CAPÍTULO 10

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Dean

Passei maior parte da noite sem dormir... Não que o Marcos tenha destruído minha noite sendo oficialmente expulso da Red Night, ou pior, passando meu número de telefone a uma ex namorada que não merece mais o mínimo de minha atenção... Mas é exatamente isso que não sai da minha cabeça.
Sabrine foi a responsável pela mudança na minha personalidade. Ela havia terminado comigo no passado por que eu me negava a mudar meu jeito de me vestir, abominava a minha barriga levemente molenga e sempre criticava meu cabelo sebosamente hippie. Eu não era hippie, só me negava cortar o cabelo.
Cinco e meia da manhã me levantei, fui pro meu banheiro e tomei um banho quente bem longo e demorado, já que somos isentos da água nesse ninho onde moramos e pelo menos esse luxo eu tenho. Durante o banho, deixei a água escorrer pelo meu corpo, pensando um pouco mais em tudo o que aconteceu na noite passada... Marcos expulso, Sabrine com meu telefone, Lisa... O que será que Lisa está fazendo? Bom, Cinco e meia da manhã, só pode estar dormindo.
No exato momento em que desliguei o chuveiro, escutei meu celular notificar uma SMS chegando. A pessoa tem que ser muito hipster para enviar mensagens de texto no período de inclusão digital em que estamos vivendo.
Sem pressa, me enxuguei, enrolei a toalha na cintura, escovei meus dentes e saí pela porta do banheiro, chegando à sala e vendo Marcos acordado já cedo.
─ O que está fazendo acordado a essa hora? ─ eu perguntei pra ele, que estava na porta da geladeira só de bermuda pegando uma caixinha com sobras de comida chinesa.
─ Não estou conseguindo dormir... ─ Disse ele, virando-se e me olhando, desviando o rosto, e colocando os braços como se estivesse se protegendo ─ Ah, por favor! Vá vestir uma roupa, eu não quero perder o apetite!
Fui para o quarto, coloquei uma calça jeans um pouco surrada, uma camiseta branca, e uma blusa de lã cinza gola V. Era final de semana e eu estava com preguiça de me vestir como um homem de negócios, mesmo assim, iria sair. Para complementar o traje, peguei um colar, do qual os pingentes eram duas Dog Tags com meu nome gravado e coloquei.
─ Mamãe ligou. ─ Disse Marcos quando passei por ele sentado no sofá, e fui em direção ao balcão que divide o espaço da sala com o da cozinha, para pegar as chaves e minha carteira. Marcos e eu somos irmãos de mães diferentes. O pai dele conheceu minha mãe, logo depois que meu pai sumiu no mundo, na velha história de vou ali, já volto. A gente é bem parecido fisicamente e também na forma de pensar, embora ele seja um tarado em potencial, ele é divertido e gente boa. Sempre que a mãe dele liga pra saber como ele está, ou pra reclamar do namorado novo, ele me conta. E quando minha mãe liga pra ele, pra conversar sobre qualquer coisa, ele a chama de Ana. O mesmo comigo... O divertido mesmo é que tanto a mãe dele quanto a minha se chamam Ana... Então a gente acaba por confundir a cabeça dos outros quando falamos sobre nossas mães em público.
─ O que ela queria? ─ perguntei colocando minha carteira no bolso de trás, e caminhando em direção ao meu quarto para pegar o celular que tinha ficado na cama
─ Ela vem para cá, ficar o fim de semana.
─ Não! ─ Falei parando próximo a ele. O problema da Dona Ana é que ela acaba com meus estoques de destilados, e empesteia o ambiente com cheiro de cigarros baratos e incensos de prosperidade.
─ Cara, é só de passagem... Ela está fazendo escala em um voo, e como não tinha passagem pra ela ir hoje mesmo, ela vai embarcar amanhã à noite.
─ Tudo bem, mas eu não fico em casa essa noite!
─ E vai pra onde?
─ Red Night.
─ Bartender?
─ Oi? ─ o encarei franzindo a testa.
─ Nada. Onde você está indo?
─ Tomar café! ─ Respondi caminhando em direção a porta.
─ Passa no mercado e traga alguma coisa! Nossa cozinha está sentindo falta de compras novas.
Saí pela porta do apartamento, e peguei o corredor estreito em direção as escadas à direita. Logo ao lado da escada, tem um apartamento, que é o do nosso locatário, e parei ali para deixar o dinheiro do aluguel. Bati na porta, e quem atendeu foi a filha dele. Uma menina loira e esguia com olhos azuis bem claros e que quando chove ficam cinza... Ela sempre evita manter contato visual, e eu não insisto pra ela fazer isso. Pelos gritos que geralmente a gente ouve, acredito que ela tem uma vida difícil.
Desci as escadas, saí do prédio e caminhei pela calçada algumas quadras a frente, onde tem minha cafeteria favorita, a "It Tastes Brazil". Uma cafeteria que não faz tanto sucesso aqui quanto deveria, mas que como o nome já diz, tem "gosto de Brasil"... Temática toda em verde e amarelo, com bandeirinhas em cada mesa, e embora o cardápio não seja muito brasileiro tendo sushi, tacos e Beirute, por exemplo, ainda assim servem arroz e feijão no almoço e costela assada nos finais de semana.
Pedi um sanduíche de queijo e um copo de café com vodka. Bebida realmente nada brasileira. Mas eu precisava de uma desculpa para tomar algo alcoólico de qualquer jeito, pois quem estava entrando pela porta era a infeliz da Sabrine. Eu ainda não entendo por que meu mecanismo de defesa faz com qualquer situação de alerta, nervosismo ou medo, eu pense automaticamente em tequila, mas dessa vez, pensei em Lisa...
Assim que o garçom anotou meu pedido, peguei a edição do jornal que geralmente tem em cima da mesa, e fingi que estava lendo. Se ela tivesse me visto, seria um excelente disfarce até ela passar.
─ Eu não preciso nem ser brasileira pra notar que você não está lendo nada. ─ Eu segurei o jornal de ponta cabeça e a minha tentativa de disfarçar só chamou mais a atenção.
─ Olá... ─ Falei sério, sem manter contato visual. Agora eu queria pensar em tequila, mas estava pensando em Lisa... O importante era ela não vir com o óbvio, falando "Você mudou... Você ta diferente..."
─ Você deu uma evoluída radical ─ Moça inconveniente! Disse isso e foi se sentando na minha mesa.
─ Fique a vontade, sente-se. ─ Disse isso e olhei para ela, vendo exatamente a mesma pessoa que me deixou a tempos atrás. Olhos verdes, pele rosada, cabelos longos e negros e um batom intensamente vermelho na boca. ─ Destruindo muitos corações ultimamente?
─ Dean, não comece. Estou aqui apenas para conversar, relembrar os velhos tempos. Principalmente agora que você está diferente...
Engraçado, ela morder os lábios desse jeito, me faz lembrar da Lisa outra vez.
Meu café chegou e eu fui tomando, sem falar com ela. Sentia que ela me encarava de maneira bem intensa, e eu sentia os efeitos disso na espinha. Era perturbador. Meu sanduíche não demorou chegar também, e eu comi ele, como se estivesse a três dias sem comer. Limpei a boca e me levantei para ir em direção ao caixa, quando ela decidiu abrir a boca novamente.
─ A gente pode marcar um encontro decente, não é?
─ Sinto muito, Sabrine, minha namorada não ia gostar nada.
─ Então quer dizer que o Senhor D. namora?
─ Não te interessa, na verdade. ─ Dei uns cinco passos a frente, parei e voltei caminhando de costas ─ E nunca mais me chame assim. Tchau.
Paguei minha conta, e saí porta a fora.
Não muito longe dali, ficava o mercadinho local, e fui caminhando comprar algumas coisas, que será necessário para que não fiquemos escutando a Dona Ana reclamando da nossa falta de cuidado com a saúde.
Fui até a cessão de cereais, e enquanto procurava qual deles tinha um teor de açúcar menor, me peguei ouvindo uma conversa no corredor ao lado... O que me prendeu a ultima frase a qual escutei, foi que parecia ser a voz da Lisa dizendo:
─ Que bom, pois só seremos amigos. Não estou aberta a relacionamentos e não tenho tempo para isso.
Resolvi dar a volta para ver se a encontrava ali dando socos na cara de outro cara, mas quando cheguei do outro lado, não havia mais ninguém.
Finalizando as compras, pedi para que entregassem no apartamento, e quando cheguei lá, vi Marcos enrolado para limpar o próprio quarto. Ajudei ele, e depois fui para o meu, onde fiquei enrolando até que ele terminasse de limpar a cozinha, para que eu fosse guardar as compras que recém tinham chegado.
A casa estava limpa mais ou menos no mesmo horário em que o céu estava meio alaranjado. E junto com o por do sol, chegou a Dona Ana, falando dos maus espíritos do corredor e da aura turbulenta em nossa casa.
─ Dean, não me deixa aqui essa noite!
─ Se você não tivesse estragado tudo na Red Night, diria para você ir comigo.
─ Mas não fui eu, como posso garantir isso pra você?
Aí me veio novamente a noite anterior na cabeça... O momento arrepiante com a Lisa, ela apontando na direção do Marcos quando ele foi escoltado, tequila... Isso! Lisa, se alguém viu o que aconteceu esse alguém foi ela, e será ela quem vai ajudar o Marcos. Ou assim espero...
─ Ótimo! ─ falei ─ Se arrume, já sei o que fazer.
─ O que diremos pra mamãe? ─ Perguntou.
─ Pra Dona Ana? Nada! ─ Falei apontando para ela ─ Ela apagou depois de secar meu wisky!
Marcos se arrumou e eu, apenas tomei outro banho, passei meu perfume, e peguei o celular para pedir o taxi. E foi só aí que me lembrei da SMS que eu havia recebido.
Era de Douglas, pedindo para que eu lhe passasse meu email, para que ele me enviasse um email com as informações de proposta, ou pedindo para eu agendar um horário para conversar com ele.
Enviei uma mensagem, informando o email e dando meu horário de expediente. Também disse que ele poderia ir no trabalho conversar comigo sem problemas, e recomendei ele a trocar a forma de contatos. Mensagens de texto são sempre mais complicadas.
Aguardei o marcos se arrumar, o que equivaleu a aproximadamente duas horas e finalmente descemos, pois o taxista já estava esperando.
─ Como faremos? ─ Ele me perguntou ansioso
─ Pra que? ─ retribui com certa ironia.
─ Pra eu entrar D...
─ Primeiro você vai parar de me chamar de D! ─ falei sério ─ Depois, eu tenho um jeito.
─ Bartender?
─ Cala a boca Marcos! A mesma mulher que pode te salvar é a que te derrubou com um soco mal dado.
Isso deixou ele meio que constrangido. Provavelmente por que o taxista deu uma gargalhada alta, se contendo logo em seguida dizendo:
─ Não... desculpa... Foi uma piada aqui.
Permanecemos em silêncio até chegar à Red Night, descemos do taxi, e a primeira coisa que eu vi, me fez travar. O taxi parou bem na direção da área dos fumantes, e quem estava lá era Lisa... Vestida de coelhinha... Com direito a barriguinha branca e orelhas compridas. E eu no meu modo de defesa, só conseguia pensar em tequila. Ela fez sinal para que fossemos em sua direção, eu respirei fundo, e me encostei na grade do fumódromo:
─ Ei, ruivinha, ─ Falei com um ar divertido na voz... A cena era cômica e sexy ao mesmo tempo ─ a páscoa chegou adiantada? ─ Marcos, que havia acabado de se encostar ao meu lado, conteve o riso, deixando escapar um leve roncado, como o de um porco. O que foi mais engraçado ainda.
─ Muito engraçado, DJ. ─ Ela olha para o Marcos, que está tentando não manter contato visual com ela ─ Olá irmão do DJ. ─ Ele olha rapidamente para ela, mantendo os olhos presos na região do rosto dela.
─ Oi. ─ ele fala e aponta para a mão enfaixada dela ─ Sinto muito por isso.
─ Tudo bem, a culpa também foi minha. ─ eu tento chamar atenção.
─ Lisa, você sabe que Marcos não pode mais entrar na boate, mas ele insiste que dessa vez não fez nada. Existe alguma maneira de... ─ Ela me interrompeu antes que eu completasse a frase.
─ Claro que sei o motivo e vi com meus próprios olhos.
─ Eu juro que não toquei nela, aquela maluca colocou minhas mãos nela pra armar pra mim, eu... ─ Marcos falou, e ela instantaneamente interrompeu novamente.
─ Tá tudo bem, Marcos. Eu já disse que vi tudo com meus próprios olhos. ─ Tanto eu quanto Marcos olhamos para ela de maneira impressionada. Eu não estava tão certo que ela iria nos ajudar, e pela cara do meu irmão, ele esperava menos ainda!
─ Você... Está querendo dizer que vai ajudar o meu irmão? ─ perguntei para que não mantivéssemos um silêncio.
─ Dean, ─ Ela finalmente falou meu nome ─ eu posso ser um pouco hostil e até um pouco agressiva as vezes, mas se tem uma coisa que não sou é injusta. ─ Ela finalmente falou meu nome... Já estou satisfeito.
─ Como vai fazer isso? ─ pergunto, e vejo ela se arrepiar. Algo me faz pensar que tem relação com a minha voz.
─ Não, Dean, a pergunta é, por que você faria isso? ─ Marcos fala olhando para ela. A reação dela foi desviar os olhos e olhar para mim. Já Marcos, olha para mim, e volta a olhar para ela repetidamente, fixando os olhos em mim e falando com um sorriso sarcástico ─ Ah, entendi...
─ Entendeu o quê? ─ Perguntamos ela e eu juntos.
Marcos se divertia com a situação, e isso constrangia Lisa de certa forma, que ainda não sei explicar o motivo, mesmo assim ela continuou:
─ Eu vou ajudar contando a verdade, já disse que sou justa, mas se não parar de me irritar, soco sua cara outra vez. ─ Eu não pude conter o riso ao ver a cara de Marcos ficando séria de uma hora para a outra.
─ Venham comigo. ─ Ela se vira, para atravessar e ir em direção a porta, e a cena que vejo faz com que eu me engasgue com a própria saliva, e quando ela se vira aparentemente irritada, mas não posso segurar e começo a rir um tanto quanto alto. ─ O que foi agora? ─ Quando ela vê a minha reação, não se contem e ri junto antes que eu fale qualquer coisa. É aí que eu aproveito a deixa e falo:
─ Bonito rabinho de coelho, Lisa.
─ Quer que eu te soque também? ─ Diz ela se divertindo junto.
─ Por favor. ─ eu respondo e Marcos cai na gargalhada comigo.
Chegando a porta, o segurança faz cara de quem comeu e não gostou.
─ Lisa, esse cara não pode entrar. ─ ele diz pra ela
─ Ah, Felipe, é claro que pode.
─ Ontem ele cometeu uma infração grave e não é mais bem vindo aqui.
─ Ah, sim, A infração fraudada?
─ Como assim? ─ ele diz e da para ver que ele está mais que surpreso.
─ Eu vi tudo o que aconteceu, Lilian colocou as mãos dele nos seios dela quando você não estava olhando.
─ Você só pode estar brincando! ─ Provavelmente eu estava com a mesma cara que ele nesse momento.
─ Está me chamando de mentirosa? ─ Ela diz demonstrando estar um pouco irritada.
─ É claro que não, mas sabe que vou ter que relatar isso a Amanda, não sabe?
─ Na verdade conto com isso. E mais uma coisa, por ter sido uma gracinha de uma das funcionarias, a entrada deles é vip, e se alguém reclamar que venha falar comigo. ─ Tanto eu quanto o segurança e meu irmão ficamos surpreso. Eu ainda mais por causa da entrada VIP. ─ Podem parar! Problema resolvido, eu tenho que ir trabalhar. ─ Ela simplesmente caminha em direção ao bar enquanto o segurança nos encaminha a sala para retirar a queixa dos arquivos, e nos entregar a pulseirinha especial.
Aquela pulseira dourada com a logo da Red Night, em branco e um código de barras na lateral, dava a nós acesso a qualquer camarote, qualquer bebida, qualquer coisa... E o melhor, por conta da casa!
Como forma de agradecimento, Marcos me prometeu que não tentaria mexer com nenhuma garota essa noite. Ia permanecer na dele e aproveitar todas as bebidas que seu fígado pudesse aguentar. Isso me aliviou, já que a maioria das mulheres dentro da casa essa noite, pareciam colegiais... O que depois eu descobri que realmente eram.
Meu irmão e eu bebemos, conversamos, interagimos, fizemos amizades, e uma vez ou outra via ele e Lisa cedendo sorrisos amigáveis. Talvez o que aconteceu hoje fez com que eles se entendessem.
Um determinado momento a casa praticamente esvaziou. Como provavelmente ali haviam fraternidades, eles devem ter ido para outro lugar, e os poucos que restaram estavam bem espalhados.
Vi Lisa indo em direção a área de fumantes novamente, mas ao invés de ir atrás dela, fui até a ponta onde fica o equipamento de som, e paguei um certo valor para o rapaz colocar uma música romântica quando eu entrasse na pista acompanhado de uma bartender. Ele me perguntou qual, e quando eu disse que era a Lisa, ele riu, e me desejou boa sorte.
Fiquei próximo a porta por onde ela entraria, e assim que ela cruzou por mim, sem perceber minha presença, toquei o braço dela, sentindo seu braço levemente gelado devido ao clima lá fora.
─ Sei que você está trabalhando, mas há algum problema se te convidar para dançar, apenas uma musica? ─ Meu corpo estremeceu de cima abaixo, e eu senti minha barriga gelar.
─ Sim, eu danço com você. ─ Levei ela até a pista, e o Dj colocou a música para tocar. Era Kiss me de Ed Sheraan.
Me encaixei em seu corpo, esquecendo as luzes e os outros que estavam dentro da balada, a envolvi e sentia seu corpo praticamente em contato com o meu. Então me encaixo mais ainda, aproximando meus lábios ao seu ouvido, acompanhando a canção em trechos que eu queria que ela se lembrasse posteriormente. Ela se afasta para olhar em meus olhos, e é neste instante em que chega o trecho da música que diz. "É como se eu estivesse me apaixonando, nós estamos nos apaixonando...". E como se fosse à deixa perfeita, aproximo meus lábios dos dela, sentindo seu hálito quente e sua boca, finalizando o trajeto até a minha, fazendo com que eu perdesse os sentidos e a direção, em um beijo intenso e apaixonante.
Assim que a musica acabou, o beijo finalizou junto. Trocamos olhares, e eu aproximei meu rosto do dela, apenas para sentir seu cheiro.
─ Eu vou voltar para te ver, Lisa. Eu prometo. ─ Digo isso, beijo sua testa e caminho em direção ao Marcos, que já está na porta.
Na saída, marcos não tirava os olhos de mim, e o sorriso idiota do rosto enquanto caminhava. Eu olhava apenas para frente. Estávamos indo em direção ao ponto de ônibus. O sol já despontava e coletivos são excepcionalmente mais baratos. Eu poderia ter dito qualquer coisa, pois já conhecia aquele trajeto, mas preferi ficar em silêncio até tudo acontecer. Como Marcos não estava olhando para frente, ele tropeçou em uma falha da calçada, e tentou se equilibrar instantaneamente... Sendo em vão. O desfecho foi ele batendo com a testa numa placa com tanta força, que onde ele bateu amassou. Segurando ao máximo o riso, sequer parei minha caminhada para falar
─ Cuidado... Tem um degrau.

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