11 - ENTREVISTANDO ADRIEL

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- Você pode me ajudar aqui?

Eu não podia acreditar! Era a primeira vez que Adriel se direcionava a mim!!! Obviamente tive ajuda do destino que, decidiu por nossa aula em dupla. Helena passava as instruções e nós a executávamos. Seria um bom dia para aproximação e, quem sabe, aprofundar meu artigo.

- É claro... – apressei-me em ajudá-lo.

Helena decidira promover um programa com assento em alguns steps. Como Adriel poderia perder o equilíbrio facilmente, seria mais seguro... Ainda que, a atenção a ele voltada fosse quase que total naquele dia, pelo menos de minha parte. Helena se distraia por diversas vezes...

Após sentar-se, halteres em seus tornozelos foram colocados, enquanto eu trabalhava com um halter flutuante. Adriel se concentrava no que estava fazendo e eu, ao lado dele, não pude deixar de notar a intensidade de seus olhos amêndoas, que fitavam o movimento que executava. Aproveitando-me das várias distrações de Helena, parti para o interrogatório... Contido, claro!

- Faz muito tempo que você frequenta esta academia? – Perguntei do modo mais sereno que pude. A princípio pensei que ele não tivesse ouvido e, após quase 60 segundos, quando eu estava prestes a perguntar novamente, para minha total surpresa, ele respondeu e sem bufar:

- Doze anos... – os olhos continuavam concentrados no exercício, sua voz baixa e arrastada.

Eu sabia que não podia esperar um longo discurso. Mas, o que obtive foi mais do que pensei. Prossegui, é claro:

- Que legal. Você deve conhecer muita gente – expressei-me, de forma animada! – Também deve gostar muito de natação...

Desta vez ele suspirou e olhou para o alto, estacando o exercício. Ao me fitar, senti como se congelasse no lugar. Era a primeira vez que ele fazia aquilo diretamente e, não parecia um bom sinal. Ele me disse em seu tom casual de voz, contendo um certo rancor, então:

- Não tenho escolha! – E voltou para o exercício.

Parei por uns 10 segundos o que eu estava fazendo. Helena não estava mais, definitivamente, prestando atenção em nós. O silêncio tamanho era, que eu podia ouvir o tic e tac do relógio que ficava na parte superior da parede, no centro, com nitidez. Se eu não fosse uma garota agitada, talvez essa falta de diálogo me desse sono, mas não ficaríamos assim por muito tempo. Eu ainda aproveitaria aquele momento.

- Parece que todos aqui te conhecem. Você é muito amigo do Jadir da nossa turma? – Eu não podia perder essa. Jadir ficava mais concentrado no Adriel desde que entrara para nossa turma do que eu e era seu principal parceiro de atividades.

Adriel, ao invés de se mostrar irritado, franziu o cenho. Mais uma vez me fez sentir como se eu fosse alguma espécie de alienígena. Afinal, o que aparentemente, o mundo sabia, mas eu não?

- Eu entrei nessa turma por causa dele – falou, fitando o chão. Eu havia imaginado algo assim, afinal, depois d'eu comentar com ele, Adriel foi para a nossa turma, mas como ele havia conseguido tal feito? Ah, vou perguntar.

- E como ele conseguiu te fazer ingressar conosco?

Para minha surpresa, ele respondeu rapidamente, porém ainda mantendo seu casual modo de falar e fitar outro lugar:

- Ele é um dos meus fisioterapeutas...

Era algo pelo qual eu não esperava, mas eu tinha que continuar. Segurando o espanto, prossegui:

- Um dos? O que você tem, afinal de contas, para precisar de tantos... cuidados? – Hesitei na pergunta. Pensei que ele se irritaria comigo, mas, após uns 30 segundos, ele respondeu:

- Possuo uma doença que está me debilitando e não tenho conseguido executar muitas tarefas que são normais para qualquer pessoa saudável. Afeta o meu modo de andar, modo de falar, modo de agir... – Respirou fundo, colocou a mão no peito e prosseguiu – Sinto meu coração bater a todo o momento e as mínimas tarefas me cansam, como esta conversação toda. – Esta última frase ele a dirigiu a mim, fitando-me com olhar enervado. Eu fitei a minha frente rapidamente. Mas, cinco segundos depois, voltei-lhe a atenção, tentando amenizar a situação, perguntei:

- Você parece gostar de anotar coisas... Sempre que o vejo fora da piscina, você está com um caderno e lápis. O que você tanto escreve?

Adriel abriu a boca uma vez, mas desistiu. Acho que eu não obteria mais respostas dele naquele dia, e a aula já estava terminando.

Embora obter outra oportunidade como aquela parecesse tarefa difícil, outra por certo apareceria e eu estava pronta para ela. Se não surgisse, eu a criaria.

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Estela não desistirá facilmente. Podemos aguardar mais desses momentos, por certo, para os próximos capítulos. Ela conseguirá amenizar o furor de Adriel? Comentem amigos!!! ;)

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora