13 - VOCÊS SABEM O MEU NOME

4.8K 486 67
                                    

Adquira "Debilitado" na Amazon.com.br – com a versão estendida!

~~~~

Capítulo maior para vocês. Agradeço por esperarem e pelos conselhos!!! Espero que gostem. <3


Achei que seria mais fácil, mas me enganei completamente. Adriel ficou calado durante todo o percurso, indo atrás do banco do passageiro. O irmão mais novo, que acabei descobrindo se chamar Daniel, foi a frente e o vizinho, denominado Vando, atrás do meu banco.

Quando lhes ofereci a carona, Daniel e Vando demonstraram muita animação, o que, como dá para imaginar, não foi exposto por Adriel que cerrou o cenho. Ainda assim, Daniel mostrou-se solícito e se pôs a falar durante a viagem:

- Não ligue para o carrancudo do meu irmão – falou Daniel jovialmente. – Natiel e eu somos totalmente diferentes.

Ainda atenta a estrada, lhe questionei:

- Natiel?

- Ah sim – falou batendo na testa. – É o nosso irmão do meio e eu sou Daniel, o de trás é o Vando, nosso vizinho. Natiel está em outras atividades...

Queria perguntar se ele tinha do mesmo problema que Adriel, mas não vi como fazer aquilo de maneira que não soasse rude. Então, deixei essa questão por hora... Talvez, poderia abordar outra.

- Vire a esquerda! – apontou-me Vando, do banco de trás. Estava tão escuro que a visibilidade, mesmo com os faróis altos, não era das melhores. Tomando todo o cuidado possível, dirigia a pouco mais de 40 km/h e me atentava no feito. Afinal, eu não era tão habilidosa na direção ainda...Ainda assim, eu precisava saber mais! Então perguntei o que logo me veio:

- Você também participa de atividades na academia, Daniel?

Prontamente ele respondeu:

- Frequento a hidroginástica junto com o Natiel e, enquanto o Gado faz aula, faço Yoga.

- Gado? – Perguntei de súbito. Pude perceber, pelo retrovisor, uma ajeitada incômoda de Adriel. Por um momento nossos olhares se cruzaram e eu logo me desviei, atentando-me a estrada e alertando os meus ouvidos ao irmão mais novo.

- Sim! É o apelido desse sujeito aqui atrás...

- Quando queremos irritá-lo o chamamos assim... – falou Vando zombeteiramente e, muito possivelmente, fitando Adriel que parecia estar se aborrecendo.

- Também quando queremos lhe chamar atenção. – disse Daniel que olhou para trás, na tentativa de também fitar o irmão.

Olhei rapidamente para aquela cena íntima familiar e não resisti, pus-me a rir. Vando e Daniel acompanharam, Adriel, por sua vez, empertigou-se e virou para a direita a fim de fitar a paisagem e permanecer alheio a conversa. Decidi tentar perguntar novamente, tentando lhe cutucar:

- E quanto ao caderno? Por que Adriel escreve tanto?

- Ah ele é assim há muito tempo – falou Daniel em seu tom casual descontraído. – Sempre quando não tem muito o que fazer, ele fica escrevendo no caderno. Ele diz que o relaxa...

- Mas, não deixa ninguém ver o que escreve – comentou Vando alegremente. – Deve ser para não assustar as pessoas com a letra terrível que tem.

Eu sorri. Adriel permanecia quieto, parecendo se ocultar em um mundo próprio. Continuei:

- Escrever faz parte do que eu sou – falei ainda sorrindo. – Faço Jornalismo!

Acho que ele me ouviu, pois o ouvi mudar de postura. – O que você escreve?

Tentei fita-lo pelo retrovisor, mas não podia ficar muito tempo assim fazendo. Pareceu-me que tentou olhar para mim, mas logo desviou, encarando o banco a frente. Daniel interveio:

- São coisas pessoais. Ele não diz a ninguém... – disse em meio a pequenos risos.

- Ah... – suspirei desapontada. Adriel encarava o chão, Daniel e Vando começaram a falar sobre futebol e logo, chegamos!

O percurso até ali realmente não fora nada fácil. Passamos por ruas estreitas, asfaltos, pouco asfalto, paralelepípedos, terrenos acidentados... Seria um martírio ir até ali de transporte público e andar 25 quilômetros estava fora de questão. O que eles teriam feito se eu não tivesse ajudado? Chamado um táxi? Talvez não topassem... A vizinhança não aparentava ser má, mas passamos por lugares que poderiam ser perigosos. Aliás, eu teria que voltar por esses lugares e... Sozinha! No entanto, eu não estava pensando nisso quando os deixei.

Rapidamente saí do carro a fim de ajudar como eu podia. Sabia que Adriel não conseguia se sentar ou se levantar sem ajuda. Sorte que o carro tinha quatro portas e sua estrutura era mais alta, comparada a distância do solo, do que os carros comuns de passeio. No entanto, eu nada fiz. Vando descera de modo mais veloz que eu e já pôs a auxiliar Adriel, logo acompanhado por Daniel. Comecei a admirar mais os dois que pareciam fazer tudo com muita disposição, o que muitas vezes não era retribuído por Adriel.

Ao colocarem-no em pé ele os dispensou com os braços, pegou sua mochila e foi em frente, em direção ao sobrado onde vivia e virou-nos as costas.

Daniel chamou-me a atenção, por fim:

- Muito obrigado, Estela – falou sorrindo e me estendendo a mão.

- Sim. Não sabemos o que faríamos se você não tivesse nos auxiliado – Vando, acompanhando a reverência do mais novo e logo indo até Adriel.

- Não foi nada – disse sorrindo e sendo sincera. – Se eu puder ajudar mais, é só me procurar. Agora, acho que devo ir...

- Pegue a via expressa – falou Daniel. – É mais demorado, mas é mais movimentado. Agradecemos muito mesmo e desculpe pelo entojado do meu irmão. Ele é assim mesmo e...

- Não se preocupe – apressei-me em dizer. – Vejo vocês na quinta, certo?

- Claro. Até e muito obrigado mesmo – o sempre jovial Daniel.

Acompanhei-os com o olhar e estava indo em direção ao carro quando estaquei. Percebi que Adriel parara também, devia estar se despedindo de Vando, que logo saiu, e Daniel se adiantava para abrir o portão da casa... Foi aí que ele se virou claudicando, lentamente e olhou para mim. Não estávamos tão distantes, então pude notar um sibilar "obrigado".

Daniel que estava distraído abrindo o portão, enfim o conseguiu e chamou Adriel, acenou-me em despedida e eu despertei. Adriel se voltou para Daniel, que não aceitou a ajuda do irmão para entrar. Então, eu voltei para o carro...

Acho que eu estava conseguindo progredir e poderia começar o meu artigo. Mas, curiosamente, percebi que dele eu já não me importava muito. O artigo era algo muito pequeno naquele instante... O que estava acontecendo, afinal de contas? Acho que eu teria de admitir que Adriel estava se tornando mais importante para mim do que eu poderia imaginar...

Agora era voltar, devolver o carro de Helena e esperar até quinta! Porém, será que eu conseguiria esperar tanto?

Foi quando de súbito freei e senti meu coração pulsar mais forte. Eu estava tão distraída com as ações de Adriel que não reparei que eu não havia me apresentado... Como Daniel sabia o meu nome?

***


Como ele sabe o nome da Estela? Parece que ela não é a única que fica atenta aos passos alheios... Não percam o próximo capítulo. Tomara que a turma retorne e nos conte tudo o que aconteceu e que Estela resolva os seus conflitos internos...

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioWhere stories live. Discover now