CAPÍTULO 5

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Lisa

Cinco dias depois.

Eu acordo assustada com toque alto do meu celular, mas quando consigo encontrá-lo, para de tocar. Ainda estou sonolenta e mal consigo abrir os olhos, então resolvo virar para o lado e voltar a dormir, mas a porcaria do celular começa a tocar outra vez.
Tento abrir os olhos e ver a hora, mas além do horário vejo que é a Carol me ligando. E adivinha por quê? Para que eu não me atrase outra vez, mas se eu continuar a ignorar as ligações dela, é o que pode acontecer. Então atendo o telefone.
─ Oi, lorão.
─ Você ainda está na cama, Lisa?
─ Claro que não, já estou me vestindo. ─ minto descaradamente, mas minha melhor a miga não ganhou esse titulo a toa, me conhece bem demais até para os limites da amizade.
─ Garota, não me faça ir até aí para te buscar! Você mora a duas quadras da boate, toma vergonha!
Dou uma gargalhada e consigo ouvir quando ela ri antes de desligar.
Estou me espreguiçando para levantar, quando o celular toca outra vez. Olho na tela para ver quem é e o nome que aparece é Felipe. Mas que coisa!
─ Qual é o problema de vocês?! ─ atendo irritada.
─ O problema é que você tem síndrome de bela adormecida. Tira logo essa bunda da cama e vem já pra cá!
─ Cara, a casa nem está na hora de abrir ainda!
─ Mas se depender de você, vai chegar quando for pra fechar.
─ Olha Felipe, aproveita que a casa nem abriu ainda e vai dar uns amassos na sua namorada e não me enche. ─ ele dá uma gargalhada e desliga.
Resolvo levantar logo da cama e ir direto para o banheiro tomar banho para me trocar. Ainda permaneço com as talas nos dedos, mas troco as faixas todos os dias. Ainda preciso voltar no hospital para uma consulta com o médico bonitão, mas me falta vontade. Sem contar que tenho um cesto cheio de roupas para lavar, tenho que dar um tempo com a cama, ela me suga muito. Começo a rir de mim mesma. A sindica do prédio onde eu moro, adora dar palpite na vida dos outros e me disse que se não quero vida social, era melhor arrumar um bicho de estimação, só para sacanear respondi que doze cães seria legal. Faz uma semana que ela não cruza os corredores, me evitando, com medo de que eu faça mesmo uma loucura assim. Pelo menos eu sei como a fazer ficar longe de mim. Eu já pensei em arrumar um bichinho, mas moro em um micro apartamento e mal tenho tempo para mim, se não for para dar amor e cuidado para o animalzinho, eu nem quero.
Começo a juntar as roupas espalhadas pelo quarto e pelo banheiro para por no cesto para lavar, pego as faixas que estão no chão ao lado da pia do banheiro e vejo que cai um pequeno papel, junto e percebo que era o bilhetinho que o médico bonitão havia colocado no meio das faixas. Dou uma olhada e ao desdobrar vejo um nome e um número de celular. Se ele acha que vou ligar, está enganado, não é porque ele é bonito, alto e atraente que vou sair com ele.
Coloco o bilhete em cima do armário do banheiro e deixo lá. Mas penso melhor, acho que vou precisar marcar uma consulta para ver como está a minha mão, mas não hoje e nem amanhã.
Encho o cesto de roupas e tiro o meu pijama e jogo tudo junto. Coloco um saco plástico na minha mão para evitar molhar as talas e ligo o chuveiro. Lavar os cabelos com uma mão só é uma droga, ainda mais considerando o tamanho que estão.
Termino o banho, enrolo uma toalha na cabeça e outra no corpo. Vou até o meu quarto e separo uma muda de roupa e roupas intimas. Pego uma faixa limpa e enfaixo a minha mão e em seguida tento secar meus cabelos com o secador. Depois de secos, visto as minhas roupas. Hoje vou usar uma blusa frente única vermelha. Sapatos de saltos altos vermelhos, para combinar e uma mini saia preta. Coloco um casaco longo sobre tudo, preto e termino minha maquiagem antes de sair.
Pego minha bolsa e saio de casa, um pouco animada para começar mais uma noite de trabalho. Qual o motivo da animação? Nem mesmo eu sei.
Chego e a musica já está alta, a casa daqui a pouco vai abrir e os funcionários já estão se preparando para o publico, que está à espera do lado de fora. E pelo que parece, hoje vai lotar.
Vou até os fundos do corredor que leva ao banheiro dos funcionários, lá tem vários mini armários e guardo minha bolsa e casaco em um que é reservado para mim.
Vou até o bar e encontro Carol de cara feia e sozinha.
─ O que foi agora?
─ Você sabe que está mais do que na hora da Amanda contratar mais bartender. Só nós duas não vamos dar conta, está cada dia mais difícil.
─ Ué, o que houve com as outras duas?
─ Pois é, uma está doente e a outra se demitiu.
─ Espera... Seremos só nós duas hoje? Está brincando?! Já deu uma boa olhada no lado de fora? Isso aqui vai ficar lotado a noite toda!
─ Eu acabei de ligar para a Amanda e dizer isso.
─ E...?
─ Disse que vai dar um jeito.
─ Só disse isso? Nós precisamos de ajuda agora, antes de abrirmos. ─ ao terminar de dizer isso, vejo nossa chefe entrar acompanhada de mais duas garotas, e devo admitir, lindas.
Mas, espera... Amanda está vestida como se fosse trabalhar no bar hoje. Essa eu pago para ver!
Vou explicar como funciona. Amanda só quer mulheres trabalhando no bar e os homens servido as mesas e levando os baldes com gelo e as bebidas.
Existem três bares distribuídos pela casa, mas o nosso é o principal. Os outros dois também estão desfalcados de meninas. Precisamos de três em cada um e pelo menos quatro no principal. Isso pelas contas da Amanda, porque pelas minhas contas e pela quantidade de clientes mais o movimento da casa, seriam pelo menos necessárias cinco em cada bar. Mas desde quando ela me ouve?
Se ela vai mesmo trabalhar hoje, que é o que parece, eu acho, vai ser meu dia de me vingar e mostrar que estou certa e ela precisa me ouvir.
Amanda tem cabelos ruivos, mas escuros que os meus, e nada naturais, que vão até o meio das costas. Ela tem 1,73 de altura e ainda está com belos saltos 15, preto e ela está usando mini saia azul marinho com um top preto. Ela é mesmo bonita de corpo.
As outras duas, estão de vestidos curtos e justos, também de saltos muito altos. Duas morenas, uma de cabelos longos e a outra com cabelos na altura dos ombros. Estão vindo em nossa direção, todas sorrindo. Eu e Carol retribuímos.
─ Olá, meninas! ─ diz Amanda sorrindo, como se fosse normal rodar pela boate como funcionária.
Coitada, a ignorância é uma benção, quando não sabe que o pior está por vir.
Estou rindo internamente, só de imaginar ela doida, tentando dar conta dos pedidos e dos clientes malucos.
─ O que você vai fazer, só por curiosidade. ─ Carol fala para ela, me olhando de canto.
─ Vou trabalhar com vocês hoje. E trouxe Lilian e Izabel.
─ Amanda, elas tem experiência? ─ pergunto, já imaginando que se não tivessem, no meio do povo todo que estaria aqui dentro logo, não poderíamos ficar socorrendo elas de nada que desse errado durante a noite
─ Sim, claro. Elas já trabalharam para um amigo meu que me indicou elas. ─ Eu e Carol suspiramos aliviadas.
─ E você entende alguma coisa de bar Amanda? ─ pergunta Carol e eu lhe dou uma discreta cotovelada.
─ Bem, talvez um pouco, mas eu já observei muito vocês e não deve ser nada difícil. ─ Ai meu Deus! Era isso que eu temia. Eu tinha que raciocinar rápido ou daria merda.
─ Então vamos fazer o seguinte. No bar da esquerda tem três meninas e no da direita, só tem duas, Talvez Lilian de conta de ajudá-las e você Amanda se junta a nós com a Izabel.
─ Você está errada, no bar da esquerda só tem duas, precisa de mais uma então Izabel ficará lá. ─ fala Amanda. Senhor, que me de paciência!
─ Então por que não fica lá e deixa Izabel aqui? ─ pergunto já sem paciência.
─ Porque quero ficar no bar principal, aqui na frente da pista. ─ Carol e eu nos olhamos mais uma vez.
─ Ok! Vou ser bem sincera Amanda, se você acha que dá conta, tudo bem, mas depois não diga que não te avisei. ─ ela nem me respondeu, apenas sorriu como se fosse uma criança conseguindo o que queria.
Eu não consigo imaginar minha chefe trabalhando no bar e nem consigo também imaginar o porquê disso. Mas tá né, ela é quem manda. Ainda vou rir disso essa noite, quando ela disser que se demite como funcionária. Vai ser hilário!
E finalmente a casa é aberta, a música já está a toda e tenho certeza de ver que Felipe nos lançava olhares apavorados, só de ver Amanda no bar com a gente. Já comecei a rir e a noite mal começou.
Para não haver erros mostrei a ela as bebidas e qual dosador usar, depois peguei minha garrafa de tequila que estava na parte de baixo do balcão, servi uma dose para mim, uma para Carol e uma para a Amanda, que me olhou com uma cara estranha.
─ Não se preocupe, essa garrafa é minha e não do seu bar. ─ eu sorri, mas ela continuou a me olhar de maneira estranha.
─ Qual é o problema, chefe? ─ perguntou Carol, notando a cara dela.
─ Eu nunca tomei tequila. ─ Eu gargalhei enquanto a Carol ria. Viramos as nossas doses e ficamos olhando a reação dela ao tomar a sua, pela primeira vez.
Amanda fez uma tremenda careta logo após engolir e rimos mais ainda.
E então os pedidos começaram e a boate, como previsto, estava apinhada de gente.
Ela até que estava indo bem, mas não tão rápido quanto o desejado.
Em uma certa altura, ela começou a se queixar de ter que aguentar tanto tempo em pé nos saltos e foi aí que me senti vingada.
─ Você agüenta, mulheres para serem sexy enquanto atendem, precisam estar de saltos altos o tempo todo, lembra? ─ lhe deu meu melhor sorriso sarcástico.
─ Ok! Já entendi!
E não é que ela entende rápido!
Estávamos indo muito bem, até que algo faz meu coração disparar. Ou melhor, alguém.
Achei que jamais veria o Dean outra vez, mas não esperava mesmo era ver seu irmão ao seu lado.
Nossos olhares se cruzaram, no momento em que ele entro e olhou para o bar, seu irmão também me encarou, mas desviou o olhar quando DJ lhe disse alguma coisa.
Eu continuei de olho em Amanda e no meu trabalho, eu não sabia que queria tanto vê-lo até ele entrar. E justo hoje que estava com o dobro de trabalho e praticamente de baba da minha chefe!
Tomei mais uma dose de tequila e continuei a servir o pessoal e perdi ele de vista, no meio daquela gente toda.
Amanda já tinha pegado o jeito e Carol estava tranquila, então achei que já era hora de minha pequena pausa para o cigarro. Avisei que sairia para um cigarro e nem olhei ou esperei pela resposta. Talvez não me deixassem ir, e eu estava mais que precisando.
Saí rapidamente e Felipe estava a minha espera na porta.
─ O que você acha da nossa chefe no bar, Lisa? ─ disse ele sorrindo.
─ Ela até que vai bem, mas quer saber a real? Me sinto vingada! ─ ele gargalhou e eu fui logo lá para fora acendendo o meu cigarro.
Traguei o cigarro com gosto, sentindo o vento fresco soprar meu rosto. Estava muito abafado lá dentro e a brisa fresca me dava prazer.
Estava distraída e não vi ninguém se aproximar, até que senti um leve toque em meu ombro para chamar a minha atenção.
Eu respirei fundo, me preparando para virar e encarar o engraçadinho que estava mexendo comigo e parei de respirar ao ficar surpresa com quem era, mas tentei sorrir.

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