CAPÍTULO 13

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Lisa

Na segunda feira de manhã, acordo animada e tenho uma idéia. Agora já sei onde fica a academia e resolvo ir novamente até lá dar uma olhada, mas agora funcionando normalmente e cheia de alunos. Eu até me interessei mesmo, mas de jeito algum vou fazer aulas de boxe com o Luiz como instrutor.
E dessa vez, vou apenas para conhecer de verdade, mas prefiro conversar com algum recepcionista que trabalha lá, para me explicar direito como funcionam as aulas e tudo o mais. Não confio no doutorzinho.
Dou graças a Deus por poder andar sem saltos altos hoje, sou viciada em comprar sapatilhas, acho que é complexo de criança, eu adorava e não podia ter a que eu queria, então hoje compro varias de todos os tipos e cores. Eu sou compulsiva para fazer compras, mas nem tanto, ou logo não vai ter mais espaço no meu pequeno apartamento que mal cabe o que já tem lá dentro. Meus olhos brilham ao olhar minha coleção, mas como vou a uma academia e se resolver fazer alguma coisa lá, prefiro ir de tênis. Espero realmente não encontrar o Luiz por lá, não acho que me sentiria confortável na presença dele hoje.
Estou pronta, de Legue cinza, camiseta branca e dessa vez coloquei um top reforçado nos seios, não quero nenhum idiota me dizendo que não estou de maneira adequada para uma academia, principalmente quase tocando nos meus seios pra dizer isso. Doutor idiota!
Pego uma bolsa pequena, apenas para o celular, cigarro, isqueiro, documentos e dinheiro.
Estou saindo do prédio quando dou de cara com a síndica, que me olha de cima a baixo.
─ Resolveu sair da toca e socializar? ─ ela me pergunta irônica. Dona Alice é uma mulher intrometida e adora uma fofoca. Então respondo entusiasmada com uma mentira só para irritá-la.
─ Ah, não, estou experimentando fazer caminhada, já que vou adquirir meia dúzia de cãezinhos fofos para me fazerem companhia. È um bom treinamento, não acha, Dona Alice? ─ vejo pavor em seus olhos e ela sai sem me responder, pisando duro para dentro do prédio.
Eu solto uma gargalhada e o porteiro sorri e balança a cabeça em negativa.
─ Você gosta mesmo de irritá-la, não é, Lisa?
─ Não posso fazer nada se ela é intrometida, senhor Nestor.
─ Nisso eu concordo! ─ ele diz ainda sorrindo de maneira carinhosa. O porteiro é um senhor muito amável, é uma pena sua esposa ter morrido há dois anos, ele nunca mais foi o mesmo.
Saio para a rua e paro na calçada para chamar um taxi pelo celular. Não demora muito e o carro chega. Passo o endereço da academia, como me lembro e coloco os fones para ouvir música no celular durante o trajeto.
Deixo meus pensamentos vagarem e sem perceber, Dean invade minha mente e fico pensando em sua boca tocando a minha com delicadeza e depois com desejo. Droga! Eu preciso para de pensar nisso, e só agora me dou conta que ainda não trocamos telefones.
Chegamos ao estacionamento da academia sem que eu percebesse. Pago o taxista e saio do carro.
Olho para a fachada e pela segunda vez fico impressionada, tudo parece caro mesmo.
Estou caminhando para a entrada, quando vejo que meus cadarços estão desamarrados, então me abaixo para amarrá-los. Ao me levantar, dou de encontro com alguém alto e forte, sinto isso pela pancada que dou em seu abdômen. E para minha grande surpresa... È o Dean.
─ Minha nossa! ─ diz ele com humor e sorrindo.
─ Ah, me desculpa! ─ e sorrio em resposta.
─ Você não para mesmo de fazer isso.
─ Na verdade é o destino quem não deixa isso parar de acontecer. ─ digo sem jeito, pois não sei mais o que dizer desses encontros, em que sempre acabo caindo em cima dele, ou acabo em seus braços.
─ Vejo que veio preparada para se exercitar, você treina aqui?
─ Não, só vim dar uma olhada, me interessa fazer aulas de boxe.
Ele estava vestido informalmente, de calça jeans azul escura e uma camisa pólo preta, eu geralmente o vejo de social. Ele estava... Especialmente atraente e seu perfume mexia com os meus sentidos.
─ Resolveu aprender a socar direito? ─ pergunta sem perder o sorriso.
─ Bem, você é testemunha de que eu preciso. Mas o que faz aqui, você treina aqui também?
─ Não, meu amigo me ofereceu sociedade em um negocio e vim dar uma olhada como prometi. ─ ele aponta para a academia. ─ E esse é o negocio que vim dar uma olhada.
─ Tá falando sério?
─ Sim, também já treinei boxe e dei aulas, talvez volte a dar e talvez você possa ser minha aluna. ─ dou uma gargalhada e vejo seus olhos brilharem.
─ Não seria uma má idéia, DJ. ─ digo com ironia e sorrio. Não sorrio ou gargalho com facilidade, mas com ele, parece que flui com naturalidade.
─ Como soube da academia? ─ pergunta curioso.
─ Bem, foi o Doutor Luiz que me indicou e me trouxe até aqui para conhecer, mas... ─ me sinto desconfortável para falar sobre minhas desconfianças com ele, até porque, eles vão se cruzar, tendo que trabalhar no mesmo local.
─ Lisa... Estou vendo que alguma coisa a está incomodando. Pode me contar se quiser.
Não sei o que dizer e sinto um certo medo de contar o que acho que é, ele parece mesmo querer me proteger, mas não quero envolve-lo em algo que pode ser coisa só da minha cabeça.
Me viro para o outro lado e tiro o maço de cigarros da minha bolsa e acendo um, tragando com gosto antes de voltar a olhar para ele, e quando me viro outra vez para ele, Dean está perto de mais. Olho em seus olhos e ele acaricia o meu rosto e afasta meu cabelo, de maneira delicada. Eu chego a suspirar e fico sem graça ao observar que ele parece gostar. Perco as palavras.
─ Dean, eu...
─ Tá tudo bem, linda. Eu cuido de você.
Ele se inclina, coloca as duas mãos em meu rosto e me beija de maneira suave, como se esperasse uma recusa. Mas a atração é forte demais para me deixar recuar, então largo o cigarro, o deixando cair e retribuo o beijo o fazendo entender que é o que mais quero, desde o primeiro e único toque que senti dos seus lábios naquela noite na Red Night.
Eu não queria parar de beijar aquela boca macia, e parar de inalar aquele perfume gostoso que vinha dele, mas como tudo que é bom acaba, ele se afasta lentamente e olha dentro dos meus olhos e diz.
─ Pode me contar o que quiser... Não tenha medo, quero estar perto sempre que precisar. Eu confesso que... Não consigo mais me afastar, você não sai dos meus pensamentos.
─ Dean... Eu... Comigo acontece o mesmo. ─ gosto do que ele diz, mas fico tímida ao confessar o mesmo. Olho para o chão sem graça.
Ele toca meu rosto, me fazendo olhar para ele, e quando olho em seus olhos, parece que uma conexão se faz e sei que não tem mais volta. O destino fez sua parte e agora, é a nossa vez.
─ Lisa... ─ sua voz sai suave, me fazendo querer contar tudo da minha vida, mas conto apenas o que está me incomodando.
─ È que o Doutor Luiz, é instrutor aqui e queria que fosse sua aluna para aulas de boxe, mas sinto algo de errado na presença dele, pode ser paranóia minha... Mas parece que está querendo algo, não sei, tipo alguma má intenção.
Dean respira fundo e passa a mão no cabelo, como se estivesse com raiva ou sei lá, mas disfarça logo e volta a me encarar.
─ Ninguém vai ser seu instrutor, a não ser que seja eu, entendeu?
─ Dean, não sei se posso arcar com a mensalidade dessa academia, eu vim mais para conhecer e talvez, só talvez, me matricular.
─ Vamos fazer o seguinte... Vou entrar, eu preciso mesmo conhecer o local, você vem comigo e também olha tudo com calma e decide, mas já vou avisando que não vou deixar você desistir.
Estou adorando nossa primeira interação sem muito tumulto e muitas pessoas a nossa volta e pela primeira vez sei que encontrei uma pessoa que realmente me faz se sentir segura, não sei explicar o que isso significa, mas aceito quando ele segura em minha mão e passa pelas portas assim comigo.
Ele para e fala com a recepcionista, loira e sarada sentada na recepção, organizando papeis e mexendo no computador.
Dean se apresenta e ela é toda sorrisos para ele.
A loira oxigenada pega o telefone e fala com o outro proprietário da academia, avisando a presença do Dean.
Eu olho ao meu redor e vejo que o local está mesmo cheio, com música animada tocando, e também ouço o pessoal falando e o barulho dos equipamentos sendo usados.
Quando volto a prestar atenção na recepcionista e no Dean, um homem alto e de corpo definido, já está conversando com ele. Deve ser um dos donos.
Ele chama o Dean para o escritório para conversarem, mas antes ele pede para a recepcionista chamar um instrutor para me levar para conhecer a academia e explicar tudo que eu queira saber.
Me sinto um pouco insegura e estou quase desistindo para ir embora, mas Dean vem até mim, beija minha testa e diz para ver tudo que ele logo estará comigo outra vez e que tem uma coisa importante para me dizer.
Já sou uma pessoa curiosa e uma proposta ou qualquer coisa vinda daquele homem, me deixa insana de curiosidade.
O instrutor que vem para me mostrar tudo, não é muito alto e nem muito forte. Ele é loiro e tem olhos castanhos escuros, se apresenta como professor de aulas aeróbicas, seu nome é John. Ele é agradável e simpático, mas logo se torna visível que ele é gay. Descubro isso quando conto onde trabalho e ele fica eufórico, eu começo a rir ele se diverte com a minha reação. Nos tornamos amigos facilmente e estou adorando conversar com ele.
Mas como uma força da atração, sinto a presença do Dean e o vejo andando pela academia com o homem alto que era o proprietário. Sinto seus olhos em mim, pois sei que está me olhando e sorri quando me pega olhando para ele de volta.
Termino de ver tudo com o John e espero com ele na recepção.
Resolvo perguntar para ele sobre o Luiz, como se não tivesse interesse e fico surpresa com o que ouço.
─ Fique longe dele, querida. ─ me faço de inocente
─ Mas ele parece ser legal e um bom médico.
─ Bom medico ele é, mas legal... Não se deixe enganar.
Penso no que ele acabou de dizer e estou prestes a responder, quando somos interrompidos pelo Dean que está de volta.
─ O que achou? ─ pergunta Dean.
─ Eu gostei, mas ainda não sei...
─ Não seja boba, princesa, espero te ver em breve por aqui! ─ diz John todo animado e beija o meu rosto e sorrio para ele. ─ E vou te ver no bar da minha balada preferida.
Ele se vai e fico ali, ainda pensando no que ele me falou do Luiz.
─ Estou satisfeito com o lugar. E não se esqueça do que eu disse, Não vou deixar que desista de treinar aqui.
─ Ainda estou pensando. Mas me diz... O que queria falar comigo, DJ?
─ Prefiro quando me chama de Dean.
─ È mesmo, DJ? ─ digo irônica e ele sorri.
Faço isso para provocar, noto que ele não gosta, mas parece gostar um pouco quando o chamo assim.
Saímos da academia para o estacionamento e posso sentir o quanto ele está ansioso para me dizer algo.
Ele tira um cartão do bolso e me entrega, tem seu nome e numero do seu celular, depois tira outro cartão e escreve meu nome atrás.
─ Me diz o numero do seu celular, por favor. ─ eu passo o numero, e finalmente temos o celular um do outro.
─ Era só isso? ─ pergunto confusa, já que ele estava sério quando disse que tinha algo importante para me dizer.
─ Bem, Lisa é o seguinte... Eu tenho uma viagem para Nova York semana que vem, tenho direito a levar um acompanhante, e queria que viesse comigo.
─ Ah, eu... ─ não sabia o que dizer.
─ Poderíamos passar a semana juntos, conhecer a cidade que nunca dorme. Vem comigo?
Geralmente o cara te chama para sair, tipo jantar, ir ao cinema ou qualquer outra coisa, mas o Dean... Hahaha, o Dean me convida para viajar com ele.
Sinto um frio na barriga subir para a garganta e não consigo dizer nada e ele continua a me olhar esperando que eu diga algo.
─ Vou ser sincera, Dean, você me pegou de surpresa.
─ Você pode pensar se quiser, agora já temos o celular um do outro, pode me dizer depois.
─ Eu não sei, tenho que ver algumas coisas. Prometo te avisar.
─ Tudo bem, espero o quanto você quiser.
Ele chama um taxi para mim e quando digo o endereço para o motorista, Dean sorri e não entendo o motivo.
Ele abre a porta para mim, acaricia meu rosto e me beija, me deixando sentir seus lábios macios mais uma vez. Então entro no carro e olho para ele pela janela. Dean fala comigo uma última vez antes do carro sair.
─ Não demore pra decidir, ruivinha! ─ diz sorrindo como se eu fosse o sol, e eu retribuo como se ele fosse o meu.

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