41 - O QUE É PIOR DO QUE A MORTE?

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Nem percebi o momento em que peguei no sono. Dormi ali mesmo, na rede, e não tive nenhum outro sonho conturbado. Isso, talvez, poderia ter me ajudado para acalmar os sentidos, porém, ao contrário, apressei-me inquieta em verificar o celular que repousava na base de meu estômago, por fora, claro; eu ainda não o tinha engolido - mas estava por um fio. 

Não havia mensagens... Nem mesmo da operadora! Isso não era nada confortador, e eu não tinha coragem em reescrever para Daniel. O que eu iria fazer? Bem, o jeito era esperar, mas o que fazer enquanto isso?

Decidi voltar para dentro, afinal, se minha mãe soubesse que eu passara a noite na varanda... Voltei a ser criança.

Higienizei-me, tomei café, troquei uma ou duas palavras com meus pais que tagarelavam sobre algo da qual nem me atentei e voltei para o quarto. Eu já estava há quatro dias na fazenda. Havia combinado com meu pai em ficar uma semana antes de voltar, mudei de ideia no caminho e mudei de novo e de novo e de novo... O que tem me acontecido? Quantas vezes terei que me questionar até conseguir me compreender, ao menos um pouco? Mikaela me responderia? Eu conseguiria vencer meus medos por amor?

É claro que gostaria de voltar logo, ver Mikaela, ainda que no hospital, Jadir, Emerson, minha tia, o pessoal do trabalho e faculdade, mas principalmente, ver Adriel. E Daniel...? Por que não me respondia? Será que estava tentando decifrar a mensagem?

Eu sei que não devia, mas não consegui me desvencilhar do celular. Eu iria pirar se não recebesse logo um sinal de vida. Decidi, por fim, mandar uma mensagem para Daniel. A favas com a coragem:

"E então? Pode me dizer algo sobre o soneto?"

Hesitei, mas enviei. Eu já estava na chuva, já estava molhada, o que eram algumas gotas mais?

Alguns minutos depois me veio uma resposta. De súbito arqueei minhas costas, até estalei uma ou duas vértebras dorsais e li o seguinte:

"Está em nosso idioma, porém com algumas letras trocadas para o coreano."

Eu fiquei aliviada em receber aquela mensagem. Ainda que "coreano" me era de todo uma língua estranha. Ele devia ter se empenhado para desvendar... Talvez já o soubesse! Antes que eu pudesse perguntar, insistir, suplicar, eis que me responde em outra mensagem enviada muito pouco depois da primeira:

"Eu sei o que significa. Mas, não poderei falar por aqui. Quando você voltar eu te direi. Volte em breve!"

Ele estava finalizando a conversa... Eu tinha que voltar! Mas, eu estava com medo... Tinha medo de voltar e me surpreender com notícias ruins. "Eu passaria por algo pior do que a morte" – dissera Mikaela em meu sonho. O que poderia ser pior do que a minha morte? Eu sabia o que era, mas não tinha coragem de afirmar para mim... Na minha atual situação, algo que jamais pensei que me aconteceria, um mundo sem ele não fazia sentido.

***

Nem percebi o momento pelo qual cochilei. Na verdade, para eu estar naquele mundo novamente, eu estava em um sono bem pesado, do qual eu só conseguiria sair se não o suportasse mais ou, o que eu estava disposta, desvendar o labirinto de brancos.

Antes mesmo de qualquer feixe de luz me chamar, eu segui minha orientação. Eu estava mais forte, mais confiante, conseguindo identificar muito mais tons de cor do que antes. Segui adiante e logo chamei:

- Mikaela? Apareça, por favor! Você precisa me ajudar. Preciso desvendar esse enigma. Preciso saber o que você quer me dizer!

Eu nem muito andei, como sentira das outras vezes, e a ouvi:

- Eu estou aqui Estela – a voz harmoniosa veio por detrás. Rapidamente eu me virei e a vi, de frente para mim, com os olhos vendados. Brancos, vários brancos, em todo aquele infinito, em todo aquele mundo conturbado que minha cabeça estava produzindo.

- Fale-me, por favor! – Eu me aproximei dela, muito mais do que antes, mas não pude tocá-la. Algo me impedia e desta vez eu podia ver o que era. – O que você quer me dizer?

- Volte Estela! Volte.

- Voltar? Para onde? Para perto de Adriel? – Eu estava nervosa, enquanto ela mantinha a calma.

- Volte, depressa. Do contrário nunca mais você ouvirá o coração dele bater.

Inflei as órbitas oculares em espanto. Podia sentir o aperto em meu peito e meus joelhos fraquejando. Ainda estendi minha mão até Mikaela, tentando retirar o véu que nos separava. Com muito esforço e me encolhendo, consegui lhe tocar o ombro.

Ao invés de nos perdermos no invólucro negro da morte, foram os vários brancos que nos cercaram.

Eu despertei! Estou viva!!!

Antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, ouvi o som de uma buzina. Minha tia estava lá! Era a minha deixa... Eu iria voltar naquele mesmo instante. Eu precisava de Adriel, assim como ele precisava de mim; eu sei disso... agora eu sei!

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Então chegue a tempo Estela...

Até os próximos dias amigos!!! Estamos em reta final!!! Muito obrigada por acompanharem esse drama! <3

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora