Quarenta e nove.

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"No fundo sempre fomos bons amantes." 

EMANUELA.

Quando acordo sinto braços fortes me abraçarem, e não preciso de muito esforço para saber que é Harry. Não sei como deveria realmente me sentir, principalmente depois de tudo que aconteceu a noite passada, mas eu sinto um alívio enorme em saber que ele está aqui mesmo depois de tudo.

Tento me mexer sem acordá-lo, mas, é humanamente impossível, eu poderia jurar que ele passou cola em nossos corpos de tão juntos que eles estão.

- Harry. - Passo meus dedos pelo seu braço e um barulho escapa de sua boca indicando que ele acordou. - Preciso ir ao banheiro.

Ele permite que eu me mexa e os seus olhos me analisam como se eu fosse um predador pronto a atacar.  Ele precisa saber que eu não faria qualquer coisa para magoa-lo, não depois da noite infernal que eu tive a partir do momento que ele saiu por aquela porta.

Corro até o banheiro e aproveito para tomar um banho e fazer minha higiene matinal. Passo pelo quarto para ir até o closet e vejo Harry sentado na beira da cama, ele tem os braços apoiados no joelho e suas mãos afastam seu cabelo da testa enquanto seus pés batem no chão fazendo um barulho irritante.

Ele me olha, mas eu continuo meu caminho até o closet. Escolho um vestido branco solto, faço um rabo de cavalo e calço um chinelo antes de voltar para o quarto.

Harry continua no mesmo lugar fazendo o barulho irritante com os pés.

- Você quer tomar café? - Eu sinto uma necessidade de tornar o clima menos pesado, principalmente pelo fato de eu ter deixado as coisas assim.

- Na verdade, eu queria conversar com você. - Ele me olha como se esperasse que eu a qualquer momento arranque os cabelos.

- Agora? Eu realmente preciso comer alguma coisa. - Não comia desde o dia anterior e sentia que a qualquer hora iria desmaiar.

- Tudo bem. Eu posso tomar um banho?

- Vai lá.

Desço as escadas e suspiro ao não encontrar ninguém. Procuro por algo na geladeira e não encontro nada pronto, então decido fazer sanduíches. Coloco os sanduíches acompanhado de suco de laranja no balcão e espero por Harry.

Ele desce as escadas vestido em uma calça preta e uma blusa branca e senta no banco ao meu lado. Ele brinca com os furos da sua calça enquanto eu espero que ele fale.

- Então ?! - Nós dois falamos juntos e rimos.

- Você pode falar. - Eu digo.

Eu estou mais sem jeito perto dele do que na primeira vez que dormi na casa dele.

- Bom. Eu não quero que você leve a mal ou qualquer coisa assim. É só que.. Ontem, quando eu sai daqui eu procurei uma amiga. - Ele para e eu suspiro. É um pouco difícil não pensar em várias possibilidades. - Bom... Eu a conheci na faculdade e na época ela sofreu um aborto espontâneo. Ela passou por todas essas coisas e enfim. Por isso, eu a procurei, eu queria entender melhor o que você está passando, eu sei que eu posso ter agido como um inconsequente, enquanto você estava carregando toda a dor da perda. Por isso eu a procurei, eu expliquei o que eu sentia e tudo. E ela pediu pra conversar, ela quer te ajudar, claro, se você aceitar. Eu só.. Eu achei que poderia ser bom pra você. - Eu estou surpresa, Harry não cansa de me surpreender.

- Eu.. Eu não sei.. Não sei se quero falar sobre isso agora.

- Se você não quiser, tudo bem. - O desapontamento é tão claro na voz e na expressão dele que eu não posso ser egoísta a ponto de negar.

Proíbida pra mim (H.S)Where stories live. Discover now