CAPÍTULO 9

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Lisa

Acordo me espreguiçando igual uma gata e não sei por que, sorrindo.
Saio me arrastando da cama, vou até minha micro cozinha e coloco água na cafeteira e o pó, ligo e vou para o banheiro tomar um banho quente, escovar os dentes e me perfumar. Isso é tão bom... Não sei por que isso me faz pensar no Dean outra vez.
Tiro meu pijama de ursinhos coloridos, eu sei, pareço uma piada. Sinto um arrepio correr pela coluna e não é de frio, e sim por lembrar a promessa que ele me fez antes de sair. Sorrio outra vez, ando fazendo muito isso a toa ultimamente.
Já estou vestida quando ouço baterem na minha porta. Pelo modo de bater já até já sei quem é, e confirmo ao abrir.
Carol está linda como sempre, sorrindo como se ela fosse a felicidade em pessoa.
─ Oi, loira, cara da felicidade. O que te fez vir até aqui hoje?
─ Bem... ─ ela mostra que tem dois sacos de roupas nas mãos e isso me faz se encolher.
─ Não... Diga que não é o que estou pensando.
─ Pois bem, prepare-se para a próxima que a Amanda escolheu para nós. ─ ela diz entrando em meu apartamento e se atirando no meu sofá.
─ Tenho medo de perguntar o que tem nesses sacos.
─ Uma universidade quer a festa de seus formandos lá e como sempre, é a fantasia.
─ A casa não vai abrir para o publico?
─ Vai sim, a fantasia não vai ser obrigatória como da ultima vez.
─ E vamos nos vestir de...?
Ela vira o saco que acho que é correspondente a mim e na mesma hora visualizo a fantasia, prendendo a respiração.
─ Eu mato ela! Juro que um dia desses, eu mato ela.
─ Ah, não seja tão dramática. Até que é legal, quero ver a cara do Felipe quando me vir vestida assim. ─ ela sorri maliciosa.
─ Que fetiche idiota! Homem que gosta de ver mulher vestida de coelhinho, só pode ser idiota.
─ Não seja boba. È sexy! ─ reviro os olhos. Só ela mesma para pensar em sexo o tempo todo.
Mas de repente me pego imaginando a cara do Dean, ao me ver vestida assim.
Estou com raiva da minha chefe, cara, ela realmente deveria fazer reuniões para decidirmos esse tipo de coisa, não somos bonecas para nos vestir como bem entende.
E como se uma luz ascendesse em minha mente, pego o meu celular que estava no chão do meu quarto e envio o bendito vídeo para a Amanda. Carol ao perceber o que estou fazendo, cai na gargalhada na mesma hora.
Sento-me ao lado dela no sofá e ficamos de olho na tela do celular, só aguardando a reação dela a seguir.
Esperamos ela visualizar e pelo menos dez minutos depois de ela ter assistido ao vídeo e prendemos a respiração quando Amanda começa a digitar.
E a resposta vem em caixa alta:
"EU JURO QUE MATO VOCÊ LISA! E MATO A CAROL, QUE TENHO CERTEZA QUE ESTÁ COM VOCÊ!"
E foi o suficiente para cairmos na gargalhada. Foi de escorrer até lágrimas, foi difícil de se recuperar da crise de risos, mas enfim conseguimos.
─ Bem, agora que já rimos à custa da nossa preciosa chefe, vou indo.
─ Não quer tomar café comigo?
─ Não posso, tenho coisas para fazer antes de ir para Red Night.
Ela caminha até a porta com o saco contendo a fantasia dela e para no meio do caminho e vai até minha pequena estante cheia de livros. Eu sei o que lhe fez a curiosidade aflorar. Eu tenho uma coleção grande de livros de romance e na grande maioria, são livros eróticos.
─ Lisa, você deveria arrumar um namorado e realmente transar.
─ Ei, cuida da sua vida! ─ rimos e então ela fica séria.
─ Lisa, já somos amigas há alguns anos e sei que você nunca...
─ Olha, eu sei do que eu preciso, e no momento não preciso de nada disso. ─ ela levanta as mãos como se estivesse se rendendo.
─ Ainda vamos voltar a falar sobre isso. Agora preciso mesmo ir. ─ ela me abraça, me dá um beijo na bochecha com gosto e se vai.
Tomo o meu café da manhã sozinha com coisas rodando na minha mente, coisas que nunca achei que passaria a pensar.
Eu fico um tempo pensando no que ela disse, mas não sei exatamente o que pensar. Tenho vinte e três anos e não tive coragem e nem vontade de chegar a esse ponto, mas sei que se continuar a brincar com o Dean como na noite passada, vou me ferrar bonito. E o que eu faço? No momento vou até a estante, escolho um livro aleatório e começo a ler extremamente concentrada. Ser inexperiente não significa ser ignorante. Sei muito sobre o assunto, leio demais sobre o assunto... Só não sei na prática. Não vejo o tempo passar e quando olho para o relógio, está na hora de sair comprar algumas coisas para abastecer a minha geladeira e meus armários.
Já passa da hora do almoço, mas vou até o mercado mesmo assim e decido que vou comer algo no caminho, quando estiver voltando.
Estou saindo pela porta do prédio e dou de cara com a síndica, que franzi o nariz ao olhar para mim e eu imito um latido de cão. Isso a faz andar quase correndo para dentro do prédio e me fazendo rir com vontade.
Coloco os fones no ouvido, escolho a minha playlist preferida no celular e caminho até o mercado, distraída com a canção e não estou pensando em nada importante, mas às vezes as lembranças ruins aparecem involuntariamente e depois disso perco a fome. Resolvo pegar tudo de que preciso no mercado, olhando a pequena lista que fiz antes de sair. Não estou olhando para a frente e bato em cheio em um carrinho de compras e quando olho para frente e estou me desculpando, vejo que encontrei o doutor "bonitão" outra vez.
─ Opa! Nos esbarramos outra vez. ─ diz ele sorrindo e não resisto retribuir, mas só pensando em como sou desastrada e vivo me batendo ou caindo em cima dos caras. Isso quando não quero socar eles.
─ Pois é, temos que para de fazer isso. ─ tiro os fones que estava ouvindo música e guardo tudo na bolsa.
─ E quando vai me deixar dar uma olhada nisso? ─ ele aponta para a minha mão.
─ Ainda não tive tempo...
─ O que acha de dar uma volta comigo? Queria te levar na academia, se topar, aproveito e dou uma olhada.
─ Acho que isso é uma desculpa para sair comigo, doutor. Não vou precisar de novos raios x?
─ Não. ─ ele continua esperando a minha resposta, sem se abalar com o que eu disse.
Eu penso rapidamente nas minhas opções, pois aprender a me defender decentemente seria bom e ter um amigo médico até que é bom, mas claro que vou deixar isso bem claro. E também preciso mesmo me livrar dessas talas. Ele é atraente, simpático e atencioso, mas há algo nele que me faz pensar duas vezes em estar ao seu lado.
Talvez seja minha experiência com traumas e pessoas ruins, que está me alertando. Mas ainda não vejo nada de errado quando olho em seus olhos. Então, talvez não tenha problema.
─ Tudo bem, Doutor. Mas vou ter que deixar uma coisa bem clara.
─ Tudo bem. Não vou me opor a nada que disser.
─ Assim, sem saber o que é?
─ Não sei o que fizeram para você, mas posso garantir que não vou te fazer mal algum.
─ Que bom, pois só seremos amigos. Não estou aberta a relacionamentos e não tenho tempo para isso. ─ ele sorri, mas de uma maneira estranha. O sorriso não chega aos olhos como antes.
Termino de fazer minhas compras, pago e estou indo chamar um taxi para me levar para casa com as compras, mas o Doutor aparece e me impede.
Fomos ao meu apartamento no carro dele e ele me ajudou a carregar tudo. Mas não paramos lá, ele realmente me leva a uma academia de boxe e mostra tudo como funciona e marco uma aula para o começo da semana e como prometido, olha como está minha mão e diz que talvez em mais uma semana já vou poder me livrar das talas. Isso me anima.
Ele me leva de volta para meu apartamento e nos despedimos, pois preciso me preparar para trabalhar.
O Doutor vai embora sem nenhum inconveniente, mas inda me sinto incomodada com algo nele e não sei dizer o que é.
Vou até meu quarto e dou uma olhada em minha fantasia, que consiste em um colã na cor rosa bebê, de mangas curtas com um circulo branco no abdômen, meia calça preta, saltos altos, é claro, pretos e não podemos esquecer da tiara com orelhas de coelho. Acho o decote, como sempre, exagerado. E não posso deixar de mencionar a porcaria do rabo de coelho que parece um pompom branco.
A droga da roupa ressalta minhas curvas, a ponto de praticamente implorar por ser atacada por um tarado.
Ainda me vingo da Amanda!
Pensando nela, espero que não tenha a loucura de trabalhar outra vez como bartender, passando pela sua mente ou afogo ela com tequila dessa vez.
Depois de pronta, ajeito os cachos dos meus cabelos e termino a maquiagem. Pego meu casaco, sobretudo que cobre a indecência que a minha chefe está me obrigando a usar, pego minha bolsa e vou para a boate.
Volto a sentir aquele frio na coluna ao lembrar as palavras e do toque do Dean. Preciso desesperadamente entender o que isso significa. Pelo menos não sinto o frio na barriga que diz nos livros, ou até mesmo as borboletas que brincam no estomago subindo e descendo. Mas tenho medo de muita proximidade com ele. Sei que pode me machucar, sei que ele pode me ferir e não quero sentir mais dor de perda, de abandono, por isso me fechei para todos e para o mundo. Ser abandonada na fase mais inocente e indefesa não é uma boa lembrança, viver até a maioridade em orfanatos também não ajuda muito.
Sei que não posso ser hostil o tempo todo com as pessoas, por esses motivos, mas não consigo evitar.
Chego a Red Night e já na entrada posso ver que essa noite pode ser ainda pior que a anterior. Fico imaginando as porcarias que vou ouvir durante a noite, vestida dessa maneira quase pornográfica.
Entro e já vejo Carol com sua roupa de coelhinha, arrumando as coisas no bar para começarmos a noite. Ela está muito sexy e percebo Felipe a olhando com cara de poucos amigos. Ciúmes, é claro, só poderia ser.
─ E aí, loira gostosa e sexy, que está causando uma séria crise no segurança da casa.
─ Ele é um idiota! Acha mesmo que vou dar mole para outro? Estou aqui para fazer meu trabalho e não tenho culpa das coisas que Amanda diz que quer!
─ Falando nisso... Algum sinal dela hoje?
─ Você não faz idéia! Ela acha que se saiu bem e que pode fazer isso mais vezes, mas te digo uma coisa, Lisa, se essa palhaçada continuar, eu me demito!
Para o meu desgosto, Amanda teve mesmo a esplêndida idéia de voltar para trabalhar no bar, mas teve o bom senso de manter Lilian e Izabel. Menos mal. E para garantir o que a Carol tinha acabado de me dizer, Amanda chega com as outras duas garotas, todas vestidas a caráter, com suas roupas de coelhas.
Comprimento todas e saio de fininho antes que alguém muito brava por um certo vídeo, venha me encher.
Passo pelo corredor e vou guardar minhas coisas em meu armário e logo em seguida Lilian também está ao meu lado guardando suas coisas, então aproveito a oportunidade para falar sobre o que ela fez na outra noite, se fingindo de vitima para colocar o irmão do Dean para fora.
─ Você é bem diabólica, Lilian. Acho que seremos boas amigas. ─ digo e ela solta uma gargalhada.
─ Percebi que você me observou noite passada com aquele babaca. E sim, docinho de abóbora. Seremos mesmo amigas, ou até mais se você quiser... ─ opa, por essa eu não esperava!
─ Só amigas, obrigada. ─ Ela gargalha outra vez. ─ Por que "docinho de abóbora"?
Ela não diz mais nada, só segura algumas mechas de meus cabelos entre seus dedos e cheira inspirando profundamente. Pega um pequeno doce de abóbora dentro de sua bolsa no armário, puxa minha mão e coloca o pequeno embrulho na palma da minha mão e simplesmente vai para o bar que lhe foi designado.
Olho para os meus cabelos e para o doce em minha mão, e percebo a semelhança na cor, porém achei a comparação dela uma porcaria. Amigas uma ova, tenho certeza que a próxima vez que socar a cara de alguém, será a dela!
Em uma pequena e insignificante conversa, descobri o quanto ela é arrogante, me lembra uma das crianças que me odiavam por ser bonita e "adorável", como me chamavam antes de fazer algo contra mim.
Sei que o irmão do Dean foi um idiota comigo, e eu também admito que exagerei ao socar a cara dele... Ou não, sei lá, mas o que ela fez, sim foi errado e se depender de mim, eu estrago essa vitória dela.
Levei só meu celular, minha carteira de cigarros e meu isqueiro comigo para o bar.
Não tive como evitar a Amanda trabalhando com a gente no bar e menos ainda que ela me cobrasse o vídeo que eu havia gravado, mas ela pede por isso toda vez que faz suas gracinhas.
─ Não acho engraçado. ─ disse ela me vendo sorrir quando tocou no assunto.
─ Ah, claro que foi, admita! ─ insisti fazendo graça imitando ela.
─ Ok, só um pouco... ─ ela finalmente cedeu e rimos juntas e ela me deu um beijo na testa. Isso eu não esperava, pois ela sabe que sou meio esquiva com demonstrações de carinho.
A uma certa altura da noite, eu já tinha ouvido mais gracinhas do que era capaz de suportar, até mesmo a Carol que era muito calma quanto a isso, virou uma dose de vodka na cara de um cliente abusado que tentou colocar a ficha de bebida no decote dela. Essa eu gostei, mas Amanda estragou a beleza da cena repreendendo ela e entregando outra dose ao cretino.
Tomei minha terceira dose de tequila da noite e ao correr os olhos pelo emaranhado de pessoas na boate, pensei ter visto o Doutor "bonitão", mas achei que pudesse estar imaginando coisas. Eu precisava de um cigarro e de um pouco de ar puro. Resolvi que era hora de uns minutos só para mim e me encaminhei lá para fora com meu cigarro e isqueiro.
Sei que foi idiota da minha parte, mas esqueci de pegar meu casaco e sabia que seria importunada.
Ascendi o cigarro e olhei para cima, vendo um lindo céu estrelado, quando baixei os olhos, vi um taxi parar em frente a boate e ninguém menos que Dean e seu irmão desceram dele. Não sei se foi impressão minha, mas parece que vi um brilho divertido nos olhos dele ao me ver e me amaldiçoei por não ter pego o casaco.
Logo ele estava sorrindo abertamente para mim, um sorriso acolhedor naqueles lábios lindos. Ai meu Deus, o que há de errado comigo? Meu coração pareceu saltitar ao vê-lo. E eu realmente não conseguia não sorrir ao ver ele ali vindo em minha direção. Mas uma coisa me chamou a atenção, se seu irmão não podia mais frequentar a Red Night, o que fazia ali com ele? E do nada uma luz se ascende na minha mente e já sei o que posso fazer para agradar ao Dean e ferrar com aquela safada da Lilian.
Sei que vou ouvir alguma gracinha por estar vestida assim, mas vou ter que engolir essa sem socar ninguém.
─ Ei, ruivinha, a páscoa chegou adiantada? ─ ele diz e percebo seu irmão se engasgar tentando disfarçar uma risada.
─ Muito engraçado, DJ. ─ ao olhar para o irmão dele, consigo ver que ele olha para todos os lados, menos para mim. Mas não me contenho e falo com ele pela primeira vez, depois do ocorrido em que quebrei meus dedos. ─ Olá irmão do DJ. ─ então ele me olha.
─ Oi. ─ ele responde sem jeito e aponta para a minha mão. ─ Sinto muito por isso.
─ Tudo bem, a culpa também foi minha. ─ Dean pigarreia, para chamar atenção.
─ Lisa, você sabe que Marcos não pode mais entrar na boate, mas ele insiste que dessa vez não fez nada, existe alguma maneira de... ─ ao ouvir meu nome saindo de seus lábios meu coração enlouquece e nem espero ele terminar de falar.
─ Claro que sei o motivo e vi com meus próprios olhos.
─ Eu juro que não toquei nela, aquela maluca colocou minhas mãos nela pra armar pra mim, eu...
─ Tá tudo bem, Marcos. Eu vi tudo com meus próprios olhos. ─ Marcos me encara parecendo surpreso, enquanto um Dean realmente surpreso me olha como se eu tivesse dito alguma coisa inacreditável.
─ Você... Está querendo dizer que vai ajudar o meu irmão?
─ Dean, eu posso ser um pouco hostil e até um pouco agressiva as vezes, mas se tem uma coisa que não sou é injusta. ─ gostei de ver sua reação ao me ouvir pronunciar pela primeira vez o seu nome. Então não sou a única afetada aqui.
─ Como vai fazer isso? ─ ele pergunta de maneira suave e sua voz assim me fez sentir novamente aquele frio na espinha.
─ Não, Dean, a pergunta é, por que você faria isso? ─ fala Marcos olhando dentro de meus olhos. Não sei o que eu tinha medo que ele visse através dos meus olhos, pois desviei e olhei para Dean, que foi pior ainda. ─ Ah, entendi. ─ ele diz por fim.
─ Entendeu o quê? ─ Perguntamos eu e o Dean ao mesmo tempo e isso causou uma crise de risos em Marcos.
Eu estava me sentindo desagradável, não sabia explicar o que havia de errado comigo, nunca ficava sem saber o que dizer, mas sabia como fazê-lo para de rir e me constranger na frente do Dean.
─ Eu vou ajudar contando a verdade, já disse que sou justa, mas se não para de me irritar, soco sua cara outra vez. ─ agora quem riu foi o Dean e Marcos se calou, já vermelho de tanto rir.
─ Venham comigo. ─ Sigo para a entrada com eles vindo atrás e ouço alguém engasgar nitidamente. Parece o Dean, então paro e me viro. ─ O que foi agora? ─ pergunto tentando ficar séria, fracassando miseravelmente já sabendo do que se tratava.
─ Bonito rabinho de coelho, Lisa.
─ Quer que eu te soque também? ─ pergunto sem conter o sorriso.
─ Por favor. ─ ele responde e seu irmão ri. Eu reviro os olhos.
Chegando a porta, Felipe me olha e ao ver os dois andando atrás de mim, fecha a cara.
─ Lisa, esse cara não pode entrar.
─ Ah, Felipe, é claro que pode.
─ Ontem ele cometeu uma infração grave e não é mais bem vindo aqui.
─ Ah, sim, A infração fraudada?
─ Como assim? ─ ele diz mais que surpreso.
─ Eu vi tudo o que aconteceu, Lilian colocou as mão dele nos seios dela quando você não estava olhando.
─ Você só pode estar brincando!
─ Está me chamando de mentirosa? ─ digo irritada.
─ È claro que não, mas sabe que vou ter que relatar isso a Amanda, não sabe?
─ Na verdade conto com isso. E mais uma coisa, por ter sido uma gracinha de uma das funcionarias, a entrada deles é vip, e se alguém reclamar que venha falar comigo. ─ os três ficam me olhando surpresos. ─ Podem parar! Problema resolvido, eu tenho que ir trabalhar. ─ não olho para trás e vou direto para o bar e começo a atender assim que tomo pelo menos duas dose seguidas da minha garrafa de tequila.
Não os vejo por um bom tempo, ocupada demais em atender e me livrar das gracinhas, e por incrível que pareça, até minha chefe está de saco cheio, e acho hilário já que a culpa da palhaçada e dela mesma.
Sirvo Marcos algumas vezes no bar e ele sempre me dá uma piscadinha e eu sorrio, acho que agora nos tornamos amigos. Isso é estranho, mas até que gosto, não vou mentir, ele parece ser bem legal.
O bar fica mais tranquilo e podemos respirar um pouco. Estou tranquila e bebo minha tequila, quando alguém bate no balcão do bar com força e tenho certeza que é comigo. Olho para a frente e vejo uma Lilian mais que furiosa. Apenas sorrio e pergunto.
─ O que foi docinho?
─ Como você se atreve a me desmentir sobre ontem?
─ Porque é a verdade! ─ agora a olho com raiva e sem sorrir. Sinto Amanda se aproximar.
─ Você não podia fazer isso! ─ dessa vez Amanda a responde.
─ Sinto muito, Lilian, mas ela pode sim. Não gosto de problemas com desonestidade. Amanhã você pode passar no meu escritório e podemos acertar a noite de ontem e de hoje. Você está dispensada. ─ Ela continuou a me encarar, me fuzilando com os olhos ao responder a Amanda.
─ Você quem sabe, Amanda. E você, doce de abóbora, nos vemos por aí. ─ e ela se vai pisando duro.
Me sinto satisfeita, mas não gosto de me sentir ameaçada, isso não vai ser legal, tenho certeza que vou mesmo encontrar ela por aí.
─ Lisa, eu percebi o que ela quis dizer, qualquer problema eu quero que você me conte, ok?
─ Pode deixar.
Não sei se devo beber mais, mas mesmo assim viro mais tequila e saio novamente para fumar.
Aparentemente não ouço mais nenhuma gracinha ou nem estou ouvindo mais. Tequila, um santo remédio!
Estou retornando para dentro, passo pela entrada e sinto uma mão quente e suave segurar a minha mão. Não sei por que, mas não me sinto surpresa ao ver que era Dean.
Ele se aproxima e fala ao meu ouvido e não me esquivo como sou acostumada a fazer.
─ Sei que você está trabalhando, mas há algum problema se te convidar para dançar, apenas uma musica? ─ e lá esta o frio na espinha outra vez.
─ Sim, eu danço com você. ─ então ele me toma em seus braços de maneira delicada, como se pudesse me quebrar como uma porcelana.
Esta tocando uma musica lenta, Kiss me de Ed Sheraan.
Sinto o calor de seu corpo contra o meu e quase me derreto em seus braços, então ele me pressiona mais contra o seu corpo e quando me dou conta, ele está falando trechos da musica ao meu ouvido. Isso faz com que eu levante a cabeça e olhe em seus olhos e pude ver seus lábios dizendo o que a musica dizia. "È como se eu estivesse me apaixonando, nós estamos nos apaixonando...". E como se fosse à deixa perfeita, ele se aproxima lentamente e deixo-me ser beijada por aqueles lábios macios e quentes, sentindo a melhor sensação que já senti em toda a minha vida, e com seus braços a minha volta, me sinto protegida como nunca me senti antes.
Mas como tudo dura pouco, a música acaba e com ela o encanto.
Nos olhamos uma última vez, ele esfrega seu rosto no meu e eu inspiro seu perfume, enquanto ele diz.
─ Eu vou voltar para te ver, Lisa. Eu prometo. ─ ele beija minha testa e se vai.
Fico ali parada o vendo ir embora, com seu irmão que sorri abertamente ao acenar para mim. Sorrio para ele e volto para o bar, suspirando como uma adolescente.

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