquele barulho do mar, o vento, aquilo me deixava calmo, Gabriel dormiu em meu ombro, ficamos lá até anoitecer, quando finalmente iamos embora meu pai aparece com uma ambulância, colocou Gabriel la dentro, ele sequer olhou na minha cara, me colocou dentro do carro dele e Gregory foi no carro de Gabriel.
- Daniel, oque você estava pensando? Gabriel está mal.
- Eu sei, eu...
- Se sabia o tirou do hospital porque?, você pensou nas consequências? Você quer que Gabriel morra como sua mãe morreu? - Fui interrompido
Depois disso eu não falei mais nada, ficamos o tempo todo sem falar um com o outro, chegamos em casa e eu estava indo direto ao hospital, meu pai me segurou, olhou sério para mim, e me trancou dentro de casa, eu não conseguia sair, pensei em sai pela janela, mas as únicas que estavam abertas eram as do quarto, e estavam no segundo andar, resolvi ficar procurando uma chave até encontrar, achei uma chave reserva dentro da gaveta no quarto do meu pai, abri a porta e fui ao hospital.
Cheguei lá e a Mãe de Gabriel estava sentada na recepção, ela dizia "Eu confiei em você" eu peguei em sua mão e disse "me desculpe", talvez um pedido de desculpas não poderia reparar oque eu fiz, mas ela sabe que eu só quero o bem do Gabriel, eu só quero ve-lo sorrir. Então ela me abraçou, me deu um beijo na testa, e me disse "Você fez Gabriel feliz como ninguém fez." A mãe de Gabriel pegou em minha mão, me levou até o quarto de Gabriel e disse "Gabriel quer que você durma com ele." Deitei ao lado de Gabriel, abracei-o.
- Dani, canta pra mim?
Eu não sabia cantar, mas mesmo assim cantei, cantei até Gabriel cair no sono, dormi junto com ele.
Naquela noite, mais uma estrela tinha ido para o céu, a última chama que havia acesa em meu coração tinha se apagado, o amor da minha vida tinha finalmente partido.
"Oque eu seria sem ele?" Eu pensava, quem me faria rir? Creio nunca encontrar alguém como ele, alguém que com um simples gesto faz tristeza virar alegria, eu não sabia oque fazer, eu não conseguia consolar a mãe de Gabriel, eu não conseguia olha-la nos olhos, eu não sabia se eu conseguiria viver com aquele vazio dentro de mim, eu peguei as chaves do carro do meu pai, fui até uma ponte onde tínhamos que passar para sair da cidade, eu pensei em me jogar dali, mas Gregory me surpreendeu, ele me agarrou, e não me soltou.
- Você acha que Gabriel queria isso?! - Gritou. - Você é fraco!
- Isso dói demais.. isso machuca.. - Falei soluçando
- Gabriel lutou por você, sabe por quanto exames dolorosos ele teve que passar pra te ver feliz? Você não tem ideia do que ele enfrentou só pra viver ao seu lado, ele queria desistir, mas ele lutou até o fim, ele lutou porque ele te amava, e tenho certeza que ele não queria ver você a acabar assim, pelo menos uma vez, não seja esse mariquinha que você é, quer se matar? Se mate.
Eu nunca seria a pessoa que Gabriel foi, eu sempre seria um mariquinha, um garoto que se esconde atrás das pessoas só pra ter proteção, talvez realmente eu tinha que ser mais forte, pelo Gabriel.
Limpei minhas lágrimas e fui até o carro, liguei e fui até o hospital, ninguém estava la, fui até a minha casa, meu pai estava no escritório, ele chorava, o homem mais forte que eu conhecia estava aos prantos, Gabriel era mesmo importante pra todo mundo aqui, fui até a casa de Gabriel e seu pai estava bebendo, ele chorava, jogava garrafas no chão, tentei acalma-lo mas nada o faria parar, perder uma pessoa importante não é fácil, eu não sabia oque fazer, a mãe de Gabriel estava parada no quarto, olhando um álbum de fotos, ela olhava cada foto e chorava, tentei consola-la, mas nada fazia ela para de chorar, o enterro de Gabriel seria a poucos dias, e eu não tinha ideia de como ir, eu não suportaria ver mais uma pessoa que eu amo no caixão.
O dia do enterro chegou, todos da escola estavam la, alunos, professores, todos, os familiares de Gabriel estavam la também, a mãe de Gabriel não parava de chorar, senhor Matsui tentava acalma-la, mas ela chorava cada vez mais, depois do enterro, senhora Matsui me entregou um caderno, ela disse que era no Diário de Gabriel, comecei a le-lo.

Eu não sei porque, mas minha mãe disse que você seria meu amigo, eu poderia contar tudo a você, eu tenho 18 anos, e estou escrevendo em um diário, coisas que crianças de 12 anos fazem.
Hoje eu conheci em garoto, Daniel Palocci, não sei porque mas ele já me conquistou, ele não parece ser os garotos das escola que são um brutos, que tratam as pessoas como gado, ele é diferente, ele tem um jeito carinhoso, e pelas roupas dele creio que é gay, que sorte!
Voltei, encontrei Daniel na casa dele de toalha hoje, me segurei pra não agarra-lo, depois o encontrei na rua de novo, e fomos tomar sorvete.

Tudo oque fizemos, tudo estava ali, escrito naquele diário, todas as aventuras, todas as vezes em que ele me fez rir, estava ali, cada detalhe, cada palavra, todos os gestos.

Oi, Daniel? Falei pra minha mãe lhe dar esse diário quando eu já não estivesse mais aqui, se você tá lendo isso, é porque eu já não estou mais ao seu lado, provavelmente eu não falei que te amo uma última vez, e aqui está EU TE AMO! Você conseguiu me dar a felicidade que ninguém conseguiu, você fez eu me sentir vivo, você conseguiu me fazer te amar cada vez mais, oque meus pais e amigos demoraram quase 15 anos pra fazer, você conseguiu em apenas 1, e eu quero agradecer por nunca desistir de mim, eu sei que fui meio bruto com você, mas eu te amo, eu te amo como nunca amei outra pessoa, espero te encontrar em outra vida.

Ass: Gabriel.
TE AMO!

Não coloquei data.

O nosso para sempre estava guardado ali, marcado naquelas folhas, e eu guardaria aquilo pra sempre.
Alguns anos passaram-se, e eu estava trabalhando em uma nova cura para a leucemia, nunca esqueci Gabriel, Gregory formou uma família, um de seus filhos chamava-se Gabriel, eu me tornei padrinho dele, nestes últimos anos minha amizade e de Gregory cresceu, meu pai se casou novamente, senhor e senhora Matsui adotaram uma criança, mas nunca esqueceram seu filho, Gabriel estaria marcado em nossas lembranças, tatuado em nossas mentes.

Fim.

Até Que A Morte Nos Separe (ROMANCE GAY)On viuen les histories. Descobreix ara