CAPÍTULO 6

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Dean

A viagem foi tranquila aquele fim de semana. Embora eu ainda tenha um certo desconforto com turbulências, estava com um problema muito maior em mente. A moça sentada do meu lado acabou de mencionar que estava trazendo suas duas cobras de estimação para uma convenção de animais exóticos na Austrália. Sim... Meu pavor estava focado naquele filme das cobras no avião.

Cheguei à Austrália, para a primeira reunião, para tratar de algumas notas que foram estornadas gratuitamente. Saindo dali, fui com a equipe jantar em um restaurante de frutos do mar, e depois fomos ver os animais exóticos que existiam ali. As praias da Austrália são maravilhosas, mas ainda me sinto desconfortável por lembrar o fato de que aqui existem morcegos do tamanho de cachorros e aranhas que comem passarinhos.

Acabando domingo, decidi ficar no hotel por mais dois dias, dando a mim um adiantamento de férias que eu realmente merecia. Quando a gente precisa fazer viagens em nome da empresa, o chefe sempre dá uma pequena "bonificação"... Dois dias de descanso "pra estabilizar o fuso horário" como ele mesmo diz... Comi em alguns fast foods, fui até o litoral e no final do dia ia ver os cangurus passeando nas planícies... No ultimo dia, enquanto observava os cangurus, pensei comigo "esqueci de pedir o telefone da atendente da balada"... Qual era o nome dela mesmo? Droga... Tenho o péssimo habito de esquecer nomes. Já chamo meu chefe de Chefe, pois não lembro o nome dele. E faz cinco anos já. Mas ele não faz questão que eu saiba mesmo...

Na quarta feira de manha, voltei para Los Angeles em um vôo sem escalas, e usei o restinho das minhas economias para voltar na classe executiva. Não queria ter o risco de vir com ninguém trazendo cobras ao meu lado. Foi um vôo incrível, cheio de mordomias e sem nenhuma turbulência, ou cobra.

Chegando no aeroporto, chamei um taxi e fui direto para casa. Daria para aproveitar bem antes do Marcos chegar do trabalho. Chegando no apartamento, senti vontade de fazer faxina naquilo que chamávamos de lar, e por incrível que pareça, a casa parece até ter aumentado de tamanho. Pedimos comida chinesa, daqueles macarrões que vem em caixinha, jogamos videogame, e fomos dormir, pois o dia seguinte seria de papéis a assinar, relatórios para entregar e pessoas trancando a nossa saída na hora de ir embora.

Ao me deitar na cama, me pego tentando lembrar o nome da garota bartender, baixinha, ruiva que não sabe dar socos de direita. Durmo, e acordo com o cheiro de bacon antes mesmo de o relógio despertar.

Me levanto, vou tomar banho, coloco o a primeira roupa que encontro na frente, volto, e começo a preparar a mesa para o café.

- Fez faxina ontem? - Marcos me perguntou

Olhei em volta, como se estivesse admirando meu próprio trabalho dentro de casa, com as mãos na cintura, puxo o ar profundamente e respondo para ele, como se estivesse admirado:

- Ta parecendo né?!

- No que está pensando Senhor D? - Odeio qualquer apelido que envolva iniciais, e ele sabe disso.

- Preciso estar pensando em algo?

- Sempre que você descobre que temos uma vassoura em casa, significa que você está pensando em algo.

- Não, só achei que a nossa casa não precisa parecer o esgoto.

- Sim, claro... É mulher?

- Mulher? Como assim? - Ele coloca o bacon no prato para ele, e assim que ele se vira para começar a fritar os ovos, pego o prato dele e me sento no sofá.

- Quero saber se você está pensando em mulher.

Prefiro manter meu silêncio enquanto como o bacon dele.

Descrições ProibidasWhere stories live. Discover now