Setenta e dois.

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"Se você quiser chorar ou desmoronar Vou estar lá para te abraçar"

Emanuela.

A terça feira chegou e eu me sentia como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Minha cabeça doía ainda mais do que o dia anterior e a dor no corpo conseguia ser ainda mais forte - Que a dor de cabeça-.  Apesar de toda a dor e a vontade de ficar na cama pelo resto do dia, acabei tomando um banho e vestindo o uniforme, vesti um moletom de Harry por cima e nós seguimos rumo a escola. Ele se preocupou durante todo o caminho e me perguntava se eu queria ir para um hospital ou até mesmo voltar para casa, mas eu insisti em ir. Na segunda feira, Louis sumiu durante todo o dia, Harry estava em um compromisso com a banda e eu fui obrigada a ficar sozinha, as palavras de Anne, a sensação  de que algo de ruim aconteceria também estava lá, e eu chorei durante a noite toda, e eu tinha certeza que se eu ficasse em casa outra vez, com o silêncio e as lembranças de tudo que aconteceu nos últimos dois dias,  seria a gota dágua para que eu chorasse outra vez. Assim que Harry estacionou o carro, pequenas gotas de chuva começaram a cair, nos obrigando a correr o mais rápido possível até a parte de dentro da garagem, o que impossibilitou uma despedida como de costume, apenas trocamos sorrisos e depois de alguns minutos ele me enviou um SMS.

" Me promete que vai se cuidar? Se sentir qualquer dor, ou algo do tipo, me ligue e eu darei um jeito de te levar até o hospital. Eu te amo."

O sorriso brotou em meu rosto no  segundo em que li.
Minha primeira aula foi de História e eu apenas sentei em meu lugar habitual e existi enquanto professores entravam e saiam da sala falando e falando. Mas quando chegou o 4° tempo, um enjôo forte fez com que um arrepio percorresse todo meu corpo. A única coisa que eu pensei em fazer, foi jogar um papel em Josh, apesar de não estarmos nos falando muito bem desde o último acontecimento, ele era a pessoa mais próxima a mim naquela sala.

- O que você tem? - Ele sussurrou.

- Eu preciso sair daqui. Acho que minha pressão está caindo. - Disse com dificuldade.

Em alguns segundos ele estava ao meu lado, segurando minhas coisas.

- Você consegue andar?

- Sim.. Só me segura, pra não correr risco. - Ele  abraça minha cintura e nós começamos a andar para fora da sala.

Todos nos olhavam, Josh fala alguma coisa para o professor que apenas assente e volta a dar a aula. Os corredores estavam vazios e eu agradeci a Deus por isso, tudo que eu não queria eram pessoas me vendo mal e fazendo suposições.

- Você quer ir até um hospital? Ou prefere que eu te leve até a enfermaria?

- Me leva a enfermaria. O mais Rápido, por favor.

Meu corpo para instantaneamente ao ouvir vozes pelo corredor, mas não são vocês qualquer. Harry e Hayley conversavam animadamente encostados a uma das colunas. Harry segura um livro na mão e ela o olha como se olhasse para um bolo de chocolate. Os olhares se viram em nossa direção, Hayley dá um sorriso provocativo e Harry arqueia uma sobrancelha, com uma carranca, eu apenas ignoro, um arrepio percorre meu corpo e o enjôo aumenta e eu literalmente corro em direção ao banheiro. Depois de colocar tudo para fora e puxar a descarga, sento  no vaso e tento amarrar meu cabelo, mas o máximo  que eu consigo é um coque mal feito.

- Emanuela? - A voz dá enfermeira Beatrice soa pelo banheiro.- Você está aí?

- Aqui no último banheiro. - Saio do mesmo e aperto o moletom contra meu corpo.

- O que houve? Como você está se sentindo?

- Eu.. - O enjôo volta e eu corro até o vaso, vomitando outra vez.

Quando não tenho mais nada para vomitar, molho meu rosto com a água dá pia, mas me arrependo ao sentir um frio que chega a doer.

- Você consegue andar? - Concordo com a cabeça. - Vamos até a enfermaria.

Ela anda em passos lentos e eu acompanho, quando chegamos a lado de fora do banheiro, Josh nos espera com os braços cruzados, ele me olha atentamente, do outro lado, Harry e Hayley nos encaram, eu me sinto um animal em um zoológico.

- Como você está? - Josh pergunta.

- Me sinto um lixo.  - Faço uma careta. - Me ajuda a caminhar até a enfermaria?

- Claro. - Ele abraça minha cintura e  nós caminhamos o mais devagar possível, eu nem acredito que cheguei até a enfermaria, tenho uma vontades terrível de me jogar no chão, mas Josh é mais rápido que eu, e me senta na maca.

Eu estou suando frio e minhas mãos estão mais brancas que um pedaço de papel.

- Respira fundo e me dá seu braço direito, por favor. - Faço o que ela pede.

O tempo parece se arrastar enquanto os números sobem e descem de forma alternada no medidor de pressão. Minha testa está literalmente pingando. E minha vista está escurecendo. Eu não vou aguentar muito tempo.

Um alívio percorre meu corpo quando escuto o barulho do medidor, não é como se aquele barulho anunciasse o fim de todos os meus problemas, mas é reconfortante saber que ela irá ao menos  poder dizer alguma coisa.

- Meu Deus, Emanuela. A sua pressão está super baixa. Nós precisamos te levar agora mesmo até um hospital. - Beatrice diz, preocupação gritando em seus traços.

- Eu estou sem carro, precisamos chamar alguém para levá-la até um hospital. - Beatrice alarma, e sai dá pequena sala.

Fecho meus olhos e tento  ficar os mais calma possível, entrar em pânico só vai piorar a situação. Apenas respire Em. Apenas respire. Imagino a voz de Harry faltando essas palavras e minha respiração se torna mais fácil. As mãos de Josh acariciam minha mão e eu vou ficando mais calma aos poucos.

- Emanuela, droga. O que aconteceu? - Abro os olhos ao ouvir a voz de Harry gritar.

- Você precisa levá-la até um hospital agora, ou as chances de que algo de ruim aconteça, são grandes. - Beatrice diz.

Josh tenta me carregar, mas Harry é rápido em gritar.

- Não encosta nela. - Ele parece perceber o que disse, pois tenta de corrigir. - Você não sabe o que eles dizem? Se você carregar do jeito errado, pode causar sequelas, eu faço isso por você. - Ele abraça meu corpo e puxa para o seu colo. - Eu cuido dela daqui para frente. - Ele informa a  Beatrice.

- Eu vou com vocês... - Ela tenta.

- Não se preocupe, eu estou liberado depois daqui. Eu posso resolver tudo lá. Eu aviso qualquer coisa.

- Você me avisa mesmo. - Ela se rende.

Beatrice sempre foi uma ótima pessoa, e tenho certeza que ela já ouviu boatos sobre Harry e eu pelo corredor, mas ela finge que não sabe, ou realmente não liga. Mas eu sou grata a ela, de qualquer forma.

- Eu vou com vocês. - Josh diz.

- Não, você não vai.

- É claro que eu vou, Em é minha amiga e eu vou estar com ela em todos os momentos. - Droga, Josh.

- Não, você não vai. Você está em horário de aula e você não pode sair. Eu irei com ela e farei o quê for preciso.

- Harry... - Eu tento, mas não tenho forças o suficiente para falar.

- Ela está muito fraca, você precisa ir logo, ou as chances de acontecer algo pior, são maiores.

- Nós estamos indo.

Harry caminha o mais rápido que consegue comigo em seu colo, e eu apenas tento me manter acordada. Ouço a porta bater e o motor faz barulho em segundos.

- Harry... Eu... - Tento, mas não tenho forças o suficiente.

- Não se esforça amor, nós chegamos lá em alguns minutos.

E minha vista escurece de vez e aos poucos eu vou sendo tomada por uma escuridão assustadora.

.....

Proíbida pra mim (H.S)Where stories live. Discover now